Notas | Unimúsica 2021

Unimúsica 40 anos: presente e transversal

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Unimúsica 40 anos: presente e transversal Lia de Itamaracá. Foto: Ytallo Barreto

O projeto Unimúsica chega aos 40 anos apresentando o festival Uni 40: Música da Presença de 27 de setembro a 8 de outubro. A programação, inteiramente online e gratuita, inclui espetáculos virtuais com artistas de diferentes partes do Brasil, ciclo de conversas com convidados internacionais, mostra discente e podcasts.

Ao longo de quatro décadas, o Unimúsica se tornou um espaço de referência para a difusão da música brasileira. A edição de 2021 amplia esse horizonte e celebra a força das artes na transversalidade entre música, dança, teatro, circo e performance. Ainda que tome a forma de um festival online, o Uni 40 escolhe afirmar a cena viva, baseada na copresença entre artistas e espectadores, profundamente atingida pela pandemia de covid-19.

A primeira semana do festival, de 27 de setembro a 1º de outubro, leva ao público dez espetáculos virtuais, gravados em diferentes cidades brasileiras, especialmente para o Unimúsica. Ganham espaço tanto as trilhas sonoras compostas para espetáculos de dança e teatro, quanto trabalhos que exploram o hibridismo circense e os atravessamentos entre as linguagens na prática da colaboração e do improviso, sem deixar de fora a relação entre corpo, música e cena na ciranda do Nordeste e nas tradições afrogaúchas. Participam Álvaro RosaCosta (RS), Arthur de Faria (RS), Caio Amon (RS), Cia Pé no Mundo (SP), Eric Barbosa (CE), João Pedro Cé (RS), José Miguel Wisnik (SP), Lia de Itamaracá (PE), Lívia Mattos (BA), Lívia Nestrovski (SP), Nenem Menezes (MG), Paulo Romeu (RS), Rafé (SP), Silvana Rodrigues (RS), Tomás Oliveira (RS), Uirá dos Reis (CE) e Yasmim Salvador (CE), entre outros músicos convidados.

Um ciclo de conversas, na semana seguinte, de 4 a 8 de outubro, convida à reflexão, levantando temas multifacetados em torno da proposta do festival. Por meio de videochamadas, as mesas promovem o diálogo entre artistas espalhados pelo Brasil e no exterior, entre eles a bailarina e coreógrafa senegalesa Germaine Acogny, considerada a mãe da dança africana contemporânea; o compositor francês Jean-Jacques Lemêtre, integrante do Théâtre du Soleil; e a compositora argentina Carmen Baliero, professora da Universidad Nacional de las Artes.

Complementam a programação do festival a Mostra Discente, que exibe trabalhos transdisciplinares inéditos produzidos por artistas estudantes da UFRGS no dia 2 de outubro, sábado; e uma série de podcasts, em parceria com a Rádio da Universidade, que prepara os ouvidos do público com entrevistas na véspera dos espetáculos.

Espetáculos, conversas e mostra discente estreiam sempre às 20h, no canal do Departamento de Difusão Cultural da UFRGS no YouTube (os espetáculos também serão disponibilizados no YouTube da UFRGS TV). A programação completa pode ser conferida no site difusaocultural.ufrgs.br.

A equipe curatorial do Uni 40: música da presença é formada por Ana Fridman, Ana Laura Freitas, Lígia Petrucci, Rui Moreira, Suzi Weber e Valência Losada. O Unimúsica é uma realização do Departamento de Difusão Cultural da Pró-Reitoria de Extensão da UFRGS, e conta com a parceria cultural da Fundação Médica do Rio Grande do Sul.

