As cinco mais de Gonzagão
Atendendo a pedidos, o reconhecido jornalista e crítico de músico Tárik de Souza elencou uma lista comentada com as cinco canções essenciais de Luiz Gonzaga (1912 – 1989). Tárik iniciou sua atividade profissional em 1968 como repórter, redator e editor de música da revista Veja. Trabalhou para publicações como Folha de S. Paulo, Rock Espetacular, Elle, O Pasquim, Som 3, Coojornal, Playboy e Jornal da República. É autor de livros como Rostos e Gostos da MPB, Som Nosso de Cada Dia (LP&M) e Sambalanço, a Bossa que Dança (Karup).
1 – Asa Branca (1947): mote do folclore que Gonzaga e Teixeira [Humberto, seu parceiro] tornaram hino da música brasileira. Assim como Caetano “mastigou” a música como cantador de feira, numa gravação de Londres, exilado, Vandré a tinha regravado – sem alterar a letra, mudando só a interpretação – como canção de protesto em seu disco Hora de Lutar, de 1965.
2 – Assum Preto (1950): outra saga passarinheira, de comover frade de pedra, da mesma dupla. “Furaro os óio do assum preto / Pra ele assim cantá mió.”
3 – Imbalança (1952): o Desafinado da música nordestina. Parceria com Zé Dantas que enumera exemplos na natureza de coisas que “imbalançam” como o suingue da própria composição metalinguística.
4 – Vozes da Seca (1953): outra com Zé Dantas. Além da beleza harmônica e melódica, um recado atualíssimo para a hecatombe da política brasileira: “Seu dotô, uma esmola a um homem que é são / Ou lhe mata de vergonha / Ou vicia o cidadão”.
5 – Respeita Januário (1950): mais uma com Teixeira. Um “pré-rap” bem-humorado e musicalmente irresistível como xote – antecessor do reggae. Sua auto-ironia cortante serve de antídoto para a atual era das celebridades do vácuo.