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Espetáculos, performances e temáticas diversas no Festival Arte como Respiro

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Espetáculos, performances e temáticas diversas no Festival Arte como Respiro "Dentro", do coletivo gaúcho Das Flor, integra esta edição. Foto: Matheus Avila/Divulgação

De 21 a 25 de outubro, o Itaú Cultural leva para o seu site mais um bloco do Festival Arte como Respiro – Edição Cênicas, reunindo, desta vez, 17 apresentações de sete diferentes estados.

Esse novo recorte é marcado pela predominância de performances e espetáculos completos de teatro, com temáticas que abordam assuntos diversos como representatividade, lembranças, questões sociais e as consequências e diferentes olhares sobre o isolamento. Após entrarem no ar, sempre às 20h, as apresentações ficam disponíveis no site por 24 horas, para que possam ser assistidas virtualmente.

Este segundo bloco de outubro da edição cênica do Festival começa com uma programação intensa e quase toda paulista. Estudos para um Vídeo Circo, da companhia Mano a Mana, abre a noite com o trabalho desta dupla circense, que desde o início da suspensão social aproveitou o seu flerte com a linguagem do audiovisual para registrar a criação de exercícios usando os limites da casa.

Na sequência, o Projeto Hito apresenta em Às Vez|o|s, que parte do vocábulo vezo – segundo o dicionário, pode significar costume censurável, modo repetido de agir ou reincidência – para retratar a rotina de um casal que já se habituou a viver em conjunto, mas esqueceu o quanto a presença do outro é importante para um bom convívio.

Também como fruto do isolamento, Giovanni Venturini apresenta Poesia de Quarentena, número que surgiu despretensiosamente nas redes sociais do ator, que passou a registrar em vídeo a nova rotina na quarentena, usando a poesia como válvula de escape para a solidão e como um escudo de esperança.

Com uma programação enxuta, porém densa, a quinta (22/10) traz duas apresentações. A abertura fica por conta de Dentro, do coletivo gaúcho Das Flor, composto por artistas de dança, teatro, circo, música, artes visuais e cinema, que investigam a fusão dessas linguagens.

Trata-se de um vídeo-performance que expressa as emoções que atravessam o espaço no qual se habita. Esta casa – agora, corpo ou corpo-casa –, está resguardada dentro da casa-habitação, convivendo intensamente com tudo que se acumula dentro e fora, convivendo com as emoções pessoais e com as emoções dos que compartilham deste espaço.

Uma Lei Chamada Mulher é o espetáculo do coletivo paulista Takamakina, que complementa a grade do dia. Peça teatral com direção de Lenise Pinheiro e texto de Consuelo de Castro, ela retrata a história real de Maria da Penha, marcada pelos diferentes momentos de um relacionamento abusivo e pela violência que quase lhe custou a vida.

A montagem aborda o abuso contra a mulher e as atrocidades que se infiltram pelas frestas e se instauram no ambiente doméstico. Misturando doses de ficção e realidade, mostra como sedução, encantamento e magia se transformam em assombros em diálogos extraídos do cotidiano de muitas Marias.

A literatura é a base para as apresentações de sexta (23/10), que também traz uma estreia. A noite é aberta por Receitas Antitédio: Quarentena, da Companhia Barco, de São Paulo, com um miniprograma satírico de três episódios, baseado na obra Pequenas Sugestões e Receitas de Espanto Antitédio para Senhores e Donas de Casa, da escritora Hilda Hilst. Em cena, os apresentadores, entre receitas cômicas e absurdas, compartilham anedotas biográficas da autora, em uma homenagem à poeta que teria feito 90 anos em abril de 2020.

Circo, performance e teatro compõem as atividades do festival no sábado (24/10), que começa com IsolARTe, de Ana Clara Atui, do Espaço ART NO AR, de São Paulo. Empresária e mãe em isolamento, sentindo necessidade de se expressar e de buscar novas maneiras de tocar seu público, a artista apresenta um número de tecido acrobático, mostrando que é necessário voltar-se para dentro de si e se reinventar, como o circo vem se reinventando na pandemia.

A atriz cearense Jéssica Teixeira fecha a noite com E.L.A., solo criado a partir da investigação cênica de seu corpo, tido como estranho, e das maneiras como ele se desdobra, desestabilizando e potencializando outros corpos e olhares. Com temática diretamente relacionada ao corpo físico, trazendo questões como beleza, saúde, política, feminilidade e acessibilidade, a peça mescla vídeo, artes plásticas e dramaturgia por meio de colagens e textos autobiográficos da atriz, refletindo acerca da aceitação e do lugar de cada um no mundo.

Questionamentos sobre a vida atual ou sobre o tempo norteiam o último dia de programação, domingo (25/10), costurada por performances e um espetáculo da Intrépida Trupe, que festeja seus 34 anos de criação.

Em Autocuidado, ação para vídeo registrada com um celular durante o isolamento social, o performer paranaense Maikon K propõe uma meditação ativa e de resistência, usando uma câmera e um preservativo. Após vestir o objeto como uma máscara, o artista não usa mais mãos, mas só os pulmões, respirando dentro do preservativo, que cobre o rosto.

Por sua vez, o ator pernambucano Marco Salomão está na performance Isolamento Horizontal ou Arte em Home Office. Em cena, ele reflete sobre o tempo, a rotina modificada, o medo, a frustração, o distanciamento, o espetáculo interrompido, a estreia adiada, a conta a pagar, a saudade dos amigos e a preocupação com o futuro. Mas só o essencial funciona.

Quem encerra a programação é À Deriva, espetáculo da Intrépida Trupe. Grupo carioca pioneiro e referência do novo circo no Brasil, eles mostram o registro do espetáculo que comemora seu trigésimo quarto aniversário de fundação.

Isolamento Horizontal. Foto: IC/Divulgação
Mulheres Negras. Foto: IC/Divulgação
Casa Esquecida. Foto: IC/Divulgação

quarta-feira, 21 a 25 de outubro de 2020 | 20h00

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