Música | Notas

Pedro Ivo Frota entrega lírica afiada de polirrítmica em “Carnavalha”

Change Size Text
Pedro Ivo Frota entrega lírica afiada de polirrítmica em “Carnavalha” Foto: Thomas Rosa/Divulgação

Um Carnaval distópico e sombrio, onde frevo, carimbó, afoxé e maracatu se encontram em uma estética punk pós-moderna, embala Carnavalha, quarto trabalho de estúdio do cantor e compositor carioca Pedro Ivo Frota. O lançamento do selo Cantores del Mundo é afiado, transgressor, um retrato cultural e político do Brasil atual que não abaixa a cabeça para o autoritarismo.

O álbum bebe na tradição oral da cultura popular brasileira, trazendo composições assinadas por Pedro Ivo e Mauro Aguiar e embaladas por uma sonoridade potente que conta apenas com um power trio: André Siqueira na guitarra, Bernardo Aguiar na percussão e Ivo Senra nos sintetizadores – este último também assina a produção musical. Tudo para invocar a festa anárquica do Carnaval e buscar apontar novos caminhos para a música brasileira contemporânea. 

Já que o Brasil só funciona na base da festa e celebração, que esse fato seja usado para valorizarmos tudo aquilo que temos de bom, especialmente nossa cultura popular, e ao mesmo tempo para atacar tudo aquilo que temos de ruim, nossa alienação, a cultura de massa e nossa cegueira. O carnaval do álbum não tem espaço para preconceito, racismo, intolerância religiosa, machismo e caretice. É um ataque vigoroso à intolerância cotidiana e aos dias tristes que estamos vivendo, vítimas de um governo autoritário e do fascismo que ganha cada vez mais a sociedade — resume Pedro Ivo Frota.

Carnavalha é uma insurgência contra a barbárie cotidiana em cada uma de suas seis canções. A foto de capa é bastante representativa desse espírito: clicada por Naoko Takahashi, mostra o artista plástico, parceiro musical e agitador cultural maranhense Walter Reis no carnaval do tradicional bairro carioca de Santa Teresa. 

O álbum abre um novo capítulo na história do artista, canalizando de Nação Zumbi e Nicola Cruz a James Blake, Tame Impala e Radiohead. Monolito, seu último trabalho, somou um time de cerca de 20 músicos – inclusive o trio que o acompanha, agora, no novo disco -, e tinha outras referências: João Gilberto, Bjork, Esperanza Spalding, Chett Baker e Milton Nascimento

Politizado sem ser panfletário, transgressor sem agressão, underground sem medo de ser popular, Carnavalha é um impactante manifesto contra o que temos de pior, mas principalmente uma grande celebração do que temos de melhor: nosso povo, cultura e diversidade. 

Escute Carnavalha aqui.

Capa. Foto: Divulgação
RELACIONADAS
PUBLICIDADE

Esqueceu sua senha?