Horizontes e Precipícios, segundo álbum do cantor, compositor, pianista e produtor Yanto Laitano (Bili Rubina,Ex-Machina) completa uma década de existência sem perder o frescor e a novidade de sua proposta estética e sonora.
O disco foi o primeiro álbum de rock de Yanto após o longo período em que esteve envolvido com música de vanguarda em seu mestrado na Universidade Federal do Rio Grande do Sul e no notório IRCAM em Paris ou criando trilhas sonoras para filmes e documentários. Essa bagagem musical adquirida manifestam-se nas 12 faixas, seja nos arranjos sofisticados, seja na busca minimalista pela simplicidade ou na elaboração de uma concepção original baseada no rock sem o seu instrumento mais característico: a guitarra.
Tudo isso somado à bateria de Gustavo “Prego” Telles (Pata de Elefante), e as criativas linhas de baixo, às vezes carregadas de distorção, do experiente Luciano Albo (Os Cascavelletes), e ao piano e à voz suave de Yanto faz a sonoridade do disco tão coesa quanto sui generis. Poeticamente, as letras, conceitua o músico, por vezes remetem à “leveza e melancolia dos largos horizontes dos pampas quanto à força e a fúria dos precipícios”.
Precipícios, conceitua o artista, que, em parte, dividem (às vezes afastam) o Rio Grande do Sul do resto do país, dos precipícios das grandes construções urbanas e dos precipícios de idéias. O existencialismo, por sua vez, é o tema central que permeia todas as canções do disco. Um existencialismo que divaga sobre conflitos internos, como em Meus Inimigos Caíram, ou explora o sentimento de não fazer parte de um determinado lugar ou de nunca estar onde se quer estar.
É caso também das músicas Eu Não Sou Daqui e À Beira de Um Precipício. Às vezes revestido de acidez e ironia, tal existencialismo, por outro lado, revela-se de uma leveza ecológica, como em Como Matar um Planeta, dedicada ao ecologista José Lutzenberger.
Paranaense radicado no Rio Grande do Sul, Yanto Laitano possui uma carreira múltipla que transita pela música erudita contemporânea e por diversos gêneros da música popular, com especial atenção para o pop e o rock.
Além de sua carreira solo, Yanto também esteve à frente das bandas Billi Rubina, Ex-Machina (música erudita de vanguarda) e a Orquestra de Brinquedos, cujo repertório, formado por canções tradicionais como O Trenzinho do Caipira, de Heitor Villa-Lobos, e Felicidade, de Lupicínio Rodrigues, entre muitas outras, é tocado por meio de instrumentos de brinquedo.
Laitano é considerado, ainda, o principal produtor de discos de música erudita do Rio Grande do Sul.