Música | Notas

O que vale é o sonho

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O que vale é o sonho
Em 2017, a convite de Chico Saratt, redigi os textos de apresentação do CD e DVD Desgarrados, em que o cantor, compositor e violonista interpreta ao vivo vários dos clássicos de Mário Barbará, ao lado de convidados e do próprio homenageado. Foi uma honra indescritível para mim escrever sobre a importância desse ícone da música gaúcha em um trabalho que acabou sendo o testamento artístico de Barbará. Por conta da morte do genial autor de músicas como Desgarrados, Era uma Vez, Campesina, Colorada, Onde o Cantor Expõe as Razões de Seu Canto, Presságio, Xote da Amizade e Velhas Brancas, reproduzo aqui dois dos textos que escrevi para aquele lançamento. Agradeço novamente ao querido Chico pela oportunidade única que ele me proporcionou de celebrar um ídolo – que vai fazer muita falta na música e na vida. “As trajetórias musicais de Chico Saratt e Mário Barbará já se cruzaram muitas vezes ao longo de décadas. O fato de ambos serem de São Borja favoreceu evidentemente a aproximação – mas essa afinidade vai além do óbvio e deita raízes mais fundas: os dois são artistas que se sentem à vontade com um pé em cada mundo. Fronteiriços, Saratt e Barbará sabem que as zonas limítrofes são mais interessantes quando encaradas como instância de união, não de separação. Gravado em Porto Alegre, Desgarrados passeia pelo primoroso cancioneiro de Barbará, pioneiro em borrar na cultura gaúcha a divisão estética entre campo e cidade. Herdeiro desse desembaraço em transitar do regional ao cosmopolita, do elétrico ao acústico, da tradição à modernidade, do rock ao xote, Saratt colocou para dançar juntas a bombacha e a calça lee: chamou músicos de diferentes estilos para homenagear o desbravador Barbará – de inhapa, teve ainda a galhardia de convidar o homenageado para a festa. Desgarrados por opção artística, Chico Saratt e Mário Barbará dividem o palco neste DVD que celebra uma das mais inspiradas e universais obras musicais produzidas no Rio Grande do Sul. Parceiros de vida e de arte, seguem fiéis ao espírito da canção: olhos abertos, o longe é perto, o que vale é o sonho. MÁRIO BARBARÁ O músico transformou a música regional gaúcha com o sucesso Desgarrados, escrita com Sérgio Napp. A canção foi um marco: ao vencer em 1981 a Califórnia da Canção em Uruguaiana, tornou-se o primeiro tema da chamada linha de projeção folclórica a conquistar a Calhandra de Ouro, prêmio máximo do festival. Na esteira desse êxito – Desgarrados já soma mais de 30 gravações –, o cantor e compositor de São Borja passa a se apresentar com o Musical Saracura. Com o grupo, classificou Velhas Brancas no festival MPB Shell, em 1981, e defendeu Campesina na Califórnia da Canção de 1982, com bateria e tudo no palco, para estranhamento dos mais tradicionalistas. Em 2011, lançou o disco Memória, produzido por Chico Saratt e Rosane Furtado, gravando clássicos, incluindo suas parcerias com o grande poeta Apparício Silva Rillo. Roger Lerina, jornalista” Assista ao vídeo de Amigo, Irmão, produzido pela Estação Filmes, aqui.

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