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Exclusivo: a história da foto na capa da Time no 11 de Setembro

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Exclusivo: a história da foto na capa da Time no 11 de Setembro

Para chegar no pé do World Trade Center e registrar o evento que redefiniu o mundo naquela linda manhã de setembro de 2001, Lyle Owerko deu várias voltas na Terra saindo do seu apartamento de TriBeCa, quase ao lado do local da tragédia.

Em 1999, passou a explorar o mundo como fotógrafo documentarista. Viajou para Tóquio, pelo norte da Europa, fotografou caçadores adestradores de águias na Mongólia e explorou a África profunda em diversas visitas. Dois anos depois, às 8h47min do dia 11/9, recém chegado de uma destas viagens, ainda zoado do jet lag, ouviu o som mais horrível que já testemunhou, o rasgar do ar pelo primeiro avião. Instintivamente, pegou a mochila com o equipamento que mal largara na porta de casa e foi para a rua entrar pra história também. Sua foto da explosão da segunda torre virou capa da edição especial da revista Time. Particularmente, acho que nada pode ser mais icônico que a capa da revista mais famosa do mundo sobre o evento mais marcante do século. Mas nada disso teria acontecido se seu equipamento não estivesse casualmente pronto e a mão na porta de casa.

Reprodução

Ele conta tudo no começo e no fim deste terceiro episódio dgdgd+, exatos 20 anos depois. No meio, até rock da Tunísia.

Só porque eu gosto das coincidências: Lyle é canadense e, naquela época, namorou uma norueguesa, como o Leonard Cohen e a Marianne Ihlen, tema da entrevista anterior desta série. E, exatamente como Leonard, deixou este amor para trás numa terra distante porque “ainda tinha algo a fazer em NY”. Nesta entrevista, ele revela que atualmente trabalha em um projeto na linha na “descoberta da América” pelo fotógrafo americano Richard Avedon, que foi a inspiração – veja só – para o livro do Michael Stipe que apresentamos no episódio de estreia.

Lyle também veio ao Brasil, onde conheceu a Rita e a Alice Braga, queridas amigas que nos apresentariam depois. Eu o visitei algumas vezes em Nova York, e me lembro dele contar que, no meio do atordoamento inimaginável daquele dia ensolarado e de céu azul, as pessoas comentavam que foi um dia extremamente silencioso em que sequer ouviram um pássaro cantar. And No Birds Sang é o nome do seu livro sobre aquela semana no centro do mundo.

Fazia tempo que não nos falávamos. De lá pra cá, ele se mudou para Los Angeles, casou e teve um filho. Colocamos o assunto em dia nesta conversa. Na última vez que fui a NYC, Lyle me esperou chegar bem tarde e, para minha absoluta surpresa, me entregou a chave da sua casa e saiu de férias. Nos 40 dias em que fiquei na cidade, eu não fui ao Ground Zero logo ali do lado. Não havia mais nada pra ver, mas muito sobre o que refletir.

Este é o terceiro episódio da série dgdgd+ que o Matinal publica. A primeira entrevista, com o cantor e compositor norte-americano Michael Stipe, pode ser lida aqui. A segunda, com a jornalista musical e biógrafa Sylvie Simmons, pode ser lida aqui.


Diego de Godoy (@dgdgd.tv)
Cineasta dedicado, gaúcho e colorado sem exageros. Meu foco é a criação e realização de projetos audiovisuais voltados para arte e cultura, como diretor, produtor, montador ou roteirista. Em 2013, lancei o documentário 
Sobre Amanhã, que mostra o surgimento e o impacto estético da banda gaúcha DeFalla. Para o canal Arte 1, dirigi a série Arquitetos Brasileiros, de 2015, e criei e dirigi a série Work in Progress, produzida pela Pródigo Filmes e exibida desde 2016. A 3a temporada está em fase de desenvolvimento. Meus trabalhos mais recentes foram o documentário BCSP50, sobre os 50 anos do Balé da Cidade de São Paulo, e durante a pandemia, fiz a direção de imagens do musical Jacksons do Pandeiro e da peça A Hora da Eestrela ou O Canto de Macabéa.
Sou o maior fã de R.E.M. do hemisfério sul. A modéstia me impede de reivindicar o norte.
 Acesse o site www.dgdgd.tv

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