Espetáculos virtuais

27 de setembro a 1ª de outubro | 20h

27 de setembro, segunda-feira

PRESENTE (SP)
José Miguel Wisnik

Desde As boas, de Jean Genet, em 1991, espetáculo que marca a volta de Zé Celso Martinez Correia ao teatro brasileiro, depois de um longo período de exílio e ostracismo, José Miguel Wisnik compôs canções para o Teatro Oficina. Entre elas estão “As quatro estações”, que permanecem como músicas propiciatórias da fé cênica, a cada ciclo anual; “Flores horizontais”, “Noturno do mangue”, “Coração do mar” e “São Paulo Rio”, feitas para Mistérios gozozos, sobre texto de Oswald de Andrade; “Cacilda”, música tema de Cacilda!, para Cacilda Becker; “Comida e bebida”, que tem como letra um trecho de Bacantes, tragédia de Eurípedes, vertida para a tragicomediorgia musical brasileira; e “Hégira”, feita para O Homem 2 / Os sertões, de Euclides da Cunha. “Mortal loucura”, uma canção composta para o espetáculo de dança Onqotô, do Grupo Corpo, sobre poema de Gregório de Matos, encerra o espetáculo. Para este espetáculo concebido especialmente para o Unimúsica, José Miguel convidou o cantor Celso Sim e a cantora Marina Wisnik pelos laços comuns que os unem, entre outras coisas, à experiência do Teatro Oficina. Participam também Swami Jr (contrabaixo e violão) e Sérgio Reze (bateria e gongos melódicos). A gravação, filmagem, mixagem, edição e masterização foi feita por André Mehmari no Estúdio Monteverdi, na Serra da Cantareira.

CENAS SONORAS (RS)
Caio Amon

O compositor e produtor musical Caio Amon apresenta temas de suas trilhas para teatro e dança em um concerto concebido especialmente para o Unimúsica, celebrando a diversidade e colaboração musical. Iniciando com arranjos camerísticos para piano, clarinete e flauta, o concerto explora o diálogo entre o erudito, o jazz, a ópera, a música flamenca e o universo violonístico, encerrando com sambas interpretados pela cantora Valéria Barcellos. Os músicos convidados são a pianista Olinda Allessandrini, o clarinetista Diego Grendene, o violonista Thiago Colombo, a soprano lírica Cintia de los Santos, a percussionista Mestra Alexsandra e o saxofonista Cleomenes Junior. Participação do Grupo Máscara Encena e da bailarina Camila Vergara. O espetáculo foi gravado pela UFRGS TV no Estúdio Soma, em Porto Alegre, com apoio da Person Pianos.


28 de setembro, terça-feira

TRAVESSIA EM LUTO (CE)
Yasmim Salvador, Eric Barbosa e Uirá dos Reis

Texturas, sonoridades, consonantes, constante, harmônica, orgânicas sintetizadas, conflituosa, suaves e agressivas, a melodia volta a enraizar os movimentos em dança. O espírito e a essência saltam para fora. Suas mãos e seus pés são travessia em camadas de expressões, no fluxo dos rios. Não se afastam dela. O espírito está sempre em movimento. O tempo nos testa. Deve ser um jogo?


DA CENA À CANÇÃO (RS)
Álvaro RosaCosta

O espetáculo é constituído a partir dos últimos trabalhos de Álvaro RosaCosta levados à cena. Foram selecionados processos que representam as diversas formas e pontos de partida para a música/som em cena. O predomínio é de um trabalho que ainda está no início de produção. Chama-se: Amazônia (Projeto Gompa). Das treze músicas, nove são deste projeto. As outras são oriundas dos espetáculos “Sambaracotu” (2019), “Dona Flor e seus dois maridos” (2016), “Leitura da dramaturgia de Hermes Mancilha” (2018) e “A vó da menina” (2021).


29 de setembro, quarta-feira

ATO PERENE: O PROCESSO COMO OBRA (SP/MG)
Cia Pé no Mundo e Nenem Menezes

Espetáculo concebido especialmente para o Unimúsica, gravado na Associação Cultural Cachuera e no Teatro Alfa, em São Paulo. Sensibilizado e inspirado pela mais recente criação da Cia – a websérie “Traduções simultâneas: Corpo, música e pensamento complexo” –, esse novo experimento cênico busca evidenciar a potência, a dinâmica de contaminação e interdependência e o movimento de circulação entre as linguagens da dança, da música e do audiovisual. Propomo-nos descortinar o processo íntimo de criação, permitindo que o público lance novos olhares e percepções sobre os afetos mobilizados e as contaminações possíveis entre essas linguagens.


MÚSICA A SERVIÇO (RS)
Arthur de Faria

“Música a serviço” é uma passada por 35 anos de trabalho de Arthur de Faria como prestador de serviços na arte de escrever música para teatro. Para este espetáculo, gravado pela UFRGS TV na Audio Porto, em Porto Alegre, especialmente para o Unimúsica, Arthur reuniu seus dois principais projetos atuais: o duo com Áurea Baptista, atriz e cantora, que interpreta as sete canções; e a Tum Toin Foin Banda de Câmara, que executa seis temas instrumentais.


