Juremir Machado da Silva

Ameaça russa

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Ameaça russa Foto: Kremlin/Divulgação

Invadir um país em 2022! Não, isso não faz sentido. Ainda mais na Europa. Pois é, Vladimir Putin decidiu infernizar a vida dos ucranianos. Ele tem cara de psicopata. É o novo Tzar. Em homenagem aos tempos atuais, mantém as aparências. Passa por eleições regulares. No começo, alternava funções: ora presidente, ora primeiro-ministro. Depois, cansou dessa simulação. Putin raciocina à maneira antiga: a Rússia tem seu quintal, ou área de influência, e não quer a OTAN por perto. O antigo é quase sempre o mais atual. Putin é perigoso.

Com aquele ar sonso, sempre balançando o pé, quando sentado, mostra olhos turvos. Fala uma coisa, pensa outra e faz o que bem entende. Está sentado em cima de um arsenal nuclear. Um dos seus aliados é o ditador de Belarus, aquele grandalhão sanguinário. São esses caras que chegam ao poder e não saem mais. As multidões aguentam, sofrem, dobram-se ou morrem. Como é que eles conseguem dominar as forças armadas dessa maneira! As massas continuam as mesmas. Biden resmunga, reclama, falta-lhe a entonação adequada. Putin deve achá-lo fraco. Se duvidar, teremos guerra mundial. Depois da pandemia, uma bomba atômica. O mundo nunca sai da sua burrice. Tanta inteligência artificial e tanta estupidez natural, como diria o genial Jean Baudrillard. Deve existir uma inteligência burra. Não é mesmo?

Os doutos falam em geopolítica e em outros termos bonitos como escambau. Nos olhos de Putin se lê algo bem mais rasteiro: uma espécie de imbecilidade incontrolável acionada por uma inteligência fria e cruel. Paradoxo? Oxímoro? Absurdo? Putin tem a cara do poder, assim como Jair Bolsonaro tem cara de catástrofe. Numa época em que a soberania de uma nação e a inviolabilidade do seu território deveriam ser verdades tão certas quanto não ser plana a Terra, o democrata iliberal testa os seus instintos sem a menor cerimônia. Aquela longa mesa branca do Putin, usada, em princípio, para manter distância dos visitantes em tempos de pandemia, mostra algo da sua personalidade.

Ele é um animal no qual não se pode confiar. Bolsonaro é transparente. Toda a sua limitação se revela frontalmente. Biden desfila suas hesitações como um velhote simpático. Putin esconde tudo. Eu não queria encontrá-lo sozinho num beco escuro. Tenho certeza de que ele carrega uma ogiva nuclear no bolso. A questão é séria. Sem dúvida. Como chegam ao poder seres tão obscuros? É como se o eleitor desejasse impor o seu lado pior, ligando um foda-se nuclear. A Ucrânia nunca terá sossego. Não tem como se mudar. O grande vizinho vai despedaçá-la. Não se sabe se ela é muito melhor do que seu ofensor.

Boa parte da humanidade vive sob ditaduras, dissimuladas ou não, teocráticas, ideológicas, capitalistas, comunistas, indefiníveis, sempre atrozes. Haverá nos seres humanos, de fato, uma tendência para o rebanho? O longo reinado de homens como Vladimir Putin não recomendam a humanidade. É só parte dela? Verdade. Vale, porém, dar uma olhada em outros casos ligeiramente semelhantes pelo mundo.

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