O mundo dança em Nova Prata
Primeiro festival da América a entrar no circuito de concursos de dança da Federação Internacional de Festivais de Folclore (FIDAF), o Festival Internacional de Folclore de Nova Prata – Brasil ocorre nos dias 15, 16 e 17 de outubro em formato online, com sua programação transmitida pelos canais do festival.
Em 17 edições, o evento já recebeu cem delegações estrangeiras e mais de 480 mil visitantes, e acaba de receber o Prêmio de Melhor Festival de 2020 pela FIDAF. A premiação é outorgada anualmente a festivais internacionais de grande expressão.
“Há muitos anos o festival é transmitido, porém fazê-lo de forma virtual realmente é o segundo ano. Então, fomos vendo que muitas pessoas de outros lugares e países começaram a interagir, a participar por causa das transmissões nos últimos anos. A gente não tinha uma pessoa que cuidava disso, era um serviço terceirizado, não dava muita bola. Mas no festival de 2018 realmente foi um espetáculo isso, começamos a nos dar conta que existia um outro festival dentro do próprio festival. Entendemos que o festival tinha um grande público virtual que estava participando, falando, mandando fotografia de casa, assistindo. Começou essa interação bem bacana e a gente prestou atenção: opa, o nosso evento é maior do que imaginamos”, explica Marcelo Nedeff, diretor artístico do evento.
Neste ano serão 15 grupos locais participantes e 18 internacionais concorrendo ao campeonato, que serão avaliados pelo júri formado por Emil Dimitrov (Bulgária), Gabriel Frontera Mestre (Espanha), Gürhan Ozanoğlu (Turquia), Maria Szupiluk (Polônia), Vincent Reyes (Guam) e Régis Eduardo Bastian (Brasil), além de três grupos convidados.
No campeonato internacional de danças folclóricas serão avaliados itens como técnica, figurino, música, coreografia e harmonia, além de impressão geral por uma equipe de jurados com experiência mínima de 15 júris internacionais da FIDAF. Esses avaliadores elegem os três primeiros lugares, além de melhor coreografia, figurino, música e o prêmio especial do júri.
Os grupos disputam entre si em busca do título de campeão da 17ª edição do festival e do FIDAF Brazil World Championship. As performances competitivas ocorrem na Pedreira De Conto, uma pedreira de basalto ainda em atividade na comunidade de Gramado, no interior de Nova Prata, e se iniciam às 19h, com transmissão pelos canais do festival e pela Conecta TV. Na noite de sábado, 16 de outubro, ocorre a semifinal, quando 10 dos 18 concorrentes passam para a final. Os nomes serão conhecidos no domingo pela manhã, após a Celebração pela Paz.
“Para fazer o festival um pouco maior, sabíamos que teríamos que ir para um espaço aberto, tornando o evento mais interessante. Nós queríamos provocar uma experiência diferente para os grupos de Nova Prata, para os jurados e os grupos internacionais que o tempo inteiro estão vendo essa movimentação. E há o interesse de um projeto de muitos anos junto à Secretaria de Turismo de criarmos um anfiteatro, uma arena. Então existe essa pedreira belíssima, praticamente desativada, hoje o basalto que é retirado dela é artesanal. Ela tem o formato quase de concha acústica, tem na lateral um pequeno lago. Ela possui elementos cenográficos maravilhosos, ambiente com vegetação, pedra, água, ar, além de ter uma acústica muito favorável”, conta Nedeff.
A cada edição uma temática norteia o festival, abordando fatos históricos de Nova Prata ou atrelados ao cenário sociocultural do mundo. Em 2021, os saberes ancestrais e seus guardiões pautam o evento. “Havia um tempo em que o ensinar e o aprender eram mais simples e próximos de nós. Um tempo em que os mais velhos eram conhecidos por ser a fonte inesgotável de tudo o que se sabia sobre o mundo e sobre as gentes. Esses saberes e fazeres eles contavam que vinham de antes de nossos avós e que assim sempre foi, desde as lições de bordado até os tratos com a terra, com as pedras, com o couro e com os bichos”, ilustra o diretor artístico.
O público também participa da seleção dos melhores do ano: durante os dias de competição, os espectadores votam em seus grupos favoritos por meio do júri popular disponível no site do evento, elegendo o Prêmio do Público. As performances presenciais serão realizadas e transmitidas pelos canais do festival, diretamente do Anfiteatro da Pedreira.
Além dos espetáculos, uma extensa programação paralela está sendo preparada para o evento. As masterclasses contarão com atividades formativas com experientes profissionais de diferentes segmentos da dança. Em três encontros, diferentes mestres brasileiros e estrangeiros abordarão temas como as danças afro-gaúchas, o frevo e o tango, ministrados respectivamente por Iara Deodoro, Lairton Guedes e o argentino Victor Recalde.
