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A viola também é do Sul

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A viola também é do Sul Foto: Ed Oliveira/Divulgação
A viola também é do Sul/ Na cultura migrante ancestral/ O gaúcho é rincão e sertão/ Dos recantos do meu litoral. O refrão da música Violas do Sul do Brasil resume bem a proposta do quarteto Violas ao Sul e do evento virtual que o grupo organiza junto ao projeto Ecarta Musical. Para ressaltar a presença e a diversidade da viola de 10 cordas no Estado, dez artistas farão shows ao vivo no Festival Violas ao Sul, de quarta (29/7) a sexta-feira (31/7), transmitidos pelos canais da Fundação Ecarta e do Violas ao Sul no YouTube. O repertório das apresentações inclui canções autorais e clássicos do cancioneiro regional e brasileiro protagonizados pelo instrumento. O músico Angelo Primon – integrante do Violas ao Sul ao lado de Mário Tressoldi, Oly Jr. e Valdir Verona – conta que a ideia de organizar um festival dedicado à viola já era cogitada pelo quarteto desde o ano passado, quando a formação estreou com um disco homônimo – disponível no Spotify. A viabilização do evento em meio à pandemia acabou sendo impulsionada pelo exemplo do festival online Quarentena Violada, em abril, que contou com a participação de Verona. Inspirados pela iniciativa virtual, os músicos já realizaram bate-papos online, entre os dias 24 e 28 de junho, e agora dão início à uma série de recitais – confira a programação completa ao final da matéria. Viola, minha viola O desenvolvimento da viola tem origem na ocupação moura da Península Ibérica, entre os séculos 8 e 15. Durante esse período, instrumentos como o alaúde e a guitarra latina inspiraram novas possibilidades sonoras como as vihuelas, na Espanha, e as violas portuguesas – que desembarcariam no Brasil. No artigo Cinco ordens de cordas dedilhadas: a presença da viola no Brasil, o pesquisador Roberto Nunes Corrêa conta que o instrumento chega ao país no começo do período colonial. No entanto, faltam descrições mais detalhadas sobre como eram as violas trazidas pelos portugueses. “A palavra viola por si só refere-se a vários tipos de instrumentos, desde os cordofones de cordas dedilhadas até os de cordas friccionadas”, explica o pesquisador. O tipo dedilhado, segundo Corrêa, “seria o principal instrumento acompanhador das práticas musicais do período colonial, uma vez que o violão […] somente foi difundido em nosso país a partir do século 19”. Embora instrumentos como a harpa e o cravo também tenham chegado no Brasil, a viola se popularizou, entre outros motivos, devido à sua facilidade de transporte e fabricação. “As cordas podiam ser feitas de tripa de animais ou de fibras de plantas. Havia também as cordas de arame (de metal, lisas ou encapadas) que passaram a ser utilizadas no final do século 18 e eram disponibilizadas em carretéis facilmente armazenados e transportados”, explica Corrêa no artigo. A chegada (e o apagamento) da viola no RS Segundo Angelo Primon e Mário Tressoldi, a introdução da viola no Rio Grande do Sul remonta às incursões de tropeiros – que viajavam pelo país a partir do século 17 – e à […]

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