Juremir Machado da Silva

Borges na Biblioteca Pública do Estado

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Borges na Biblioteca Pública do Estado Babel (in)finita/Fotos divulgação

Intelectual, romancista, poeta e dramaturgo, o médico Gilberto Schwartsmann, presidente da OSPA, é um agitador cultural incansável. Ele está de volta em dose dupla: teatro e exposição. Na Biblioteca Pública do Estado (BPE), nesta terça-feira, 9 de abril, às 19 horas, acontece a sessão de abertura da sua mostra “Babel (in)finita”, que já esteve na Academia Nacional de Medicina, no Rio de Janeiro, e na Academia Brasileira de Letras. Estarei lá dialogando com o argentino Jorge Luis Borges. No teatro Olga Reverbel (Multipalco São Pedro), de 11 a 14 e de 18 a 21 de abril, A Força da Arte, o heptameron, comédia de Schwarsmann, com direção de Zé Adão Barbosa e atuação de Arlette Cunha, Zé Adão, Adriana Collares, Zé Passos, Ana Kerwaldt, Anderson Leal e Juliano Passim. Retrato da burguesia na pandemia.

 

“Babel (In) Finita é uma viagem fascinante pela história da Literatura Ocidental, com primeiras edições e obras raras dos séculos XVI, XVII e XVIII, até os tempos mais recentes, através dos olhares e textos de Jorge Luis Borges. A exposição, que reúne mais de 300 obras do acervo privado do médico e bibliófilo gaúcho Gilberto Schwartsmann”, informa a divulgação. Um detalhe chama a atenção: curadoria de Facundo Sarmiento e ilustrações de Zorávia Bettiol. Quem é esse curador? Que ligação tem com o ilustrador Sarmiento argentino? E Borges, o que tem a dizer sobre sua trajetória e suas mitologias?

A mostra “Babel (in)finita” tem promoção da Secretaria de Estado da Cultura, Biblioteca Pública do Estado e Associação dos Amigos da Biblioteca. Entre os tesouros a descobrir, primeiras edições e obras raras: Decameron, de Bocaccio (1520), Tomás de Aquino (1577) Poética, de Aristóteles (1601), primeiras edições de Kafka, Proust e Joyce. Para apimentar, edições raríssimas de obras de Shakespeare. E mais: “Entre as 300 obras que serão expostas estão edições raras da Divina Comédia de Dante (1866), Mil e Uma Noites, Bíblia Sagrada e Dom Quixote (1862). A Literatura Brasileira também terá espaço exclusivo, com edições raras de Machado de Assis, Graciliano Ramos e Guimarães Rosa, entre outros”. Eis um programa obrigatório. Porto Alegre pulsa.

Leitor de gosto sofisticado, Gilberto Schwartsmann curte Marcel Proust e Borges. Nada mal. A sua peça A força da arte explora os melhores e principalmente os piores sentimentos humanos em situação extrema, por exemplo, durante um confinamento como o da pandemia da covid-19. Na serra, numa mansão invejável. Anfitriões e convidados se descortinam. O encoberto emerge, o não-dito vira desdita, os interesses chocam-se com as paixões e tudo se funde e confunde. 

Pela mão de Borges: “O universo (que outros chamam a Biblioteca) compõe-se de um número indefinido, e talvez infinito, de galerias hexagonais, com vastos poços de ventilação no centro, cercados por balaustradas baixíssimas. De qualquer hexágono, veem-se os andares inferiores e superiores: interminavelmente. A distribuição das galerias é invariável. Vinte prateleiras, em cinco longas estantes de cada lado, cobrem todos os lados menos dois; sua altura, que é a dos andares, excede apenas a de um bibliotecário normal”.

E mais:  “Uma das faces livres dá para um estreito vestíbulo, que desemboca em outra galeria, idêntica à primeira e a todas. À esquerda e à direita do vestíbulo, há dois sanitários minúsculos. Um permite dormir em pé; outro, satisfazer as necessidades físicas. Por aí passa a escada espiral, que se abisma e se eleva ao infinito. No vestíbulo ha um espelho, que fielmente duplica as aparências. Os homens costumam inferir desse espelho que a Biblioteca não é infinita (se o fosse realmente, para quê essa duplicação ilusória?), prefiro sonhar que as superfícies polidas representam e prometem o infinito…”

Tambor tribal

Previsão eleitoral

Estamos em ano eleitoral. Como será a campanha para a prefeitura de Porto Alegre? Será assim: no primeiro eixo, debate sobre privatizações. Carris e Equatorial (mesmo sendo uma questão estadual) estarão no centro das disputas. Mas, no segundo eixo, que poderá se tornar o primeiro, bolsonarismo versus petismo, PL X PT. Alguns candidatos tentarão correr por fora e vencer a polarização. Será como tentar torcer pelo Juventude contra a dupla Gre-Nal. A decisão possivelmente acontecerá nos pênaltis. Alguém tentará uma cavadinha?

Frase do Noites

O iluminista em crise de nostalgia: “Triste não é saber que não se tem futuro; triste é saber que se ficou sem passado”.

Imagens e imaginários

No Pensando Bem, que vai ar todo sábado, 9 horas, na FM Cultura, 107,7, em parceria com a Matinal, a revista Parêntese e a Cubo Play, e apoio da Adufrgs Sindical, Nando Gross e eu entrevistamos o sociólogo francês Philippe Joron, que já morou em Recife e em Maceió e conhece bem o Rio de Janeiro, além de ser professor visitante na PUCRS. O Brasil visto por um francês. Uma conversa sem tabus.

Escuta essa

O melhor de Gal Costa para não esquecer que ela marcou pela sua voz cristalina e pelo seu bom gosto na escolha do que cantar. Negro amor é o fino da poesia, de uma tristeza que faz sonhar.

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