Juremir Machado da Silva

Homeschooling ou pedagogia do isolamento

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Homeschooling ou pedagogia do isolamento
A Câmara dos Deputados aprovou o texto-base do projeto de lei que institui o ensino em casa, uma das joias do bolsonarismo agonizante. Importado dos Estados Unidos, o monstrengo atende pelo nome de “homeschooling” e quer proteger crianças do perigo escolar. Valerá para a educação básica desde que os pais comprovem diploma de curso superior ou tecnológico. Professor há quase 30 anos, eu tenho dez modestas perguntas aplicáveis ao contexto brasileiro:

1) Que pais têm condições de preparar melhor seus filhos do que uma escola inteira?

2) Que pais têm tempo e competência para educar seus filhos nas diferentes matérias de um currículo escolar?

3) Que pais têm recursos para contratar preceptores em casa?

4) Que pais poderão fornecer aos filhos as complexas e diferentes leituras sobre os diversos fenômenos que devem ser estudados?

5) Que vantagem terão as crianças retiradas da socialização escolar e da possibilidade de conviver com as diferenças?

6) Que pais conseguirão escapar do pensamento único da ideologia do “chefe” da família?

7) Que pais, não sendo professores, têm mais habilidades pedagógicas do que especialistas preparados para ensinar?

8) Que pais são capazes de propor diferentes estratégias pedagógicas para mobilizar os filhos de modo completo e complexo?

9) O Brasil precisa de mais creches, mais escolas, mais professores bem preparados ou de crianças isoladas em casa?

10) Ensino em casa ou doutrinação ao abrigo da sociedade?

Imagino as respostas prontas, rápidas e indignadas: quem não tiver condições de ensinar, mande os filhos para a escola. É uma questão de liberdade, como na liberdade de ter um rifle em casa. Ou um arsenal.

Homeschooling é burrice ideológica.

“A escola é fundamental para garantir o direito de crianças e adolescentes à aprendizagem de qualidade, à socialização e à pluralidade de ideias, além de ser um espaço essencial de proteção de meninas e meninos contra a violência. Tirar deles o direito de estar na escola trará prejuízos importantes para crianças e adolescentes”, afirma Mônica Dias Pinto, chefe de Educação do Unicef no Brasil.

O bolsonarismo ordena: avante, para trás!

Continua...

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