Literatura | Reportagens

As infinitas conexões da 37ª Feira do Livro de Canoas

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As infinitas conexões da 37ª Feira do Livro de Canoas Lilian Rocha. Foto: Alisson Moura

A 37ª Feira do Livro de Canoas começa nesta sexta-feira (1º/10), às 11h, em formato híbrido, e segue até 12 de outubro. Realizado pela Secretaria Municipal de Cultura de Canoas, com curadoria de Luciano Alabarse, o evento celebra a obra de Josué Guimarães – que completaria 100 anos em 2021 –, homenageia os psicanalistas Diana Corso e Mário Corso e tem como patrona a escritora Lilian Rocha – primeira mulher negra a ocupar essa posição na feira, cujo tema é 26 Letras, Infinitas Conexões.

“A cultura sofreu muito durante a pandemia. Por isso, é muito importante que os livreiros voltem à Praça da Bandeira. Uma oportunidade de novamente nos cruzarmos, nos olharmos e valorizarmos a cultura, tão primordial para a sociedade se reconhecer como humana”, afirma Rocha, destacando o espaço que abrigará as atividades presenciais da feira, que será ocupado por 20 bancas de livreiros da cidade.

Serão mais de 80 atividades, incluindo debates, shows, sessões de autógrafos, contação de histórias e aulas-espetáculo. A programação – confira aqui – foi conceituada por tipos de escritas: criativas, negras, resilientes, de mulheres, poéticas, do fim do mundo, distópicas, midiáticas, urgentes, clássicas e de livraria. Esses temas pautam as sessões Gala, que ocorrem diariamente às 19h.

Mais de 90 escritores participarão, incluindo nomes internacionais como as portuguesas Alexandra Lucas Coelho e Isabela Figueiredo e a ganesa Ayesha Harruna Attah. O time de autores brasileiros inclui Antonio Xerxenesky, Claudia Tajes, Daniel Galera, Eucanaã Ferraz, Eduardo Bueno, Heloisa Buarque de Hollanda, Jeferson Tenório, José Falero, Luís Augusto Fischer, Marcelo Labes, Paula Teitelbaum, Paulo Scott, Stenio Gardel e Toninho Vaz.

A sessão “Escritas Negras”, no sábado (2/10), às 19h, reúne Jeferson Tenório, Paulo Scott, Richard Serraria e Tônio Caetano, com mediação da jornalista Silvia Abreu. “São propostas que se aproximam em termos de ancestralidade, mas que trazem a diversidade das pessoas e escritas negras”, observa Caetano a respeito da mesa. É a segunda participação dele como autor em feiras literárias – no ano passado, o escritor integrou a programação da Feira do Livro de Porto Alegre –, reconhecimento que advém da publicação do livro de contos Terra nos Cabelos, vencedor do Prêmio Sesc de Literatura 2020, um dos mais importantes do país.

No domingo (3/10), às 20h30, o Recital Luiz Melodia reúne o escritor Toninho Vaz – autor de Meu Nome É Ébano: A Vida e a Obra de Luiz Melodia –, o compositor Renato Piau – parceiro de Melodia – e a cantora Adriana Deffenti.

Na segunda-feira (4/10), às 19h, a sessão “Escritas de Mulher” reúne Claudia Tajes, Heloisa Buarque de Hollanda e a homenageada Diana Corso. “Talvez possamos dizer que às mulheres ainda cabe a missão de uma poética de testemunho”, reflete Corso. “Creio que ainda há muito a revelar, muito do que nunca pudemos dizer sobre nosso corpo – nascido ou sentido feminino –, sobre o lado obscuro, doido e doído da maternidade, sobre o que aprendemos comunicando-nos clandestinamente ao longo de séculos de sombras. Esta escrita feminina não deve ser calada na bem-vinda diluição das certezas sobre as identidades de gênero. Na maior parte do planeta e do tecido social, vivemos as mesmas trevas das nossas antepassadas”, completa a psicanalista.

Na terça-feira (5/10), às 17h30, a sessão “PCD Literário” reúne Rodrigo Mule, que tem paralisia cerebral, e Josué Stein Pedroso. “Minha professora pediu para eu escrever um texto sobre como me sinto sendo autista. Quando cheguei em casa, pedi para minha mãe escrever o que eu ditava. Quero transmitir a mensagem de que não tem problema ser autista. Todos somos diferentes”, afirma Stein, de apenas 10 anos.

A mãe do garoto, Giovana Cristina Stein Pedroso, conta que o filho gosta de criar histórias desde muito pequeno. “No segundo ano, ele já montava livrinhos. Os colegas aplaudiam, pediam autógrafos e o incentivavam a produzir mais histórias”, recorda. “Vejo a potencialidade de o texto dele ser trabalho em um consultório, com pais e em sala de aula, para que outras pessoas entendam como é o mundo do autista”, completa.

Ao longo de toda a programação, a Feira do Livro de Canoas também destaca a produção de escritores canoenses, como é o caso de Rosaide Gomes dos Anjos. Na quinta-feira (7/10), às 14h30, ela participa com Jairo Luiz de Souza da sessão “Literatura Infantil”. “Apresentar esse universo doce e mágico às crianças e jovens é proporcionar a eles, além de conhecimento, condições de argumentação, interpretação, comunicação e ainda estimular sua criatividade e imaginação”, explica a escritora.

No segundo domingo da feira, no dia 10 de outubro, às 10h, o Sarau da Patrona reúne Lilian Rocha e as escritoras Ana dos Santos, Carmen Lima, Delma Gonçalves, Fátima Farias e Taiasmin Ohnmacht. O encontro tem como centro o livro Travessias de Amanaã (Libretos), lançado neste ano pelas seis escritoras. A obra é fruto de encontros no Sarau Sopapo Poético, que deu origem ao projeto Arte Negra, criado pelo sexteto.

A pluralidade da produção literária de pessoas negras, apontada por Tônio Caetano, também é destacada por Rocha: “No Sarau da Patrona, traremos a diversidade dessas mulheres e suas narrativas – crônicas, contos, poemas, reflexões – , mostrando o quanto somos diferentes e, ao mesmo, permeadas pela ancestralidade que nos une”.

Aos 55 anos, farmacêutica e analista clínica há 33 anos, Rocha é autora de três livros – A Vida Pulsa – Poesias e Reflexões (Alternativa, 2013), Negra Soul (Alternativa, 2016) e Menina de Tranças (Moderna, 2018) – e já participou de cerca de 50 antologias brasileiras e portuguesas.

Mais sobre a Feira do Livro de Canoas:

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