Juremir Machado da Silva

O pastor armado

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O pastor armado Ministro da Educação, Milton Ribeiro (Foto: Valter Campanato/Agência Brasil)

Milton Ribeiro é professor e pastor presbiteriano. Ele foi um dos piores ministros da Educação que o Brasil já teve. Destacou-se pela mediocridade e pela inação. Só não foi pior do que os seus antecessores, o olavista Ricardo Vélez Rodriguez e o pirotécnico ideológico Abraham Weintraub. Caiu sob o impacto de um áudio em que admitia dar prioridade na liberação de verbas públicas a dois pastores evangélicos indicados por Jair Bolsonaro. Ribeiro voltou às manchetes por ter disparado acidentalmente uma arma, que carregava dentro de uma pasta, no aeroporto de Brasília. Um fiasco perigoso e previsível.

A pergunta que desde então não para de disparar é esta: por que um professor, pastor e ex-ministro da Educação anda armado?

Quem ele teme?

O caso do disparo acidental, ou seja, por negligência, do pastor Ribeiro ensina o que se sabe: arma em mão de incompetente é um perigo.

Estilhaços feriram de raspão uma funcionária da Gol.

Poderia ter matado alguém.

Como é possível que um cara desses possa embarcar armado num avião? Essa permissão não é dada apenas a “agentes públicos que possuam porte de arma por razão do ofício ou policiais federais na ativa”?

Houve uma época, conforme a frase famosa, em que quando alguém falava em cultura havia quem sacasse o seu revólver. Agora, por aqui, quando se fala em educação, ex-ministro manuseia a sua arma.

Esse é o legado do bolsonarismo.

*

Servidores em defesa do IPE

Se há uma instituição fundamental maltratada no Rio Grande do Sul é o IPE. Ontem, terça-feira, pela manhã, servidores da educação, da saúde e da justiça caminharam pelo centro de Porto Alegre em defesa do IPE Saúde. Protestaram também contra o ínfimo reajuste ao funcionalismo proposto pelo governo do Estado: 6%. A inflação já vai ser o dobro. Na mídia, como sempre, houve quem preferisse foco tradicional: “Caminhada de servidores do Estado bloqueia vias do centro de Porto Alegre”.

Carris à venda

A Secretaria de Parcerias de Porto Alegre marcou a audiência pública para tratar da venda da Carris. A ordem é vender tudo o que encontrar comprador. A Carris durante muito tempo teve os melhores ônibus da cidade. Prestava o melhor serviço. Foi perdendo os pedaços e finalmente deverá ser entregue ao setor privado com as desculpas de sempre. O transporte público é privado nas grandes cidades europeias? Não é preciso responder. No Rio Grande do Sul virá o dia em que o superavitário Banrisul será vendido. Afinal, se dá lucro, razão a mais para que a iniciativa privada esteja de olho. A questão é ideológica.

Rua assediada

Mais estabelecimentos comerciais, além do Café Cantante, situados na rua Fernandes Vieira, no Bom Fim, em Porto Alegre, receberam estranhos avisos de que “os guris” passariam para “pegar a Páscoa”.

Profecia

Ainda ouviremos falar de projetos de “lindos e modernos” shopping centers na Usina do Gasômetro, no Mercado Público e no Instituto de Educação. Porto Alegre ainda será a capital mundial do shopping.

Olha o coice!

“Tem uma ação que está sendo levada avante pelo ministro Edson Fachin querendo um novo marco temporal. Se ele conseguir vitória nisso, me resta duas coisas: entregar as chaves para o Supremo ou falar que não vou cumprir. Eu não tenho alternativa”. Jair Bolsonaro falando a respeito de decisão sobre demarcação de terras indígenas.

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