Instituto de Educação, quase um milagre
IEE foi reinaugurado em fevereiro deste ano | Foto: Joel Vargas/Ascom GVG
Por Tiago Holzmann da Silva
O Instituto de Educação General Flores da Cunha é uma das mais importantes edificações escolares do estado. Tombado como patrimônio histórico nas esferas municipal e estadual, é um ícone de Porto Alegre pela sua arquitetura marcante, mas também pelas memórias e significados profundos para a comunidade.
Assumimos um enorme desafio ao vencer a licitação e sermos contratados para o projeto de restauro do IE. Enfrentamos, desde então, a responsabilidade de recuperar e valorizar as características originais da edificação, projetada por Fernando Corona, além de atualizar as estruturas para atender as novas demandas de acessibilidade universal, exigências de proteção de incêndio, novas instalações elétricas e hidrossanitárias, ar-condicionado em todas as salas, entre outras.
Adotamos uma metodologia rigorosa baseada na recuperação do que estava danificado, na eliminação do que era inadequado e na adição apenas do essencial. Cada nova intervenção foi cuidadosamente integrada ao contexto histórico, buscando um discreto contraste com o existente, de forma não protagonista, respeitando a integridade original do edifício e as boas práticas de restauro de imóveis tombados.
Concluímos os projetos, contando com uma equipe de quase 50 profissionais, e ficou evidente que o sucesso da iniciativa dependia não apenas de nossos esforços, mas também da qualidade na execução. Nesse aspecto, destacamos o papel fundamental dos técnicos da Secretaria de Obras Públicas (SOP), cujo compromisso e dedicação foi determinante tanto para a qualidade do projeto, como para os resultados da execução. Após uma primeira tentativa frustrada, cabe relatar também a capacidade da segunda empresa contratada para a execução, experiente e empenhada em entregar a obra com qualidade e respeito ao projeto, algo, infelizmente, pouco comum em obras públicas.
Desde fevereiro, com a escola reinaugurada, vemos não apenas um edifício restaurado, mas também um espaço revigorado, com as salas de aula ganhando vida, o pátio e os corredores ecoando o som das crianças e jovens estudantes e acolhendo novamente toda a comunidade escolar. O edifício, que estava em estado precário, agora resplandece com uma nova vida, mantendo sua identidade histórica, mas adequado para os novos tempos. Para nós, este projeto não é apenas uma realização arquitetônica, mas também um claro testemunho de que a obra pública – a escola pública e o patrimônio, merecem a excelência, o que parece quase um milagre na atual conjuntura.
* Tiago Holzmann da Silva é arquiteto e urbanista da 3C Arquitetura e Urbanismo e um dos autores do projeto de restauro.
