Juremir Machado da Silva

Aumento dos professores estaduais, vereador xenófobo e escravidão na serra gaúcha

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Aumento dos professores estaduais, vereador xenófobo e escravidão na serra gaúcha Trabalhadores explorados na Serra foram resgatados e abrigados em um ginásio (Foto: MPT/Divulgação)

Durante campanha eleitoral os professores são sempre prioridade. Vencido o pleito, o magistério torna-se incômodo. O governador Eduardo Leite (PSDB) quer reajustar o salário da rede estadual de professores em valores abaixo do piso fixado pelo governo federal e excluindo funcionários e aposentados. Parece mentira. Mas é verdade. Será que o gentil governador quer professores escravizados? Até quando professores serão iludidos com promessas jamais cumpridas? Leite está prestes a entrar para o rol dos algozes da educação. Ou já entrou? A tal parcela de irredutibilidade que o governo criou é uma maneira ardilosa de confiscar parte dos aumentos concedidos, transferindo de um bolso do professor para o outro o que deveria ser aumento real. Em português muito claro, necessário neste momento, é uma sacanagem.

Que sirvam nossas vergonhas de modelo a toda Terra

O vereador Sandro Fantinel (Patriotas), de Caxias do Sul, conseguiu tornar-se conhecido nacionalmente por uma fala considerada nas redes sociais como estúpida, racista e infame. Não dá para crer que em 2023 alguém pense e fale tanta porcaria. Ele insultou a população baiana, defendeu condições de trabalho indignas, discursou como um senhor de escravos do século XIX e cobriu o Rio Grande do Sul de vergonha. Quando alguém fala assim, embora a imagem seja rude, defeca pela boca seus preconceitos. No caso, com a arrogância de quem não teme qualquer punição. Fantinel precisa ser cassado por quebra de decoro e prática de xenofobia explícita. Um sujeito como ele não pode representar quem quer que tenha um grau mínimo de civilidade. Triste é saber que tem muita gente pensando como ele, especialmente entre as hordas de extrema direita que assolam o país desde a ascensão do bolsonarismo. Lamentável. O parlamentar será exemplo de tudo o que não precisamos. O seu caso será citado por muito tempo como caso de escola em termos de violência simbólica e de comportamento abjeto.

Vinícolas terão de refazer imagem

O caso de trabalho análogo à escravidão em Bento Gonçalves (RS) obrigará as vinícolas Aurora, Garibaldi e Salton a trabalhar muito para reconstruir a imagem danificada. O golpe foi duríssimo. Muita gente vai boicotar os produtos dessas três marcas. Se os vinhos da serra gaúcha melhoraram bastante nos últimos anos, as condições de trabalho associado a essas três empresas, que não convencem dizendo que não sabiam do ocorrido em sua terceirizada, não deram um só passo à frente. Ao contrário. Não adianta dizer que a culpa é dos programas sociais nem à escassez de mão de obra. A questão é civilizatória.

Câmara de Porto Alegre e impeachment de Lula

É de rir e chorar ao mesmo tempo. Enquanto Porto Alegre parece estar à venda, vereadores da capital aprovaram moção de impeachment do presidente Lula. Isso mesmo. Não escrevi errado. Vereadores de Porto Alegre manifestaram-se sobre impeachment de Lula, não do prefeito Sebastião Melo. A proposta inacreditável leva as assinaturas da Comandante Nádia (PP), Mônica Leal (PP), Fernanda Barth (Podemos), Alexandre Bobadra (PL), Pablo Melo (MDB), Ramiro Rosário (PSDB) e Jessé Sangalli (Cidadania). Teve 14 votos favoráveis e 12 contrários. Lula deveria perder o cargo por chamar de golpe o golpe que Dilma Rousseff sofreu em 2016. Esses bravos vereadores não pediram o impeachment de Jair Bolsonaro por suas falas sobre a cloroquina, sobre a covid-19 e demais absurdos proferidos pelo capitão ao longo dos dias. Pelo jeito está faltando trabalho na Câmara de Porto Alegre.

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