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Aplicativo brasileiro propõe revolução da indústria musical através de inteligência artificial

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Aplicativo brasileiro propõe revolução da indústria musical através de inteligência artificial Foto: Giovanna Ismael/Divulgação

“Quando minha filha, Mia, nos ouviu cantando, ficou falando ‘saudade, vovó’, ‘te amo, vovó’, e eu gravei. Ficou, sem dúvida, a faixa mais afetiva do disco, muita emoção, de onde eu vim pra onde vou”.

Este trecho foi extraído de uma entrevista da cantora Luana Carvalho para o Scream&Yell, em julho de 2020. Ela referia-se ao dueto-póstumo com sua mãe, Beth Carvalho, que faleceu em 2019, na música Visual lançada no EP Baile de Máscaras. Como foi feita a parceria? Através da Inteligência Artificial do Moises, um aplicativo desenvolvido por brasileiros, lançado em 175 países e utilizado por mais de 1 milhão de usuários. 

O disco foi produzido por Kassin, produtor musical que trabalhou com Los Hermanos, Adriana Calcanhotto, Gal Costa e outros grandes nomes da música brasileira, e usuário constante do aplicativo.

— Eu precisava conseguir a voz de Beth Carvalho isolada. A música original é um samba com todo mundo em casa — percussão à beça, sete cordas, cavaco, todo mundo junto. Com o Moises isso foi possível — comentou.

Outro exemplo mais recente de faixa produzida por Kassin com auxílio do software foi Aquele Abraço do Gil, um dueto de Joyce com Davi Moraes, lançado no último dia 5. 

— Eu utilizo o Moises para fins diferentes. Por exemplo, se alguém me manda uma demo voz e violão, separo as linhas e trabalho só a voz, podendo assim mudar arranjos. Gosto também de pegar uma gravação e separar em partes para compreender cada instrumento e o Moises é maravilhoso para estudos porque você consegue prestar atenção numa parte específica da gravação — complementou.

Desenvolvido para criar samples ou karaokês com poucos cliques e de maneira intuitiva para os usuários, o app Moises  expandiu suas possibilidades para além do que a própria equipe imaginava.

— Percebemos que o Moises acabou democratizando o acesso para os artistas e amantes de música em geral. Inicialmente imaginamos que DJs e produtores seriam os maiores beneficiados, mas conversando com nosso público vimos que até professores de inglês e diretores de teatro usavam a ferramenta em seu contexto profissional — disse Eddie Hsu, co-fundador e Gerente de Produto.

A ferramenta pode tanto ser usada por um produtor musical com mais de 30 anos de carreira, como é o caso de Kassin, quanto por beatmakers ou talvez por uma garota de 14 anos de idade que deseja aprender a tocar baixo. Esta é justamente a questão: o aplicativo permite possibilidades infinitas de estudo e de produção musical. 

Com o recurso de alterar os BPM, o usuário escolhe se quer deixar uma música mais lenta para, por exemplo, ouvir atentamente todas as notas tocadas num solo de bateria ou, no caso do DJ Zé Pedro, facilitar os remixes de clássicos da MPB.

— Passo dias e noites lembrando de canções antigas e experimentando novas versões eletrônicas devido à facilidade de extrair a voz à capela. Além disso, com a versão instrumental das tracks tornou-se muito mais fácil entender a harmonia e colocar os beats eletrônicos. Cito como exemplo duas faixas de Maria Bethânia que só consegui remixar graças ao Moises: Reconvexo e Brincar de Viver — concluiu.

Tiago Ribeiro, fundador e diretor da Escola de Música Efraim (RJ), por sua vez, tem utilizado o aplicativo para a didática e estudos em sala de aula.

— Leciono para idosos e muitos têm dificuldade de conseguir perceber as notas por conta da voz do cantor(a). Com o aplicativo eu consigo diminuir o volume da voz e evidenciar os instrumentos — contou.

Outra função que auxilia nos estudos musicais é a decupagem automática de acordes. Ou seja: agora não há cifra que não exista. Entre os outros destaques do aplicativo estão a alteração dos semitons e ativação do metrônomo.

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