Juremir Machado da Silva

Lanceiros Negros e novos guerreiros

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Lanceiros Negros e novos guerreiros Fotos: Márcio Pimenta
Espetacular a edição da National Geographic Brasil sobre os Lanceiros Negros massacrados em Porongos, na Revolução Farroupilha, em 14 de novembro de 1844. Textos deste modesto historiador e do escritor Jeferson Tenório. Márcio Pimenta assina fotos maravilhosas de negros que se orgulham desses bravos guerreiros e travam lutas contra o racismo: senador Paulo Paim, historiador Jorge Euzébio Assumpção, jornalista Clarissa Lima, procurador Ângelo Ilha da Silva, desembargadora, presidente do Tribunal de Justiça do RS, Iris Helena Medeiros Nogueira, bancária Taís Domanski, empresária Rosane Terragno, advogado Antônio Carlos Côrtes, cantora Loma Pereira, escritor Jeferson Tenório, motorista Daniel Vicente de Medeiros, multiartista transgênero Valéria Barcellos, atleta olímpica Daiane dos Santos, treinador de futebol Roger Machado, professora Luciana Conceição Lemos da Silveira, enfermeira Jéssica Lima e vereador Matheus Gomes (PSOL).

Gastei anos da minha vida pesquisando esse tema. Historiador formado pela PUCRS, diplomado em 1985, sempre tive um objetivo: escrever história com a clareza de um jornalista, como fizeram os maiores historiadores da minha admiração, Jacques Le Goff, Georges Duby, Payl Veyne, Sérgio Buarque de Holanda, Varnhagen, sim eu admiro muito o seu livro sobre a independência do Brasil, Décio Freitas, Hélio Silva e tantos outros, acadêmicos ou não. E assim pari – foi quase isso – “História regional da infâmia: o destino dos negros farrapos e outras iniquidades brasileiras, ou como se produzem os imaginários”. Consegui localizar documentação no Arquivo Nacional mostrando para onde foram, de fato, os negros entregues pelos farrapos ao Império, o Arsenal da Marinha, no Rio de Janeiro. Fiz uma análise detalhada de toda a documentação existente sobre a querela relativa a Porongos. Analisei um documento nunca enfrentado, aquele que mostra ter sido a guerra civil financiada pelos farroupilhas com a venda de escravos no Uruguai.

Um trecho: “Os corpos de lanceiros começaram a ser organizados por João Manoel de Lima e Silva, em Pelotas, por volta de 1836 (CV 203). Neto (Coleção Varela 6108) saudou o major Teixeira Nunes e “seus bravos lanceiros libertos pela vitória de 31 de outubro de 1837. Havia corpos de lanceiros de negros e de índios. Teixeira Nunes, promovido a coronel, recebeu interinamente o comando do 1º Corpo de Lanceiros” (CV 2789). Infantes e lanceiros eram, conforme as instruções relativas ao Depósito Geral do Recrutamento, “índios e pretos libertos”. O historiador Moacyr Flores, em “Negros na Revolução Farroupilha – traição em Porongos e farsa em Ponche Verde” (2004), detalha a estrutura do exército republicano e o papel de infantes e lanceiros nessa guerra que não era deles, mas pela qual morreram. Teixeira Nunes tornou-se o símbolo desses homens sem nome e sem biografias para endeusá-los”. A história, enfim, dá-lhe o panteão que merecem.

Ler e ver na íntegra a matéria da revista National Geographic: https://www.nationalgeographicbrasil.com/historia/2022/06/lanceiros-negros-projeto-resgata-historia-de-escravizados-traidos-na-revolucao-farroupilha

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