Nomade Orquestra comemora 10 anos no Agulha

Nascida em 2012 no ABC Paulista, a Nomade Orquestra comemora 10 anos de trajetória em turnê que desembarca neste domingo (22/1), às 21h, no Agulha – ingressos à venda. Mesclando elementos de jazz, funk, rock, dub, reggae e afrobeat, entre outras vertentes musicais, o grupo formado por 10 integrantes é um dos mais reconhecidos na cena instrumental que reúne bandas como a paulista Bixiga 70 e a porto-alegrense Trabalhos Espaciais Manuais.

“O brasileiro tem essa mania de tirar leite de pedra, e nós não somos diferentes. Viemos de uma região periférica e polo industrial. Subvertemos a lógica de ir trabalhar numa fábrica automotiva ou metalúrgica”, conta o baixista Ruy Rascassi. “Conseguir sobreviver de música e completar 10 anos é um ato de heroísmo. Estamos felizes de, mesmo após uma pandemia, celebrar 10 anos de banda, fazendo o que a gente ama”, completa.

A formação atual da Nomade Orquestra reúne Rascassi (contrabaixo), Ana Elisa Colomar (sax e flauta), Beto Malfati (sax e flauta), Bio Bonato (sax), Guilherme Nakata (bateria), Luiz Galvão (guitarra), Marco Stoppa (trompete), Marcos Mauricio (teclados e sintetizadores), Rafael Coelho (percussão) e Victor Fão (trombone).

“No Brasil, a música instrumental sempre foi estigmatizada, assim como a cultura do jazz, como algo para a elite, mas é uma música do gueto. Na Nomade Orquestra temos conseguido quebrar essa barreira”, diz Rascassi. O músico compara a música instrumental a um quadro que permite inúmeras interpretações, estimulando a imaginação do público.

Ao comentar a discografia da banda, Rascassi traz à tona a imagem de uma árvore genealógica que tem como tronco o primeiro álbum do grupo, Nomade Orquestra, lançado em 2014, e o segundo, EntreMundos (2017), que mesclam a pluralidade de referências que caracteriza o conjunto.

Os “galhos” da árvore nômade crescem em 2019, com o lançamento de Vox Populi, Vol. 1, com participações vocais de Edgar, Juçara Marçal, Russo Passapusso e Siba. No mesmo ano, o grupo apresenta leituras instrumentais desse trabalho em Vox Machina, Vol. 1. “Nos provocamos a criar uma versão instrumental das músicas cantadas”, conta Rascassi.

Em 2022, brotou uma nova ramificação, Na Terra das Primaveras, com versões reggae de músicas da Nomade Orquestra. Atualmente, a banda trabalha em um novo álbum, que deve ser lançado ainda em 2023. “Voltamos à batida dos ensaios semanais e retomamos a convivência. Estamos numa fase de imersão, compondo, gravando e mexendo em composições que já estão encaminhadas”, conta Rascassi, empolgado com a retomada de shows e os novos trabalhos após o hiato da pandemia. “A primavera sempre há de vencer, ela sempre chega”, completa o músico.