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“Caso não haja um suporte do governo, haverá falência generalizada e um terreno devastado para a cultura nacional no pós-crise”

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“Caso não haja um suporte do governo, haverá falência generalizada e um terreno devastado para a cultura nacional no pós-crise”
Foi lançada nesta segunda-feira (13/4) pelo Observatório do Itaú Cultural a primeira plataforma digital do país inteiramente dedicada à análise de dados da cultura e da economia criativa. O projeto, desenvolvido em conjunto com o pesquisador Leandro Valiati, do Departamento de Economia e Relações Internacionais da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, fornece aos visitantes um arsenal de dados sobre esses setores, que empregam mais de 4,9 milhões de trabalhadores no país e representam 4% da receita bruta total da economia brasileira. À frente do projeto, Valiati liderou uma equipe que processou aproximadamente 10,4 milhões de dados, gerando 879,9 mil dados sobre os setores criativos para consulta dos usuários. Professor e pesquisador visitante na Universidade Queen Mary de Londres (Reino Unido), na Universidade Sorbonne – Paris 13 (França) e na Universidade de Valência (Espanha), o gaúcho é PhD em Economia do Desenvolvimento (UFRGS) e pós-PhD em Indústrias Criativas (Sorbonne – Paris 13). Nesta entrevista exclusiva, Leandro Valiati comenta a respeito da realidade atual e das perspectivas institucionais e econômicas futuras para a cultura e a indústria criativa no Brasil e, especificamente, no Rio Grande do Sul – segundo o Painel de Dados do Observatório Itaú Cultural, a Região Sul possui 986 mil trabalhadores nesses setores. Quais são os diferenciais da economia criativa do RS em relação às outras regiões do Brasil? Dentro dessa perspectiva, quais são os principais desafios para o setor aqui no Estado? Acredito que o Rio Grande do Sul possui uma rede de universidades muito ativas em tecnologia, pesquisa e desenvolvimento, e isso é certamente um diferencial. Além disso, há muito valor em empresas e iniciativas na área de games, audiovisual e comunicação. Outros setores têm potencial ainda pouco explorado, tais como a música, literatura e inovação urbana. A existência também de um contexto urbano com cidades médias e com espaço para revitalização urbana orientada para CIs (indústrias criativas) é um valor importante. Os desafios são: financiamento, políticas públicas estruturadas para o longo prazo e um equilíbrio entre público e privado a ser dado pela regulação pública. Segundo os números do Painel de Dados do Observatório Itaú, a economia criativa, apesar de sua relevância na receita bruta da economia brasileira, tem assistido a uma retração no número de empresas e negócios do setor. Quais são as perspectivas gerais para o setor de agora em diante? Muito tem se falado dos efeitos do Covid-19 com e sem isolamento social. Podemos aplicar um raciocínio análogo para o futuro próximo das Indústrias Criativas e Cultura com e sem apoio público. Caso não haja um suporte contracíclico do governo para essas atividades, haverá falência generalizada e um terreno devastado para a cultura nacional no pós-crise. Os países centrais, como França, Alemanha, Inglaterra e EUA, estão apoiando fortemente essas atividades com recursos públicos. Políticas públicas que apoiem esse setor são fundamentais para que, com o passar da crise, ainda haja espaço para cultura e inovação brasileiras na competição com bens e serviços culturais e criativos de outros países, tanto interna quanto […]

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