Juremir Machado da Silva

“Não fale a palavra gay”

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“Não fale a palavra gay” Foto: Kristina Flour/Unsplash

Os Estados Unidos da América são capazes de criar e exportar o melhor e o pior. Na Flórida foi aprovada uma lei com este inacreditável nome: “Não fale a palavra gay”. A norma vale para escolas. Nada pode ser dito sobre o assunto sem expressa autorização dos pais. A Disney, que ajuda a sustentar o Estado, manifestou-se contra essa aberração. Virou inimigo governamental número um e perdeu isenções fiscais.

A Flórida é governada pelos Republicanos, um partido que se parece cada vez mais com uma seita radical, ignorante e fanática.

O nome Republicanos vem sendo deturpado mundo afora.

Melhor seria falar em Partido Clânico.

Paul Krugman, prêmio Nobel de economia, escreveu sobre esse conflito com aparências medievais com a firmeza que lhe é própria: “Mas o que está acontecendo na Flórida faz sentido uma vez que a gente se dá conta de que o objetivo do governador, Ron DeSanctis, e seus aliados não tem nada a ver com políticas – nem com a política no sentido convencional. Testemunhando, em vez disso, sintomas da transformação do Partido Republicano, de partido político normal em um movimento radical fundamentado em teorias de conspiração e intimidação”.

Com fama de lugar agradável, para onde vão milhões de turistas a cada ano, a Flórida vê-se repentinamente reduzida a buraco obscurantista, acusando a Disney de “sexualizar” crianças – ainda que no imaginário Disney só existam sobrinhos, não filhos –  e espalhar maus costumes. A caça às bruxas está lançada. A estupidez avança.

O Brasil de Jair Bolsonaro e Damares Alves adoraria adotar lei semelhante. Os fanáticos americanos podem armar-se até os dentes, o que só piora as coisas. Por aqui, o pastor Milton Ribeiro já anda de revólver na pasta (de livro não se tem notícias). Avante, para trás!

O fantasma da tal “ideologia de gênero”, associado a conspirações sobre a substituição dos brancos por outras “raças” faz dos Estados Unidos um caldeirão prontinho para explosões trágicas. Krugman mostra que o melhor da Flórida está em perigo: “Tudo isso, porém, foi colocado em risco quando a Flórida aprovou a lei “Don’t Say Gay” (“Não fale a palavra gay”), que não apenas restringiu o que as escolas podem dizer a respeito de gênero, mas também limitou sua capacidade de aconselhar estudantes em relação a dúvidas, dificuldades ou problemas sem o consentimento de seus pais e abriu caminho para os pais processarem as instituições por violações de regras vagamente definidas”.

Nesse tipo de concepção “republicana”, seguida por faróis do obscurantismo como Orbán, na Hungria, e Bolsonaro, quem não se alia aos salvadores da moral ocidental é inimigo a ser cercado e banido.

Quando os estúpidos se deram conta de que eram maioria, passaram a mandar em muitas partes do mundo. O que pode a razão contra eles?

Pobre Voltaire, pobres dos iluministas, tudo o que nos legaram começa a ruir. A era dos ignorantes messiânicos só está iniciando.

Até Mickey virou comunista comedor de criancinhas.

Só não será deportado por ser cidadão americano.

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