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Túlio Mourão comemora 50 anos de carreira com novo disco

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Túlio Mourão comemora 50 anos de carreira com novo disco Foto: Lorena Dini/Divulgação

“Anarquia criativa, impulso de experimentar, eliminar distâncias e conciliar antagonismo” é como Túlio Mourão define Barraco Barroco, título do novo álbum do artista que será lançado numa live show, na quinta (26/11), às 20h dentro da programação do Festival Tudo é Jazz (Ouro Preto), no www.tudoejazz.com/ao-vivo.

No dia 27 de novembro, as músicas já ficam disponíveis para o público, em todas as plataformas digitais. Na mesma data, Túlio fará uma live do novo disco, comentando faixa a faixa, ao vivo, às 20h, pelo canal do YouTube do compositor. Para ter acesso à Live-Audição, os fãs podem fazer antecipadamente o “pré-save” em uma das plataformas digitais ou se inscrever no canal de Youtube do artista.

Pianista, compositor, arranjador, ex-integrante de Os Mutantes e instrumentista na banda de Milton Nascimento, Maria Bethânia, Chico Buarque, Ney Matogrosso, Fagner. Entre seus parceiros, estão Fernando Brant, Marcio Borges, Ronaldo Bastos, Milton Nascimento.

Teve composições gravadas por artistas como Bethânia, Nara Leão, Milton Nascimento, Maria Bethânia, Ney Matogrosso, Pat Metheny, entre outros. Essa trajetória faz de Túlio protagonista da rica história da música brasileira.

No novo disco, o artista se debruça com maturidade sobre diferentes fases e momentos de sua produção, revivendo fontes musicais significativas. Nessa perspectiva, Barraco Barroco reata conexões que tem peso estruturante na trajetória do compositor, como a música erudita, a música instrumental dos anos sessenta e o Rock progressivo dos anos 70.

O CD passa por diversas atmosferas, começando pelas faixas A Saga Ibérica e Tocata Poente das Araras, inspiradas na música espanhola. “Faz parte da minha infância. Meu pai ouvia muito na vitrola, o que despertou em mim encantamento por obras de Albeniz, Manuel de Falla, Joaquin Rodrigo e Tárrega”.

O álbum My Spanish Heart de Chick Corea (1976) tratou de renovar e diversificar o interesse do artista pelo flamenco, e mais recentemente, por toda cultura ibérica. Túlio destaca a arte Islâmica, muito presente na península luso-espanhola, como fonte de inspiração e ampliação de sua sensibilidade. Em paisagem sonora similar, vem a faixa Serenata Sevilhana, queconta comparticipação do violonista Juarez Moreira, com quem Tulio divide a proximidade com a música erudita.

A Última Montanha e Jardim do Afeto registram a atmosfera estética muito presente na música instrumental dos anos 60, dominada por melodias simples, e ao mesmo tempo poderosas, que marcaram a adolescência do compositor em Minas. “A música instrumental era tão popular quanto presente na vida das pessoas, tocava nas rádios, vitrolas e bailes. Grandes orquestras executavam temas com melodias inesquecíveis e cativantes”. O artista relembra que muitas dessas músicas chegavam trazidas por filmes, “que equilibravam suspense e romance, ação e poesia, embalados pelas trilhas sonoras imortais de Henri Mancini, como em Charade e Breakfast at Tiffany’s”.

Para a elaborada harmonia de Céu de Cacos de Vidro, Tulio convida o amigo de adolescência Toninho Horta (Clube da Esquina), que com sua inconfundível guitarra transforma a música em uma homenagem a Belo Horizonte.

— Sob inspiração de Toninho, alguns violonistas enriqueceram a cena instrumental da cidade a partir de uma nova elaboração harmônica e uma profundidade melódica que nortearam toda uma geração de músicos e compositores, e se cristalizaram em marcas da música mineira — enaltece o parceiro.

A Dois Passos do Nunca, o artista compôsna época em que acompanhava Milton Nascimento em uma das muitas turnês pelos EUA. “É uma peça feita para destacar as linhas melódicas do contrabaixo.  A peça abria os shows do Bituca, e é uma homenagem ao ‘baixista’ Milton Nascimento”, explica.

Sonata Caipira é um exercício de improviso contínuo ao piano. “Foi inspirada na poesia rural”, completa.

Baile Acabado é construída sobre um groove que destaca a mão esquerda no piano. É uma composição antiga, mas inédita na versão instrumental, que tem participação do inigualável sax de Chico Amaral, que transita entre o pop e o jazzístico.

Por tudo isso, o disco Barraco Barroco marca o início de um novo ciclo criativo, em que o artista volta a valorizar elementos da cultura erudita para a elaboração de uma música que contempla também suas conquistas e aquisições técnicas, sintonizando, no presente, a inquietação e maturidade artísticas.

— Longe ou perto de saudosismo, o que segue me motivando é a busca por melodias que, mais que encanto, trazem significado e caráter poético para nossas vidas — afirma.

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