Juremir Machado da Silva

Despedida do verão ao som de Jobim: uma noite de beleza sinfônica

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Despedida do verão ao som de Jobim: uma noite de beleza sinfônica Tributo a Tom Jobim?Fotos de Omar Freitas, divulgação OSPA.

O Auditório Araújo Vianna, em Porto Alegre, foi palco de um espetáculo singular na noite de 28 de março, com a apresentação do Projeto Jobim Sinfônico. Colosso de concreto, cultura e história, o local abriu suas portas para acolher uma multidão. Uma multidão que, embora diversa, compartilhava um único desejo: apreciar a música de Antônio Carlos Jobim, interpretada pela Orquestra Sinfônica de Porto Alegre (OSPA) sob a batuta do maestro Evandro Matté.

A noite estava impregnada de uma expectativa palpável, como se o ar carregasse promessas de um espetáculo inesquecível. E assim foi. Desde os primeiros acordes, sentiu-se uma espécie de magia se instalar no ambiente. A música, aquela linguagem universal, começava a tecer laços invisíveis entre os presentes, unindo-os em uma experiência compartilhada. O repertório, seleção cuidadosa de hinos de Jobim, foi apresentado em arranjos sinfônicos que pareciam dar nova vida às composições. Garota de Ipanema, talvez a mais icônica, foi recebida com um misto de nostalgia e admiração. A familiaridade da melodia, agora expandida pela orquestra, revelava camadas de beleza antes insuspeitas.

Zé Ibarra, Daniel Jobim e Mario Adnet, este último assumindo a dupla função de diretor musical e intérprete, eram os solistas da noite. Cada um, a seu modo, trazia uma interpretação única, uma homenagem pessoal ao legado de Jobim. A presença de Daniel, neto do homenageado, acrescentava uma camada de intimidade ao espetáculo, como se a música transcendesse o tempo, conectando gerações.


A participação especial do quarteto formado por Carol Braga, Cíntia de los Santos, Débora Dreyer e Elisa Machado foi um luxo à parte. Suas vozes, em harmonia, elevaram o espetáculo, conferindo-lhe uma dimensão sublime, numa homenagem a Porto Alegre, pelos seus 252 anos, e aos 50 anos da TVE.

E o mais notável de tudo? O espetáculo foi oferecido ao público a custo zero. Uma generosidade patrocinada pela Unimed Federação/RS, com o apoio do Instituto Unimed/RS, Banrisul, John Deere, Gerdau, Trento/Peccin, Cavaletti, Sponchiado e Triel-HT (as quatro últimas, aliás, da pujante Erechim). Em comum, contudo, todas as organizações parceiras demonstraram reconhecer o valor da cultura, investindo na beleza e na arte.

Nesta noite especial, a OSPA não apenas interpretou Jobim; ela celebrou a vida e a conexão humana. E enquanto as últimas notas da música ecoavam pelo auditório, restava uma certeza: aqueles que estiveram lá, levaram consigo não apenas memórias, mas a vivência de algo verdadeiramente magistral. A música de Jobim provou, mais uma vez, ser um bálsamo para a alma, um lembrete de que, mesmo nas adversidades, há beleza a ser encontrada, há esperança a ser cultivada. E assim, enquanto as melodias de março iam fechando o verão, cada nota parecia carregar a promessa de renovação, “são os sons de março fechando o verão, renovando a vida no coração”, num eco de esperança e emoção que permaneceria na mente e no espírito de todos, como uma promessa de vida renovada.

Daniel Jobim

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