As aulas ocorrem pela plataforma Zoom, gratuitamente, e as inscrições ocorrem pelo site do festival até quinta-feira, 14 de outubro. São cem vagas por atividade, sem pré-requisitos para participação.
A tradicional Feira de Artesanato, que reúne artesãos da região e de diversas localidades do Brasil e do exterior, neste ano vai abrigar saberes ancestrais através de vídeos de alguns guardiões, que apresentarão o processo de criação de suas artes, com quem aprenderam e as relações criadas a partir delas.
A Feira Gastronômica também poderá ser conferida através de três programas virtuais de enogastronomia típica das etnias formadoras de Nova Prata, por meio de receitas tradicionais da região, que foram passadas de pais e avós para seus filhos e netos.
Já a Feira do Livro contará com a contribuição do campus local da Universidade de Caxias do Sul e sua editora, a EDUCS, que promoverá um debate sobre ancestralidade, reunindo professores e pesquisadores do tema. Por fim, o Projeto Escola, que mobiliza a rede de ensino do município com mais de 4 mil crianças e jovens, promoveu um intercâmbio entre os alunos de Nova Prata e de outros países que também falam a língua portuguesa, como Moçambique e Portugal, entre outros. Por meio de caixas de memórias produzidas pelos professores e alunos, os estudantes da cidade enviaram por correio e receberam conteúdos culturais e educativos de estudantes desses países.
Programas de turismo local, apresentações dos grupos folclóricos da região, ações solidárias também integram a programação, que podem ser acessada pelo site do evento.
“Cada vez que eu falo de folclore, de arte, me emociono. Porque eu acho que a arte, junto da educação, é a salvação do mundo. Dificilmente tu vais ver essas pessoas que desde criança estão em CTG ou em algum grupo cultural fazendo teatro, canto, dança querer destruir o patrimônio. E não destruindo o patrimônio entra o cuidado com a família, os saberes, a arquitetura. Quando me perguntam qual é o folclore mais bonito, digo que não existe isso. A gente se emociona com um bailarino russo assim como se emociona com uma guarânia paraguaia, porque cada folclore tem uma particularidade. Eu sei de onde nasceu isso. Tu vês o folclore dos países mais simples e dos mais ricos, e no palco todos são brilhantes, porque todos mostram a síntese do país, a emoção. Então isso é brilhante, isso nos alimenta”, resume Marcelo Nedeff.
Festival Internacional de Folclore de Nova Prata – BRASIL – 17ª edição
FIDAF Brazil World Championship
15 a 17 de outubro de 2021 – Guardiões dos Saberes Ancestrais
Grupos Locais Participantes: Pré-Bailadinho, Bailadinho, Bailado Gaúcho, Bailado Maior, Bailado Gaúcho Musical, CTG Querência do Prata, CTG Retorno à Querência, Grupo Afro, Grupo Abadá-Capoeira, Grupo CALA, Grupo Kalina, Grupo Per Tutte L’eta, Grupo Novo Milênio, Ascodef e APAE.
Júri: Emil Dimitrov (Bulgaria), Gabriel Frontera Mestre (Espanha), Gürhan Ozanoğlu (Turquia), Maria Szupiluk (Polônia), Vincent Reyes (Guam) e Régis Eduardo Bastian (Brasil)
Grupos Internacionais:
África: Madagascar: Benja Gasy
América:
México: Ballet Folclorico de la Universidad de Guadalajara
Panamá: Centro Folklórico Atenay Batista
Ásia:
China: Beijing Dance Academy
Coreia do Sul: Neulsum Dance Company
Filipinas: Leyte Kalipayan Dance Company
Japão: The Dance Company Izena-no-Kai
Malásia: Sultan Idris Education University
Taiwan: YiTzy Folk Dance Theatre
Europa:
Azerbaijão: Azerbaijan State Academic Dance Ensemble
Eslováquia: Pul’s – Poddukélský umelecký l’udový súbor
Geórgia: National Song And Dance Ensemble “Georgian Folklore” (Tbilisi State Medical University)
Hungria: Duna Art Ensemble
Moldávia: Baletul National JOC
Polônia: The “Mali Gorzowiacy” Folk Dance Group
Russia : State Song and Dance Ensemble Siverko
Turquia: Büyükçekmece Municipality Golden Bridge Folk Dance Group
Oceania:
Polinésia Francesa: Tamariki Poerani
GRUPOS INTERNACIONAIS CONVIDADOS (NÃO COMPETIDORES)
Argentina: Grupo Coreografico Nomade
Chile: Compañia de Danza Folclorica Poyenmahat
Colômbia: Grupo de Musica y Danza Folclorica de la Universidad CESMAG