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“Isso Não É um Grupo #2” explora universo onírico e criação coletiva

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“Isso Não É um Grupo #2” explora universo onírico e criação coletiva Reprodução: Isso Não É um Grupo #2

Neste domingo (5/12), às 20h, o espetáculo Isso Não É um Grupo #2 apresenta novas experimentações de Emily Borghetti, Paola Kirst, Pedro Borghetti e Rafa Costa, que mesclam criações individuais e uma concepção audiovisual coletiva – leia a entrevista a seguir. A segunda edição do projeto, gravada na Barra do Ribeiro (RS), investiga o universo dos sonhos e processos artísticos colaborativos.

Com captações realizadas no início de novembro, o espetáculo reúne trilhas, paisagens sonoras e músicas autorais gravadas em estúdios caseiros, além de danças e performances realizadas na locação do projeto. Todos os integrantes do quarteto compõem, performam, captam e editam os materiais.

“Os quatro têm esse perfil inquieto e criativo. Fazer uma coisa só seria silenciar alguma parte. Então juntamos peças nesse quebra-cabeças e saiu coisa boa. Todo mundo propõe, seja um poema, um escrito, uma música, uma dança, uma cena, uma situação que gostaria de abordar. Lançamos as ideias e aí começam a borbulhar opções”, explica Costa, multiartista que já lançou os EPs Trigueiro (2017) e Três Tigres Tristes (EP audiovisual).

Parceira de Costa no projeto Laboratório Flutuante, Emily Borghetti destaca a importância do espetáculo para repensar sua atuação habitual como bailarina e instrumentista, explorando novos formatos. “Esse hibridismo se apresenta de muitas maneiras. Musicalmente, com temas ao vivo e trilhas, e em termos visuais e de linguagem quando traz, em meio à natureza, uma cama, uma videochamada, pedais de loop, bombos legueros e galinhas”, descreve Emily, que é bailaora flamenca, arquiteta e designer especializada em cenografia, além de integrante dos coletivos de música e dança As Tubas e Som da Madeira.

Irmão de Emily – ambos filhos da dançarina Cadica Costa e do músico Renato Borghetti –, Pedro Borghetti define a experiência como uma “sinestesia coletiva, um laboratório para experenciar os nossos mais íntimos instintos criativos”. Pedro já lançou o álbum Linhas do Tempo (2019) – que lhe rendeu o Prêmio Açorianos de Música 2020 na categoria Melhor Compositor de MPB – e um EP com o grupo O.B.S.Prelembre a matéria. Atualmente, além de acompanhar o pai e violonista Neuro Jr. em apresentações, integra o coletivo Pedra Redonda e trabalha no home studio Chinelo com Prego – ambos ao lado de Paola Kirst.

Premiada com o Prêmio Açorianos de Música 2018 na categoria Revelação, após lançar o álbum Costuras que me Bordam Marcas na Pele (2018), Kirst destaca os aprendizados do processo de cocriação ao lado de Rafa Costa e dos irmãos Borghetti. “Viver essas experiências com o grupo potencializa minha atuação como artista. A gente se incentiva a criar com liberdade, e isso faz com que a gente aprenda outras etapas do processo, como o uso de programas de edição de vídeo”, explica a cantora, que em março de 2021 lançou o álbum visual Vertigem com o músico Lorenzo Flach.

Os ingressos para assistir a Isso Não É um Grupo #2 podem ser adquiridos pelo site Sympla (30 a 50 reais) ou por PIX (celular 51981899492, com envio de comprovante para o mesmo número). O link de acesso ao vídeo é enviado por e-mail e permanece disponível por 24 horas.

Leia a entrevista respondida em conjunto por Emily Borghetti, Paola Kirst, Pedro Borghetti e Rafa Costa.

Como nasceu o projeto?

Nasceu na vontade de brincar com novos formatos audiovisuais, na intenção e desejo de criar um espetáculo/filme, e não uma versão filmada de um espetáculo tradicional no palco – e porque estávamos impedidos de fazer apresentações ao vivo em função da pandemia. Somos quatro artistas trazendo seus desejos num ambiente de criação livre, potencializado pela experiência coletiva. Juntamos nossas experimentações criadas durante a pandemia e nos encontramos pela primeira vez há oito meses para gravar a primeira edição. 

A música e a dança são as ferramentas que já trazemos de nossos trabalhos autorais, e neste projeto somamos também fotografia, cenografia, design, figurino e vídeo. Além disso, unimos a nossa afinidade e a vontade de trabalharmos juntos, de seguirmos criando nestes novos tempos e também como forma de termos um retorno financeiro.

Contem um pouco sobre a primeira edição do espetáculo.

Na primeira edição fizemos questão de explicitar os tantos fazeres desse processo em cena, e não só a cena em si. Nos dividimos entre atuação, gravação e iluminação, e isso ficou explícito durante o espetáculo. Estávamos assistindo a muitas referências de filmes, espetáculos de teatro, dança e videoarte pela internet. Nos encontrávamos sedentos por criar, e assim nasceu a primeira versão do Isso Não É um Grupo, cheio de cores, experiências, inquietações e angústias – estávamos em março de 2021. O retorno que tivemos do público foi uma grande surpresa, com muitos relatos marcantes sobre a experiência. Já o segundo foi por puro apaixonamento, porque aprendemos muito fazendo o primeiro e mergulhamos neste com mais entendimento cênico, dos recursos visuais e do produto final. 

Na edição #2 o universo onírico está muito presente. Para além de um tema, os sonhos fizeram parte do processo criativo?

Sim, o processo criativo desta segunda edição começou a partir do tema “sonho” e suas inúmeras possibilidades. Iniciamos um processo de observação maior a respeito dos nossos próprios sonhos, mandando áudios ou mensagens de texto relatando sonhos no nosso “não grupo” de WhatsApp. Foram muitos sonhos e delírios que nos inspiraram e alimentaram o processo de criação do roteiro. Outro detalhe importante é que nos apropriamos de sonhos de amigos, como laboratório criativo para a trilha sonora e a condução das imagens nas experimentações em vídeo. 

O nome do espetáculo remete a René Magritte, e a questão dos sonhos é um tema importante para os surrealistas. O surrealismo é uma referência para vocês?

Falamos muito sobre a não censura das ideias no nosso processo de criação. O inconsciente trouxe muito dos nossos desejos e percepções não limitadas pela realidade. Dividirmos nossos sonhos fez nos inspirarmos nesse não lugar, nessa fantasia. O “não grupo” começou como uma brincadeira, pois não gostamos de grupos de WhatsApp. Seria outra coisa. Traríamos nossos universos sem a pretensão de criar uma linguagem única, como em um grupo, sendo fiéis aos nossos desejos e/ou distorções deles. A partir daí entendemos também que o próprio grupo poderia servir como laboratório de experimentação criativa. Sim, o surrealismo é uma referência, e isso não é um cachimbo. 

[Continua...]

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