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Aldeia indígena de Viamão amplia infraestrutura com recursos do MPT

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Aldeia indígena de Viamão amplia infraestrutura com recursos do MPT Até setembro do ano passado, a aldeia dependia de doações para manter uma cultura de subsistência (Foto: Demétrio Jorge / Matinal)

Com cerca de R$ 400 mil, comunidade guarani aumentou roça e montou cozinha; MPT-RS acolhe projetos de instituições sem fins lucrativos

Fundada em 2000, a comunidade guarani Tekoá Pindó Mirim, na Estrada do Gravatá, em Viamão, reúne 25 famílias que, até setembro do ano passado, dependiam de doações para manter uma cultura de subsistência. Com roças modestas ao redor das casas e uma única máquina de lavar compartilhada por 10 famílias até então, a aldeia foi beneficiada com cerca de R$ 400 mil captados junto ao Ministério Público do Trabalho do Rio Grande do Sul (MPT-RS). 

A renda das famílias provém sobretudo da venda de artesanato, dificultada pela distância até a área urbana mais próxima. Com os novos investimentos, a comunidade pode voltar a tirar seu sustento da terra. Na sexta-feira (27), o Matinal visitou o local e pode conferir os recentes aprimoramentos no cultivo e na colheita de alimentos e uma nova cozinha comunitária.

Recursos ajudaram a equipar nova cozinha comunitária na aldeia (Fotos: Demétrio Jorge / Matinal)

Com os recursos do MPT-RS, oriundos de acordos extrajudiciais e indenizações por danos morais coletivos, os guarani conseguiram comprar um trator e construir um amplo galpão, uma cozinha e uma lavanderia com três novas máquinas de lavar. A roça agora se estende sobre uma colina por dezenas de metros, descendo até a mata que cerca a zona habitada da aldeia.

Foto: Demétrio Jorge / Matinal

Para uma gestão eficiente dos recursos, a comunidade escolheu um trator usado porém robusto, que não precisaria de manutenção tão cedo. O equipamento permitiu ampliar a área de cultivo de mandioca, batata doce e, notavelmente, milho e melancia. Uma área de pesca, localizada a 8 km dali, também passou a ser acessada com mais frequência. 

“Estávamos pedindo o básico. Precisávamos de um espaço adequado para alimentação e higiene. Mesmo o ancião agora está muito melhor instalado, graças aos recursos”, disse Leonardo Sehn, porta-voz da comunidade, referindo o ancião Alcindo Werá Tupã, de 112 anos, que havia chegado de Biguaçu (SC) para visitar os parentes.

De acordo com o procurador Ivan Sérgio Camargo dos Santos, a aldeia deve receber mais R$ 400 mil, desta vez por meio da procuradora Paula Rousseff. O dinheiro deve ser investido em habilitações de motorista e o primeiro carro da comunidade, para um acesso mais ágil a serviços de saúde. 

Ainda hoje utilizando banheiros com fossa, os indígenas reivindicam banheiros ecológicos e outras melhorias em saneamento, além de mais moradias na área de cerca de 24 hectares. “Que um dia a gente consiga ter uma casa para cada família”, disse Leonardo Sehn. No horizonte está, ainda, um projeto de reflorestamento da região.

A visita de Ivan dos Santos, junto ao promotor Eduardo Viegas, da Promotoria de Justiça Regional da Restinga, teve o objetivo de verificar se os recursos estavam sendo executados de acordo com o projeto. Ouvido pelo Matinal, Ivan dos Santos incentivou instituições sem fins lucrativos a cadastrarem projetos no site do MPT-RS, desde que em benefício de causas sociais. “Instituições que atendam crianças, adolescentes, idosos, indígenas. Temos carência de projetos. Às vezes temos muitos recursos, mas vão sempre para os mesmos. É preciso que outras instituições sejam beneficiadas”, disse o procurador, acrescentando que dificilmente um projeto “fica parado” mais de 6 meses no sistema. “É possível receber recursos um dia depois de se cadastrar”, completou.

Foto: Demétrio Jorge / Matinal
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