Deputada Luciana Genro pede informações ao Hospital da BM sobre uso de proxalutamida
Solicitação foi feita após revelação do Matinal sobre experimento com remédio em pacientes com Covid sem autorização de órgão competente
A deputada Luciana Genro (PSOL-RS) solicitou respostas à direção do Hospital da Brigada Militar de Porto Alegre (HBMPA) sobre o experimento com proxalutamida revelado pelo Matinal na terça-feira. O pedido é endereçado ao comandante-geral da BM, coronel Vanius Cesar Santarosa.
Genro pede que o hospital militar informe à Assembleia uma lista anonimizada dos pacientes submetidos ao estudo (com a data em que eles assinaram o termo de consentimento, o período em que a droga foi administrada e se o paciente morreu) e uma cópia do termo de consentimento de todos os 50 pacientes. Além disso, a deputada requere uma cópia do projeto em que consta a metodologia e os fundamentos para o estudo, cópia dos documentos que autorizaram o estudo, o meio pelo qual a direção do HBMPA teve ciência e os valores investidos.
A proxalutamida é um antiandrogênico que não tem aprovação comercial de uso em nenhum lugar no mundo. Sem autorização da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep), órgão vinculado ao Conselho Nacional de Saúde (CNS), o teste foi coordenado pelos médicos Ricardo Zimerman e Flávio Cadegiani em março com autorização do comando-geral da BM. Em nota publicada hoje, o CNS afirma que “a gravidade da pandemia de Covid-19 não justifica transgredir os princípios éticos da pesquisa, sendo mandatório respeitar os participantes de pesquisa em sua dignidade e vulnerabilidade. Não há qualquer argumento plausível e justificável para que o ser humano seja tomado por cobaia em nome de necessidade sanitária ou da Ciência”.
Também a partir da denúncia do Matinal, o deputado Pepe Vargas (PT) entrou com um pedido de audiência pública para debater o caso. A reportagem aguarda manifestação do governador Eduardo Leite (PSDB), cujo gabinete foi contatado após a publicação da revelação.