Juremir Machado da Silva

Com o Movimento Negro em Uruguaiana

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Com o Movimento Negro em Uruguaiana Na Biblioteca Pública de Uruguaiana, com alunos, falando sobre racismo estrutural | Foto: Marizeth Pinto

Pela segunda vez, a convite do Movimento Negro, estive em Uruguaiana para falar de racismo e de meu livro Raízes do conservadorismo brasileiro: a abolição na imprensa e no imaginário social (Civilização Brasileira). Obrigado, Elza, Marizeth, Fernando, Miriam, vocês são demais.

A primeira vez foi em 2017. Depois disso muita água rolou por cima da ponte: quatro anos da catástrofe Jair Bolsonaro, pandemia, etc. Na Biblioteca Pública de Uruguaiana participei desta vez de um encontro com alunos de ensino médio que haviam lido meu livro e tinha questões e comentários para fazer. Estavam afiados. Presentearam-me com lindos quadros feitos em sala de aula. Não esquecerei da Mônica, que não só me pediu opinião firme sobre os assuntos em pauta, como fez questão de apresentar o seu ponto de vista contundente de rejeição ao racismo.

Foi um show. Meninos e meninos afetivos, interessados e vibrantes. Uma nova consciência em disseminação. Só tenho a agradecer aos professores que trabalharam meu livro com seus alunos. Ao final, uma menina, Ariadne, me mostrou os seus bonitos poemas, tristemente bonitos. Ela vê na arte um sentido que quer abraçar profundamente.

Apesar das dificuldades de transporte, professores conseguiram levar a gurizada para o nosso bate-papo, alguns de carona com seus mestres. Fiquei embevecido com o interesse, o empenho e as com as perguntas, uma melhor do que a outra.

Meninada pergunta | Foto: Marizeth Pinto

Sílvia, uma artista múltipla

Marizeth, Sílvia e Elza |Foto: Ana Cláudia Rodrigues

À tarde, depois do almoço numa bonita Parilla, fomos visitar o ateliê de Sílvia D’Arays, artista plástica distinguida na categoria Cultura Negra do Prêmio Diversidade Cultural. Múltipla, Sílvia vai do carnaval, muito forte em Uruguaiana, à restauração de imagens religiosas. A reciclagem artística de todo tipo de material é o seu mundo. Tudo que cai nas suas mãos vira arte. Ganhamos um lindo quadro. Aprendemos muito numa animada conversa sobre arte popular, festa, sentido de comunidade, laço social, cotidiano, ajuda mútua, cultura e combate ao preconceito.

Obras de Sílvia | Foto: Ana Cláudia Rodrigues

– Este é o meu mundo – disse Sílvia.

Um mundo de cores, vibração, fé na vida e alegria na arte.

Fernando, ampliando o campo das possibilidades

Fernando em seu ateliê

Outra visita instrutiva foi a que fizemos à oficina de robótica do Fernando, situada num belo espaço locado na escola das Irmãs Gianelinas. Ali, Fernando Brongar da Fontoura recebe a gurizada interessada em lidar com informática, robótica, todo esse fascinante mundo das máquinas inteligentes e dinâmicas e impressão em 3D.

Ele e Elza Fontoura nos mostraram que o espaço da inclusão não pode se restringir às humanidades, cultura, dança, música, mas deve estar também se abrir no vasto domínio de todas as ciências. Nada está fora do alcance dos sonhos e das capacidades de cada um. Dá para imaginar o brilho nos olhos da turma diante de todos aqueles robozinhos, circuitos, peças, tudo o que me parece mágica só de existir, funcionar, acionar mecanismos de movimentação.

As escolas públicas da cidade deveriam abraçar tal projeto.

De tirar o chapéu.

Libres, Argentina prisioneira de suas crises

Cláudia foi dar aquele passeio em Libres, na Argentina, onde tudo parece barato demais para quem tem o poderoso dinheiro brasileira. A gasolina por lá anda na casa dos R$ 2. A cidade mostra as marcas da crise e da ascensão do arrivista Javier Milei.

Do outro lado da ponte, começa o Brasil de ontem. Força, hermanos, que seja rápido enquanto dure.

Catadora de gente

Marizeth Pinto Copeceski nos apresentou ao trabalho e à vida de dona Maria Tugira. O que dizer? Simplesmente emocionante. Uma lição de luta, solidariedade, espírito de combate e autoconsciência. Não deixe de ver.

Autógrafos e Feira do Livro para fechar

Para encerrar o dia de atividades, uma sessão de autógrafos no âmbito da Feira do Livro de Uruguaiana. Prefeitura belamente iluminada, a praça central pulsante na noite de temperatura amena, famílias sentadas conversando, tomando mate, danças gauchescas e samba dividindo espaço.

Recebi leitores afetuosos e generosos.

Passei o dia vendo o rio Uruguai e alto e altivo.

Um belo dia em companhia de bravos amigos em luta diária pelo que importa: inclusão social, combate ao racismo, um mundo melhor para todos.

Manoela, suplente pedetista na Câmara de Vereadores compareceu

Bravo!

Rainha do carnaval 2024

Analuzi Pinto Copeceski, filha de Marizeth, concorre à rainha do carnaval. Estamos torcendo por ela. Aliás, conhecemos também o Rei Momo.

Um dia feliz em Uruguaiana.


Casa da Memória promove Roda de Conversa sobre Pedro Weingärtner 

A Casa da Memória, da Unimed Federação/RS, realiza em 2 de dezembro, das 10h às 12h, uma roda de conversa sobre as obras do pintor gaúcho Pedro Weingärtner (1853-1929), em exposição nesse espaço cultural, com o título PW170A – No Campo dos Olhos. A convidada para falar sobre PW é a doutora e pesquisadora em História da Arte Luciana de Oliveira, juntamente com um dos curadores, mestre em Letras, Marco Aurélio Biermann Pinto. A mediação será do curador José Francisco Alves. A Roda de Conversa é gratuita, aberta a todos os interessados na arte do século 19 e de princípios do século 20. 

A Casa da Memória fica na Rua Santa Teresinha, 263, no bairro Farroupilha, em Porto Alegre. Pode ser visitada de segunda a sexta, das 13h às 18h (último acesso às 17h30min), e no primeiro e terceiro sábado do mês, das 10h às 14h (último acesso às 13h30min). A exposição sobre Pedro Weingärtner está em cartaz até 26 de fevereiro de 2024. 

©2023 Nilton Santolin

Lançamento em nova livraria

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