“Foi erro nosso”, admite um dos responsáveis pelo Refúgio do Lago sobre armadilhas para gambás
Estabelecimentos no Parque da Redenção foram notificados após tentativa de captura ilegal de gambás
Depois de serem notificados pela Secretaria do Meio Ambiente, Urbanismo e Sustentabilidade de Porto Alegre (Smamus) tentando capturar ilegalmente gambás com gaiolas no Parque da Redenção, os responsáveis pelo Complexo Refúgio do Lago se defenderam dizendo que não tinham informação. “Foi erro nosso”, afirmou um dos sócios Pedro Santarem. “Felizmente, não chegamos a tocar em nenhum”, garantiu, negando a informação de que tivessem contratado uma empresa especializada na remoção de animais.
Na semana passada, membros do Coletivo Preserva Redenção conversaram com funcionários do Refúgio, que teriam dito que iriam soltar as espécies em uma propriedade privada. Os ativistas suspeitaram que uma empresa especializada tinha sido contratada para realizar a ação.
“Colocamos as gaiolas para retirar os gambás e colocar em outro lugar do parque. Foi ingenuidade nossa e fomos informados que não poderíamos fazer isso”, disse, explicando que as gaiolas vieram de um amigo que, supostamente, sabia como fazer a remoção, sem qualquer autorização do poder público. Na semana passada, integrantes do Coletivo Preserva Redenção haviam recebido a informação de que os animais seriam levados para um sítio, o que foi negado por Santarem. Entre quinta-feira e domingo, o grupo realizou duas manifestações contra as armadilhas.
O empresário afirmou que o estabelecimento adotará as orientações da Smamus e, a partir de agora, investirá em uma melhor vedação do lixo e dos locais com alimentos para evitar a atração dos gambás.
“A natureza é um ativo para o Refúgio. Os animais passeiam e as pessoas tiram foto, fazem vídeo. Aprendemos a conviver”, ressaltou. Além dos gambás, o mão pelada, que é outra espécie de mamífero, também está presente no parque e teria sido alvo da tentativa de captura.
A decisão de remover os mamíferos do parque precisaria ser estudada a partir de um levantamento populacional e de viabilidade de remoção, além de guia de transporte e escolha de local vistoriado apto a receber os animais. Tudo isso acompanhado por um biólogo responsável. Consultada pelo Matinal, sobre o levantamento da fauna do parque, a Smamus ainda não informou o número.
A Lei 9605/98 prevê pena de detenção de seis meses a um ano, e multa para quem matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar espécimes da fauna silvestre, nativos ou em rota migratória, sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente, ou em desacordo com a obtida, a pena é de detenção de seis meses a um ano, e multa.
O Refúgio do Lago foi construído no local onde ficava o Orquidário Gastão de Almeida Santos, demolido em 2018. A estrutura havia sido criada em 1953. As flores que estavam no local foram levadas para o Viveiro Municipal da cidade.