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Com público sentado, Bar Opinião retoma shows

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Com público sentado, Bar Opinião retoma shows Esteban Tavares era a atração principal da noite de reabertura da clássica casa noturna da Capital. Foto: Mateus Pé

Foram vendidos todos os ingressos disponibilizados. Yas Esperanza e Esteban Tavares estrearam série de eventos que marcarão a reabertura neste mês

As aglomerações fazem parte do imaginário dos fãs do Bar Opinião. Mas, por ora, estão no passado as cenas do público pulando junto e cara a cara com os artistas. Na noite de sexta-feira (6), não houve concentração de pessoas entre o cruzamento das ruas José do Patrocínio e Joaquim Nabuco, nem a fila que muitas vezes dobrava na Lopo Gonçalves, a uma quadra do endereço. Também não estavam lá os vendedores ambulantes, com seus carrinhos carregados de latas de cerveja, que garantiam o aquece de quem se preparava para aproveitar uma noite de festa ou show em um dos pontos mais tradicionais da música na Capital.

Após 18 meses fechado por conta da pandemia, o Opinião reabriu em um novo formato, com o público sentado, que assistiu aos shows de Yas Esperanza e Esteban Tavares. Com ocupação máxima de 1700 pessoas, a casa disponibilizou apenas 200 lugares divididos em 50 mesas que foram dispostas entre pista e mezanino e separadas por 2 metros de distância. As entradas foram vendidas antecipadamente por mesa com a recomendação de que fossem compartilhadas apenas por pessoas “do mesmo convívio”.

Distribuição das mesas na pista (Reprodução)

O uso de máscaras era obrigatório para circulação dentro do espaço – o que foi respeitado de forma geral –, com exceção para quem permanecia sentado consumindo. Mesmo que de uma maneira completamente diferente do seu jeitinho tradicional, o templo do rock abriu suas portas novamente com o Acústico Opinião, que durante o mês de agosto contará com shows todos as sextas e sábados, com ingressos vendidos no mesmo formato.

Sócio-proprietário da casa, Claudio Faver, o “Magrão”, conta que o “amor” pesou mais do que a questão financeira na hora de decidir retomar os trabalhos. “Esse reinício é muito mais um simbolismo. Se a gente analisar a situação financeiramente, ela não é o que a gente quer. A gente não consegue movimentar uma estrutura desse tamanho trabalhando para apenas 200 pessoas”, explicou.

Segundo Magrão e o também sócio-proprietário Rodrigo Machado, a série de shows que marcam essa retomada não teria sido possível sem as leis de incentivo à cultura e o patrocínio recebido por meio de políticas públicas. “Nós vamos reabrir sem o DNA do Opinião, que é a aglomeração, o lance da pressão, uma coisa muito próxima, o artista cantando, tocando e praticamente salivando na galera. Mas pra nós é muito importante. É um recomeço para que, num futuro muito próximo, a gente possa voltar a trabalhar no nosso DNA”, falou em entrevista coletiva antes do evento.

Se havia um sentimento unânime entre todos os presentes na noite de sexta-feira, era a ansiedade. Mesmo assim, Rodrigo “Esteban” Tavares, responsável pelo show principal da noite, conta que, depois de 17 meses sem se apresentar perante um público, a reabertura da clássica casa noturna trazia ares de esperança para quem ficou tanto tempo nas sombras da incerteza que tomou conta de todos os setores da cena cultural: “Ainda tô meio incrédulo por estar voltando no Opinião com público, mas estou muito feliz e espero que esse primeiro teste seja um alívio, um respiro pra que tudo dê certo e que, lá por abril, a gente possa ver isso aqui lotado, todo mundo em pé com o caneco pra cima, como sempre foi”.

Para o funcionário Luís Barbosa, o principal sentimento daquela noite era a curiosidade. Há 12 anos na discotecagem, ele conta que já viveu de tudo sob aquele teto: “Já toquei em festa de funk, pagode, reggae, carnaval e até festa de umbanda. Uma vez tive que fazer a transição de um show de metal pra uma festa de funk que ia rolar depois. Mas não tem nada igual com o que o público tá vindo buscar aqui hoje, porque a gente tá voltando pra algo completamente novo, ao mesmo tempo que não é uma estreia”, explica o DJ que chegou a trabalhar como auxiliar de mecânico durante a pandemia. “O que a gente vai ver aqui hoje é uma mistura. O pessoal vai vir lembrando do que era antes da Covid, mas com a expectativa do que vai acontecer pós-Covid”.

O multi instrumentista e cantor Frank Jorge, que se apresenta no Opinião Acústico no dia 13 e que estava presente na noite de reabertura, falou sobre a expectativa e a importância da manutenção de locais como o Opinião: “Eu não faço um show para público em um espaço fechado desde março de 2020. Tô muito contente, acompanhei essa batalha do Opinião querendo reabrir, investindo muitos recursos para adaptar o espaço, convidar diferentes artistas, a geração mais antiga e a geração mais nova. Tô super contente de estar inserido”. 

[Continua...]

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