RS é líder em sessões de terapia sem base científica no SUS
Foto: Elson Sempé Pedroso/CMPA
O Rio Grande do Sul virou campeão de atendimentos por constelação familiar, terapia sem embasamento científico incluída no SUS em 2018. Entre 2019 e 2022, unidades de saúde gaúchas ofereceram 2.755 sessões, mais de 10% do total do país (24,2 mil), informa a Agência Pública. A constelação familiar é uma prática que busca resolver problemas por meio de dinâmicas como o psicodrama. Além de não ter comprovação científica, ela é alvo de críticas por estar calcada em concepções patriarcais e heteronormativas de família. De acordo com o Instituto Questão de Ciência, a técnica tem alto potencial de violação de direitos humanos e “apresenta conceitos inaceitáveis sobre temas como incesto e abuso sexual”. Além de ser oferecida como forma de psicoterapia no SUS, a constelação familiar também vem sendo utilizada no judiciário, como forma de resolução de conflitos familiares. O avanço da técnica despertou a preocupação do ministro da Justiça e dos Direitos Humanos, Silvio Almeida. Ele pediu que o Conselho Nacional de Direitos Humanos avalie o uso da constelação no sistema de saúde e no judiciário.
Pacientes esperaram mais de uma hora ao telefone por atendimento do Samu – O descumprimento de horários pelos médicos do serviço de regulação do Samu, localizado em Porto Alegre, teve impacto direto no atendimento a pacientes e pode inclusive ter colaborado para a ocorrência de óbitos. Profissionais de saúde que acionaram o serviço em situações de urgência revelam ter aguardado mais de uma hora ao telefone até finalmente serem atendidos por um médico regulador. A função dos reguladores é avaliar a situação do paciente e tomar providências, como o envio de ambulâncias. Depende deles o atendimento célere em casos emergenciais, mas reportagens publicadas há um mês revelaram que vigorava um sistema de escalas fajutas, no qual os reguladores trabalhavam apenas um fração do que deveriam. Um dos casos em que o sistema falhou envolve uma idosa de Tuparendi que sofreu um infarto. A filha dela, que é médica, acionou o serviço de regulação e só conseguiu falar com um profissional depois de 45 minutos de espera. Uma ambulância foi enviada, mas a idosa morreu antes de obter o cateterismo de que precisava. Naquela noite, havia um único médico regulador em serviço e ele cumpriu apenas um terço da sua jornada de trabalho. O Ministério Público e a Polícia Civil estão investigando o caso.
Compradora da Carris concentra 17% das queixas, diz Metroplan – O escrutínio a que a Empresa de Transporte Coletivo Viamão tem sido submetida desde a segunda-feira, quando arrematou a Carris em leilão, trouxe à tona informações pouco alvissareiras para o usuário do sistema de ônibus de Porto Alegre. Segundo a Metroplan, a Viamão é alvo de 17% das reclamações contra as empresas que operam o transporte intermunicipal na região metropolitana. Entre abril e setembro, a nova dona da Carris foi alvo de 256 das 1.477 queixas direcioandas a um total de 21 empresas, dois consórcios e três travessias. As principais reclamações dizem respeito a atrasos e à conduta dos funcionários. Nas paradas de ônibus, usuários reclamam também de superlotação, sujeira e falta de climatização nos coletivos. Em um site que recebe reclamações contra empresas, há 27 registros contra a companhia – nenhum deles recebeu resposta. A Viamão se defende dizendo que as queixas são pontuais, que é bem avaliada por 99,99% dos usuários e que vai verificar a ausência de retorno. A empresa comprou a Carris por 109 milhões de reais, mas pode acabar desembolsando apenas 40 milhões.
Cobertura vacinal contra covid declina, e imunizantes podem acabar no lixo – Já não é notícia, mas o Brasil teve 243 mortes por covid na semana passada, o que elevou o total de vítimas no país a 705.962, o equivalente a mais da metade da população de Porto Alegre. Os atuais dados de vacinação, contudo, mostram que essa montanha de cadáveres não produziu o aprendizado esperado. Na semana passada, só 160 pessoas se imunizaram na capital gaúcha. Nos postos da cidade, há oito mil doses de vacinas contra o coronavírus com o prazo de validade vencendo em novembro. As autoridades de saúde temem que parte delas acabe no lixo por causa da desmobilização da população, que, passado o período mais agudo de pandemia, deixou de comparecer aos postos para renovar a proteção. Neste ano, a Secretaria Estadual de Saúde já teve de descartar 4,3 mil doses. Segundo o infectologista Paulo Gewehr, a cobertura vacinal caiu abaixo de 15%. A prefeitura preparou um guia sobre quem deve se vacinar e onde fazê-lo.
