Notas | Teatro

A arte de reinventar o teatro e o público

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A arte de reinventar o teatro e o público Cena do espetáculo Body A. Foto: Arne Schmitt/Divulgação

A 27ª edição do Porto Alegre Em Cena, que estreia no dia 21 de outubro, é uma mostra da reivenção e da transformação da arte e a forma como o público assiste e entende o teatro. Os palcos agora são virtuais, assim como as ruas de Porto Alegre e a casa de cada um dos espectadores. A proposta consiste em uma nova forma de teatro. Ou várias.

Para dar início a programação do festival, a estreia nacional da video-performance-instalação Marcha À Ré (dia 21 de outubro, às 21h), que é um filme de Eryk Rocha, a partir da performance do Teatro da Vertigem e Nuno Ramos.

— Esse trabalho é um dos acontecimentos mais importantes do ano e marca o início do processo de co-produções do Porto Alegre em Cena. Fizemos esse trabalho em conjunto com os artistas e a Bienal de Performance de Berlim — comemora o diretor do Festival, Fernando Zugno.

Em seguida, a produção escocesa Body A (de 21 a 30 de outubro, sempre às 20h30min), uma vídeo-instalação, de Colette Sadler e Mikko Gaestel. A obra reenquadra a ideia de tecnologia e testa limites sobre a relação entre humano e não humano, entre corpo e dados/informação. O espetáculo ganha transmissão no Canal em Cena e também projeções em prédio de Porto Alegre. Ao lado de As I Collapse (dias 29 e 30 de outubro – 18h, 18h45min, 20h e 20h45min), original da Dinamarca, as duas produções correspondem as atrações internacionais desse ano.

Serão utilizadas plataformas de comunicação digital, como tantos outros já fazem, mas o Em Cena também vai interagir com o público de uma forma que nuca foi feita. Serão apresentações individuais, locais, internacionais, nacionais, lives, discussões e o formato será por meio de projeções, ligação telefônica, WhattsApp, Zoom, e-mail, Instagram, YouTube, Spotify, Deezer.  

Dessa maneira, por meio das ferramentas da internet, será levada arte ao público sem fronteiras geográficas. Terá cenários sonoros – com os sons do sertão e a galeria virtual do Teatro Máquina, assim como nos semáforos da capital gaúcha e projeções em grandes edifícios pela cidade. Definitivamente, será uma nova forma de ver e fazer a arte cênica. 

Entre as exibições nacionais estão confirmados Sete Estrelas do Grande Carro 2015-2020: livro digital e galeria virtual do Teatro Máquina de Fortaleza, Marcha À Ré, Juntos e Separados da Anti-Status Quo de Brasília, Tudo que coube em uma VHS do grupo Magiluth de Recife e a residência artística Forte da Inquieta Cia. de Fortaleza com os artistas de Porto Alegre.

Além dos espetáculos e produções locais inscritos e selecionados por meio de chamamento público. Os convidados pelo festival irão executar, sem aglomerações, as instalações urbanas-humanas em pontos específicos da cidade. Entre os destaques dos conteúdos reflexivos e formativos estarão oficina e master class com Janaina Leite, enquanto Valéria Barcellos conduz discussões diversas sobre representatividade.

Neste ano, os palcos de teatros locais não serão ocupados pelo festival, mas o preenchimento será feito com novas ideias de manifestações, de criações e de espetáculos. O isolamento social não exige isolamento cultural. E a 27ª edição do Porto Alegre Em Cena será, ao mesmo tempo, a prova disto e um registro histórico de como fazer teatro em um cenário tão adverso como o atual.  

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