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Unimúsica 2021: a voz e o toque afro-gaúchos de Paulo Romeu

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Unimúsica 2021: a voz e o toque afro-gaúchos de Paulo Romeu Paulo Romeu. Reprodução: UFRGS

A última noite de shows do Unimúsica 2021, que completa 40 anos, une tradições musicais do Rio Grande do Sul e de Pernambuco nesta sexta-feira (1º/10). O encerramento fica por conta de Lia de Itamaracá, em espetáculo que mescla o universo da ciranda com ritmos como coco, maracatu e maxixe. Antes dela, às 20h, o compositor Paulo Romeu e a instrumentista Carine Brazil apresentam Afros do Sul, acompanhados da dança e do toque de agbê de Carol Marques, integrante do Grupo Maracatu Truvão.

“O espetáculo mostra um pouco da cultura afro-gaúcha, que o Afro-Sul vem pesquisando e transmitindo há 47 anos”, conta Paulo Romeu, um dos fundadores do Grupo Afro-Sul de Música e Dança, criado em Porto Alegre, em 1974. “Muitas trocas vão acontecendo e outras gerações levam adiante, no Rio, em São Paulo e fora do Brasil. A Carine começou a ser minha aluna aos 7 anos, hoje ela tem 24, e eu que sou aluno dela”, recorda o mestre-aprendiz.

A instrumentista destaca a “intimidade de extremo respeito e admiração” de sua relação com Paulo. “Sou muito grata por todas as vivências e ensinamentos que tenho com ele”, conta Carine Brazil. Sobre a apresentação gravada para o Unimúsica, ela explica que “o repertório, os instrumentos e até mesmo o vestuário fizeram lembrar de toda a vivência com os nossos ritmos e as músicas compostas pelos nossos mestres griôs”.

O espetáculo Afros do Sul inicia com um pedido de licença a orixás, guias espirituais e ancestrais. A partir de então, o duo apresenta a sonoridade de instrumentos como o sopapo, o ilú de lata – tradicional nos rituais do batuque –  e o djembê – “esse instrumento não circula há muito tempo no Brasil, mas eu estou aprendendo desde 2003”, conta Paulo, que aos 64 anos é compositor, intérprete, instrumentista e pesquisador da cultura afro-gaúcha.

Nascido no Areal da Baronesa, em Porto Alegre, Paulo Romeu morou em São Paulo de 1977 a 1981, levando a sonoridade da banda Afro-Sul para outras regiões do país. No final da década de 1970, também integrou o Grupo Pau Brasil, com o amigo e parceiro Bedeu. Ambos os conjuntos obtiveram reconhecimento nacional à época.

Formado em Música pelo IPA, Paulo é atualmente diretor musical do Grupo Afro-Sul de Música e Dança – vencedor de cinco prêmios Açorianos – e professor de percussão no Instituto Sociocultural Afro-Sul Odomode, fundado em 2000 e sede do grupo. Localizado na avenida Ipiranga, em Porto Alegre, o Odomode surgiu após o Afro-Sul assumir, em 1998, a direção da escola de samba Garotos da Orgia, que dois anos depois se transformaria oficialmente em centro cultural.

No espetáculo do Unimúsica, chama a atenção a diversidade de instrumentos de percussão de madeira, como o cajon e a habanera, populares na América Latina, e a tanajura. O show também apresenta a porongada, levada rítmica criada pelo Afro-Sul que homenageia os Lanceiros Negros – chacinados no Massacre de Porongos, em 1844, no penúltimo ano da Revolução Farroupilha.

Afros do Sul contempla ainda o maracatu pernambucano e a política nacional, em De Terno, Gravata e Ladrão, que traz versos como “Não tem feijão/ Arroz tá pouco/ Sal e açúcar tá no fim” e críticas ao papel do governo federal na pandemia. “Regredimos à Idade da Pedra, mas vamos reinventar o fogo e a roda”, afirma o compositor.

Os espetáculos, conversas e mostra discente do Unimúsica 2021 estreiam sempre às 20h, no canal do Departamento de Difusão Cultural da UFRGS no YouTube (os espetáculos também serão disponibilizados no YouTube da UFRGS TV). A programação completa pode ser conferida no site difusaocultural.ufrgs.br.

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