30 de setembro, quinta-feira

IMERSÃO ABISSAL (RS)
João Pedro Cé e Silvana Rodrigues

Sem sair do lugar, “Imersão Abissal” desbrava os limites entre a realidade afugentadora e a ficção curativa. Estas são as molas que impulsionam a lucidez do encontro entre duas pessoas que buscam entender a criação do universo artístico. A dupla utiliza o deboche como método, no momento em que estabelecer contato e ser criativo evidencia as inseguranças de viver o “novo precário”. Entre mensagens de áudio, sintetizadores, loopings e semi-canções, este concerto apresenta uma assimetria sonora para colorir suas narrativas. Sugerimos que sejam utilizados fones de ouvido para uma experiência completa. O espetáculo foi concebido especialmente para o Unimúsica e gravado pela UFRGS TV na TRANSCENDENTAL áudio, em Porto Alegre.


RETUMBANTES (SP)
Lívia Mattos, Lívia Nestrovski, Rafé e Tomás Oliveira

Quatro artistas buscam a sua forma de ser e estar no mundo, em ressonância paradoxal entre os seus anseios e a incoerência da existência. Um homem que perdeu a cabeça, gêmeas siamesas de genealogias diversas e um beatboxer malabarista têm a música como linguagem de interlocução entre eles e também com o seu entorno. Trata-se de figuras espaventosas que reverberam truques de como inventar formas de existir e ressoar. O espetáculo foi gravado na Casa Teatro de Utopias, em São Paulo, especialmente para o Unimúsica.

1º de outubro, sexta-feira

AFROS DO SUL (RS)
Paulo Romeu e Carine Brazil

Espetáculo gravado pela UFRGS TV na TRANSCENDENTAL áudio, em Porto Alegre, especialmente para o Unimúsica. Inicia com o pedido de licença aos nossos orixás, guias espirituais e ancestrais. O show é concebido em duas partes. Partindo de referências da linguagem do tambor falante, usado pelos griots africanos que cantavam as histórias do continente e usavam muito esse tambor para se comunicar. Na sequência, vem o trabalho com os instrumentos de madeira: cajons, que tem procedência peruana, e habaneras, de origem cubana, e depois com as tanajuras, que são brasileiras. A música angolana “Morro da Maianga” de André Mingas, que fala da vida rural de Angola e o choque cultural com a chegada dos colonizadores portugueses. Na segunda parte, ressalta o swing Afro-Gaúcho com levadas de Violão, sopapo e baixolão, mostrando, entre outras coisas, a levada rítmica criada pelo Afro-Sul chamada de Porongada em homenagem aos Lanceiros Negros traídos, emboscados e massacrados no final da Revolução Farroupilha.


CIRANDA DE LIA (PE)
Lia de Itamaracá

Em espetáculo gravado pela Cabra Quente Filmes na Fábrica Estúdios, em Recife, especialmente para o Unimúsica, Lia de Itamaracá faz um passeio com uma ciranda de ritmos, passando pelo coco, maracatu, maxixe e as peças mais famosas do universo da ciranda, além de visitar seu trabalho atual com Dj Dolores, Ciranda Sem Fim, patrocinado e lançado pelo selo Natura Musical.

Ciclo de conversas

De 4 a 08 de outubro | 20h

4 de outubro, segunda-feira

Atcha, atcha! o ato de dançar
Rui Moreira (RS)
Suzi Weber (RS)

5 de outubro, terça-feira

O barqueiro zen no universo da música para teatro
Caio Amon (RS)
Jean-Jacques Lemêtre (França)
Marcello Amalfi (SP)

6 de outubro, quarta-feira

Da música ao silêncio em artes vivas: a criação sem fronteiras
Ana Fridman (SP/RS)
Carmen Baliero (Argentina)
Catarina Domenici (SP/RS)

7 de outubro, quinta-feira

Sons da lona: a música parceira do circo
Lara Rocho (RS)
Lívia Mattos (BA/SP)
Marcelo Luján (ARG/BRA)

8 de outubro, sexta-feira

Ancestralidade e performances: presença negra nas ruas como palco de resistências
Mariana Gonçalves (RS)
Negra Jaque (RS)
Thiago Pirajira (RS)

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