Outros links:
- CPI da Smed: vereadores afirmam que Sebastião Melo cometeu crime de responsabilidade ao não enviar documentos solicitados pela comissão.
- A Lei de Diretrizes Orçamentárias para 2024 foi aprovada na Câmara de Porto Alegre. A proposta estima que a prefeitura vai arrecadar e gastar 11,45 bilhões de reais, 8,5% mais do que o previsto para 2023.
- Alegando risco de desabamento, a prefeitura iniciou ontem a demolição de um muro em uma ocupação da Cidade Baixa, gerando revolta dos moradores, que usavam o muro como parede. Vários deles são pessoas LGBTQIAP+.
- A Corsan decidiu não repor os 1,9 mil funcionários que se demitiram desde que ela foi privatizada. Antes da privatização, eram 5,5 mil trabalhadores. As demissões representam uma baixa de 34,5% no quadro funcional.
- O projeto de habitação popular Residencial Barcelona, no bairro Humaitá, começa a ser construído no próximo semestre. Serão 254 apartamentos destinados a famílias da zona norte.
- O pós-enchente em Porto Alegre tem sido de trabalho para as equipes de limpeza: 915 toneladas de entulhos já foram removidas de áreas afetadas pelos alagamentos. Só ontem, foram 166 toneladas.
- A Pink Run, corrida de rua em alusão ao Outubro Rosa, vai acontecer no dia 29, na orla do Guaíba. São três possibilidades de percurso, e as inscrições podem ser feitas por este link.
- Juremir dá continuidade hoje à sua análise sobre a relação de Machado de Assis com a questão da negritude.
- Cerca de 150 pessoas que perderam parte do rosto já foram contempladas com próteses gratuitas desenvolvidas por professores e estudantes que integram um projeto de odontologia da UFRGS.
Nanni Rios
Um conforto existencial
O ano era 2013 e eu estava numa festa numa boate LGBT em Caxias do Sul. Tocava música pop internacional, fazia frio, e eu já estava um pouco ébria àquela altura da madrugada, quando uma pessoa que eu não conhecia, vestida de Madonna (a da capa do disco Music, sabe? de chapéu e camisa azul), se aproxima com um livro em mãos e se apresenta. Diz que é escritora, que acabou de publicar um livro e gostaria de me dar um exemplar. Contou que a dona da boate – uma sapatão bem relacionada e antenada que conhecia ambas – disse pra ela fazer aquilo. Eu disse “claro que sim” e pedi a ela que autografasse o livro.
Cultura
Agenda
Às 19h, na Cinemateca Paulo Amorim, a Mostra de Cinema Musical Gaúcho exibe o documentárioTAO – Caminhos de KIAI Grupo, dirigido por Vinícius Angeli e Vitória Proença, que acompanha a gravação do álbum KIAI II, em 2020 – relembre a matéria sobre o disco.
A escritora Natalia Borges Polesso lança Foi um Péssimo Dia, às 19h, na Livraria Paralelo 30, e participa de bate-papo com Andrezza Postay e Nanni Rios – leia a entrevista sobre o livro A Extinção das Abelhas, publicado em 2021 por Natalia.
O Instituto Ling inaugura, às 19h, a exposição Desde a Tona, que reúne trabalhos recentes do artista Dudi Maia Rosa, com curadoria de João Bandeira.
Às 19h, na Casa de Cultura Mario Quintana, a Aliança Francesa promove debate com as participações das escritoras Fabiana Sasi e Laura Nsafou, com mediação da jornalista Silvia Abreu.
A Calafia Art Store exibe pinturas de Ana Flávia Garcia, com curadoria de Sofia Mazzini, às 19h.
O projeto Quintou do Clube de Cultura recebe, às 19h30, os músicos Clarissa Ferreira e Neuro Júnior.
Nova casa de shows de Porto Alegre, o Grezz dá início às suas atividades com show do trompetista norte-americano Chief Xian Atunde Adjuah, às 20h.
Você viu?
Foi concluída a instalação de placas solares no terraço da Câmara Municipal de Porto Alegre. O Palácio Aloísio Filho passa a deter, agora, a maior usina fotovoltaica em um prédio público da capital. Em 2018, a Câmara já havia instalado um sistema de energia solar no estacionamento, gerando uma redução de 20% a 30% no consumo. Com os novos equipamentos, a estimativa é poupar 250 mil reais só neste primeiro ano. A aposta na energia renovável será redobrada no ano que vem, com ampliação do sistema de placas do estacionamento, instalação de carregadores para carros elétricos e implantação de um sistema de armazenamento de energia para cargas críticas.
