Desperdício na educação de Porto Alegre
O prefeito Sebastião Melo encarou “de costas” a situação. Atacou na Rádio Gaúcha professores e diretores de escolas: “Temos uma rede (de ensino) que pensa muito diferente do prefeito e da atual gestão, que acha que o aluno tem que continuar não aprendendo, que cada escola tem de ter o seu currículo”. Se duvidar, a Terra é plana. Melo deu mais um passo em direção ao buraco: “Vou verificar: mas diretor, o senhor não recebeu orientação, e recebeu orientação, que era para entregar este livro para os alunos e o senhor não entregou? Mas não entregou por quê?” Curioso, muito curioso, bizarro mesmo.
Quando a falta de zelo e os procedimentos obscuros se encontram há algo de mofo no reino da administração. Ah, essa imprensa, que os políticos preferem chamar desdenhosamente de mídia, sempre metendo o bedelho em galpões, corredores, salas secretas e outros sótãos e porões dos poderes públicos! Sempre trazendo à luz o que os gestores gostariam de manter na penumbra ou, por segurança, nas trevas mesmo. O que seria da democracia essa imprensa abelhuda que continua a definir jornalismo segundo a fórmula atribuída a Orwell: “Jornalismo é publicar aquilo que alguém gostaria de esconder. O resto é propaganda”. Dizem que a imprensa acabou? Ainda não vi rede social trazer à luz tais verdades incômodas.
Dizem que agora a maioria de informa por redes sociais. Tenho visto nas redes sociais muita gente replicando essas informações essenciais descobertas pela velha imprensa. Nego a tecnologia então? Só um néscio concluiria assim.
A Smed pisou feio na bola. Caiu de bunda na lama. Hora de tirar as consequências. Não dá para colocar a culpa no destinatário pelo fato de que a correspondência não foi entregue. Aliás, o que tem de correspondência que não chega ultimamente é uma grandeza. O bom administrador investiga o erro, assume a culpa que lhe cabe, corrige e adota mecanismos para que o absurdo nunca mais aconteça. O político trata de racionalizar, de inventar justificativas e de encontrar algum bode expiatório. Em geral, faz da vítima o seu culpado preferido. Ainda bem que há essa tal de imprensa (opa, mídia) para expor os podres na rua, à luz do dia, ao sol de outono, em primeira página.
Onde não tem mídia livre, não se duvide: há ditadura.
Continua...