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Jards Macalé ganha biografia

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Jards Macalé ganha biografia Foto: André Seiti/Divulgação

Um artista que escapou de todas as classificações, até mesmo a de “maldito”. Dono de um perfil único, onde o rigor de sua prática musical se entrelaça com um olhar anárquico para a cultura e seus ícones. Em poucas palavras, este é Jards Anet da Silva, que ganha sua primeira e alentada biografia, Jards Macalé, Eu Só Faço o que Quero (Numa Editora, R$ 70), assinada pelo jornalista e estudioso da MPB Fred Coelho.

Para o autor, “esse livro é um ensaio biográfico dedicado aos labirintos entre a vida, a obra e o tempo de Jards Macalé. Maldito, marginal, anárquico, rebelde e outros termos desse tipo se sucederam por longo tempo em entrevistas e matérias jornalísticas dedicadas a ele. Tornaram-se estigmas para obras de músicos fundamentais, permitindo que elas fossem situadas apenas na superfície de um julgamento reducionista”.

O que o leitor vai encontrar no livro é a história de um músico que se confunde com a própria história da música popular brasileira a partir de 1960. Uma trajetória riquíssima de encontros e desencontros, em que ele se torna aos poucos um artista com a capacidade de se reinventar em personagens, um ator de si mesmo, inclusive atuando de fato no cinema, além de um ativista político das causas de músicos, como os direitos autorais.

Fred conta que entre a ideia inicial, as primeiras conversas e o ponto final no livro foram quase três anos. “Comecei a procurá-lo no final de 2017, iniciamos as entrevistas em 2018, ele teve um problema de saúde, tivemos que interromper os papos e retomamos no verão de 2019. A pandemia prejudicou muito o processo de pesquisa porque Jards tem um arquivo imenso e eu acabei não podendo ver tudo que continha por conta do isolamento social e da idade dele etc.”

É um livro de um historiador, de um crítico cultural e de um fã, que buscou construir uma narrativa situando Jards Macalé no centro de diversos eventos decisivos da nossa música e da nossa arte. “Um ensaio biográfico que não teve a pretensão de dar conta da vida completa de alguém ainda vivo, em movimento e sempre em transformação. O foco total é o personagem inventado por e para Jards Macalé, mais do que a vida privada de Jards Anet da Silva”, finaliza Fred.

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