Juremir Machado da Silva

A noite em que entrevistei Jorge Luis Borges

Change Size Text
A noite em que entrevistei Jorge Luis Borges Gilberto Schwartsmann abre a exposição "Babel (in)finita"| Fotos: Ana Claudia Rodrigues

Entrevistei muita gente importante na vida. Por exemplo, Astor Piazzolla, prêmios Nobel como Wole Soyinka, Mario Vargas Llosa e José Saramago. Não imaginava entrevistar o mítico escritor argentino Jorge Luis Borges.

Ainda mais tantos anos depois da morte dele. O inédito encontro aconteceu nesta terça-feira, durante a inauguração da exposição Babel (in)finita, com o acervo de obras de Gilberto Swcharstsmann, na Biblioteca Pública do Estado do Rio Grande do Sul. A mostra é um espetáculo. A abertura foi um sucesso total, com presença até de imortal, no caso, o poeta Carlos Nejar, membro da Academia Brasileira de Letras, e de muita gente importante da área cultural.

Gilberto Schwartsmann – romancista, dramaturgo, poeta, bibliófilo, cuja peça A força da arte, estreia hoje no teatro Olga Reverbel (Multipalco São Pedro), com Zé Adão Barbosa e Arlete Cunha – é um agitador cultural incansável e criativo. Ele me surpreendeu com o convite para entrevistar Borges diante do público.

Admirador do argentino, leitor recorrente de contos como O Sul, A Biblioteca de Babel, O Aleph, O Homem da esquina rosada e tantos outros, aceitei o convite na hora. Tinha muito a perguntar ao autor de História da eternidade e História universal da infâmia. Quis saber sobre a sua descoberta dos livros, sua vida em Genebra e na Espanha, seu retorno à Argentina, suas influências literárias, seus gostos e sua cegueira. Sim, perguntei-lhe se havia visto, antes ou depois da cegueira o Aleph, o ponto de encontro de todos os pontos do universo. Quis saber também o que ele faz na eternidade, se conhecia o curador de exposições Facundo Sarmiento, se tinha contato com Gilberto.

Entrevistando Borges sob olhar de Beatriz Araújo

Tanta coisa. Respondeu-me remotamente com sua voz mais do que conhecida, característica, enquanto sua imagem mexia-se na tela com as hesitações comuns de um homem na idade em que ele morreu. Quem o ouviu, não teve dúvidas: era a voz do velho Borges, o gênio de Buenos Aires. A secretária da Cultura do RS, Beatriz Araújo, acompanhou bem de perto minha conversa com Borges e pode confirmar o teor da entrevista, que foi gravada e certamente será mostrada na íntegra em breve. Terminei emocionado.

Ao sair, encontrei Gilberto Schwartsmann e transmiti o abraço que lhe mandara o autor de Informe de Brodie.

Considero essa entrevista como histórica. Uma das mais impressionantes que fiz em quase 40 anos de jornalismo. Ela só foi possível graças à inteligência artificial. Enquanto eu permanecia sentado questionando Borges, diante da sua imagem na tela, como num encontro por aplicativo, Gilberto Swchartsmann, noutra sala, respondia com base nos seus conhecimentos e em entrevistas dadas pelo argentino para jornais. As suas respostas entravam num computador, saíam em outro e, pela magia da IA, ganhavam a voz de Borges. Uma deliciosa e convincente brincadeira. Ciência e alto tecnologia a serviço da arte. Um trabalho da Box Visual Experience.

Quero fazer uma entrevista com Rimbaud na África.

Obrigado, Gilberto. Foi demais!

Ouça a seguir parte da entrevista com Borges:

https://x.com/juremirm/status/1778088103590117800

Box Visual Experience:

Diretor Executivo (Box Visual): Pablo Salmeri
Atendimento (Box Visual): Mariana Konrath
Técnico/operador evento (Box Visual): Antonio Michelon
Operadora de Metahuman (Box Visual): Adriana Michelon
Desenvolvedor de IA de Voz (Box Visual): Pablo Salmeri e Antonio Michelon
Designer/diretor de arte 3D (BlueDot VP): Everton Farias
Coordenador/Produtor 3D (BlueDot VP): Juan Roque
Artista 3D/Rigger (BlueDot VP): Diego Foschiera
Artista de Vestuário 3D (BlueDot VP): Julia da Silva Dorneles

RELACIONADAS

Esqueceu sua senha?

ASSINE E GANHE UMA EDIÇÃO HISTÓRICA DA REVISTA PARÊNTESE.
ASSINE E GANHE UMA EDIÇÃO HISTÓRICA DA REVISTA PARÊNTESE.