Reportagem

Prefeitura notifica Refúgio do Lago por armadilhas ilegais para capturar gambás na Redenção

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Prefeitura notifica Refúgio do Lago por armadilhas ilegais para capturar gambás na Redenção Responsáveis garantem que não capturaram nenhum animal (Foto: Coletivo Preserva Redenção)

Coletivo Preserva Redenção realizará novo protesto no próximo domingo

Flagrados tentando capturar animais silvestres no Parque da Redenção em Porto Alegre na quinta-feira, os responsáveis pelo Complexo Refúgio do Lago foram notificados pela Prefeitura. Integrantes do Coletivo Preserva Redenção fizeram na quinta-feira um protesto para denunciar a ação que é um crime ambiental, quando realizada sem autorização, a qual demanda estudos técnicos, diagnosticando a necessidade e a viabilidade de remoção da fauna. Para o próximo domingo, dia 12, o grupo organiza outra manifestação no Refúgio do Lago. 

Retirada dos animais causa impacto generalizado na fauna

A bióloga e mestre em biologia animal Hosana Piccardi disse que os animais existentes e que são alvos dos estabelecimentos localizados dentro do parque são os gambás e os mão pelada. “Essas espécies são dispersoras de sementes e se alimentam de insetos, incluindo o escorpião. Então, elas prestam um serviço”, explicou. Segundo ela, sempre que se retira um animal da cadeia alimentar, todos os outros sofrem impacto.

Ela ainda esclareceu que a decisão de remover os mamíferos do parque precisaria ser estudada a partir de um levantamento populacional e de viabilidade de remoção, além de guia de transporte. O destino deve ser obrigatoriamente locais cadastrados para receber fauna silvestre. O processo, incluindo a soltura, precisa ser acompanhado por um biólogo responsável, com a devida assinatura de responsabilidade técnica cadastrada no Conselho Regional de Biologia e aprovado pela Secretaria do Meio Ambiente, Urbanismo e Sustentabilidade de Porto Alegre (Smamus). A pasta enviou uma nota oficial a respeito do caso ao Matinal, disponibilizada na íntegra abaixo da matéria. 

O estabelecimento Refúgio do Lago foi procurado, mas não deu retorno à reportagem do Matinal. Segundo Lacyta Trizotto Maia, que é membro do Coletivo Preserva Redenção, os funcionários informaram que iriam soltar as espécies em um sítio. Ela observou a existência de três gaiolas com comida dentro para atrair os animais. “Perguntamos se tinham um laudo e uma autorização e um dos rapazes respondeu que não. Esse lugar não é privado, é uma concessão, portanto, um espaço público. Tudo o que é feito ali dentro afeta o parque todo”, declarou. 

Lacyta e os demais ativistas pedem que a Prefeitura fiscalize as atividades nos parques com mais atenção. “É um crime inafiançável e se a Brigada Militar estivesse no local, aquelas pessoas teriam sido presas”, afirmou Hosana Piccardi.

Crítico da construção do Refúgio do Lago – construído no local em que funcionava o antigo orquidário do parque –, o jornalista Juremir Machado da Silva escreveu sobre a situação em sua coluna no Matinal: “Qual é a solução racional para a questão dos gambás na Redenção? Tirar o bar dali. Há bares em todo o entorno do parque”, afirma.  

O que diz a lei

A Lei 9605/98 prevê pena de detenção de seis meses a um ano, e multa para quem matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar espécimes da fauna silvestre, nativos ou em rota migratória, sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente, ou em desacordo com a obtida, a pena é de detenção de seis meses a um ano, e multa.

Nota da Prefeitura

A Secretaria do Meio Ambiente, Urbanismo e Sustentabilidade de Porto Alegre informa que notificou o Complexo Refúgio do Lago, no Parque Farroupilha, quanto à colocação de gaiolas para captura de animais silvestres.

O estabelecimento prontamente se prontificou a retirar os equipamentos.

A Smamus também orientou para que os restaurantes mantenham bem fechadas as lixeiras para que os animais não se aproximem em busca de comida.

A Smamus reforça a importância e a necessidade de preservação da fauna e flora das áreas verdes de Capital como forma de garantir o equilíbrio dos ecossistemas locais.

Quanto aos animais silvestres, os gambás têm hábitos noturnos, vivem em árvores e têm ampla variação nas escolhas alimentares. Eles comem frutas, folhas, raízes, insetos, larvas, ovos e até pequenos roedores e mamíferos.

Para evitar a aproximação desses animais, seguem algumas orientações:

1- Evite acumular lixo nos quintais e áreas de serviço

2- Não deixar a ração de cães e gatos exposta

3- Manter telhados vedados, para evitar que gambás se alojem nos forros.

O manejo de animais silvestres é proibido, conforme Art. 29 da Lei 9605/98.

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