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Programação virtual Cena Agora traz olhares sobre o nordeste

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Programação virtual Cena Agora traz olhares sobre o nordeste "Clowns de Shakespeare". Foto: Rafael Telles/Divulgação

De 15 a 18 de abril, às 20h, o Itaú Cultural estreia a programação virtual Cena Agora, projeto do Núcleo de Artes Cênicas que tem como proposta exibir cenas criadas especialmente para o programa a partir de alavancas poéticas provocadas por questões atuais.

Nesta primeira edição, a temática Encruzilhada Nordeste(s): (contra)narrativas poéticas conduz uma programação de bate-papos e seis apresentações de artistas de cinco diferentes estados da região. A proposta é criar uma pluralidade de perspectivas sobre o tema, questionando as construções estereotipadas ou colonizadas das identidades nordestinas diante da diversidade polifônica desse universo.

Todas as atividades acontecem plataforma Zoom e são seguidas por conversas dos elencos com críticos e artistas convidados. Gratuitos, os ingressos devem ser reservados via Sympla. Para mais informações, basta acessar www.itaucultural.org.br.

Cena Agora – Encruzilhada Nordeste(s): (contra)narrativas poéticas tem início nesta quinta (15/4), com uma mesa de abertura, que leva ao público um olhar para o tema da programação antes de leva-lo à cena. Para tanto, reúne a encenadora, pesquisadora e pedagoga teatral Maria Thais e o historiador Durval Muniz de Albuquerque Jr., autor do livro A invenção do Nordeste e outras artes, que serviu de base para o premiado espetáculo teatral A invenção do Nordeste, do grupo Carmin, do Rio Grande do Norte. Este conta a história de um diretor que é contratado para selecionar um ator nordestino que possa interpretar com maestria um personagem nordestino. Os selecionados para o papel passam a refletir sobre sua identidade, cultura e história pessoal, descobrindo que ser e viver um personagem nordestino não é fácil.

Na sexta (16/4), o grupo de teatro Clowns de Shakespeare, do Rio Grande do Norte, apresenta uma cena feita para o Encruzilhada Nordeste, tentando unir as provocações do tema à pesquisa que o grupo vem fazendo sobre criação cênica online. No trabalho, o elenco dirigido por Fernando Yamamoto propõe uma relação de jogo com o público, questionando recorrências do senso comum em relação ao fluxo dos nordestinos para o sudeste, tanto em um recorte histórico, quanto em um contexto mais atual – em especial sobre São Paulo ser a nova capital do nordeste.

No sábado (17/4), o coletivo No barraco da Constância tem! do Ceará, apresenta O Desaparecimento do Jangadeiro Jacaré em Alcácer-Quibir. Ele parte da história real do jangadeiro cearense Manuel Olímpio Meira (1903-1942), conhecido como Jacaré, que em 1941 viajou até o Rio de Janeiro para reivindicar ao presidente Getúlio Vargas os direitos trabalhistas de sua classe pesqueira. Depois de uma bem sucedida empreitada, ele foi convidado, no ano seguinte, pelo cineasta Orson Welles, a participar de um filme sobre os pescadores e a reproduzir com sua tripulação a cena da chegada dos jangadeiros à baía de Guanabara. Porém, durante as gravações, a embarcação virou e Jacaré desapareceu para sempre.

Na cena, na história, na rede ou no tecido do espaço e do tempo, essa fenda apresenta inúmeras hipóteses a respeito do sumiço de Jacaré e de sua saga. A fábula do nordestino em direção ao epicentro do Brasil toma outros rumos, inaugurando novas possibilidades empreendedoras com a profecia do seu reaparecimento.

No domingo (18/4), última noite da programação, Cena Agora – Encruzilhada Nordeste(s): (contra)narrativas poéticas reúne trabalhos que discutem a temática central a partir da relação com o corpo. As críticas Pollyana Diniz e Ivana Moura também conduzem a rodada de conversas neste dia.

Do Maranhão, Boca coloca em cena o artista Erivelto Viana, sob direção de Urias de Oliveira. Partindo da ideia da boca como uma energia evocação, são colocados em questão o dentro, o fora, o centro, o tudo e o nada. Boca é o que tudo come, buraco da criação, um lugar de passagem, atravessamento, encruzilhadas. Energia evocação no encontro (entre) eu/Exu. O dentro, o fora. O tudo e o nada. O centro. Boca que tudo come, buraco da criação. Corpo lugar de passagem, atravessamento, encruzilhadas.

Por fim, da Bahia, o grupo Dimenti apresenta Web-Strips: Volume Encruzilhadas, que tem como ponto de partida o projeto de 2018 Strip Tempo – stripteases contemporâneos, motivado pela pergunta: como despir a poética de uma carreira? Com direção de Jorge Alencar e codireção de Larissa Lacerda e Neto Machado, a cena reúne na configuração de vídeo-performances os artistas Fábio Osório Monteiro, Jaqueline Elesbão e João Rafael Neto, que desnudam corpos, casas, carreiras, a memória e o digital.

Fabíola Nansurê. Foto: Magali Moraes/Divulgação
“Clowns de Shakespeare”. Foto: Rafael Telles/Divulgação

quinta-feira, 15 a 18 de abril de 2021 | 20h00

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