O que dizem os senadores do RS sobre os atos golpistas de domingo
Paim foi o único a ver terrorismo nas ações, Heinze negou participação, e Mourão pregou ordem e criticou esquerda. Lasier silenciou
Os senadores do Rio Grande do Sul se manifestaram nas redes sociais após terroristas apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) invadirem e depredarem o Congresso Nacional, o Supremo Tribunal Federal e o Palácio do Planaltos na tarde deste domingo.
Entre os senadores gaúchos, apenas Paulo Paim (PT) classificou os atos como terroristas: “A invasão do Palácio do Planalto, do Congresso e do STF é um ato terrorista. Um ataque frontal à democracia e ao Estado de Direito. Isso é intolerável. Os Poderes Constituídos precisam reagir energicamente contra os golpistas”, escreveu o petista, que em entrevista à Rádio Gaúcha ontem disse jamais ter observado tamanha violência em décadas de militância.
Nesta segunda-feira, Paim foi o único dentre os gaúchos a assinar o pedido de instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar as ações de domingo. O pedido de autoria foi da senadora Soraya Thronicke (União-MS) e obteve 31 assinaturas até o fim da tarde – eram necessárias 27.
O senador Luis Carlos Heinze (Progressistas) disse que o país vive “um momento de extrema violência que só ajudará a reforçar uma imagem negativa de quem luta dignamente pela democracia. Manifestações precisam ser pacíficas e ordeiras”.
Em resposta a postagem do deputado estadual eleito Leonel Radde (PT), onde aparece em vídeo ao lado de manifestantes golpistas, Heinze negou ter participado das invasões de domingo: “Não concordo com nenhum tipo de violência e sempre agi dentro do texto constitucional. Diante de tamanha manipulação, espero que a polícia apure também a questão dos infiltrados, revelados em diversos vídeos que circulam na internet”. Heinze disse estar no RS desde o fim de dezembro e afirmou que irá acionar juridicamente o petista por “disseminar notícias falsas”.
Prestes a assumir uma cadeira no Senado, o general Hamilton Mourão (Republicanos), após afirmar que manifestações devem ser pautadas pelo respeito e pela ordem, criticou a esquerda: “Vandalismo e depredação não se coadunam com os valores da direita, pelo contrário são práticas da ideologia que nos contrapomos. Sempre pela legalidade e por nossos princípios e valores”.
Em 14 de dezembro, porém, Mourão estimulava no Twitter a desconfiança em relação ao resultado das urnas: “O clamor das manifestações a que assistimos desde a proclamação do resultado das urnas, que permaneceram sem o voto impresso e auditável, é legítimo, por mais que muitos tenham tentado classificá-lo de ‘antidemocrático’”, publicou o senador eleito nas urnas. Uma reportagem do Intercept revela, além disso, que Mourão é próximo de Ana Priscila Azevedo, líder do grupo de Telegram “A Queda da Babilônia” e participante já identificada dos atos de vandalismo em Brasília.
De saída do Congresso após não concorrer à reeleição e não conquistar uma vaga na Câmara dos Deputados, Lasier Martins (Podemos) não se manifestou sobre os atos deste domingo em Brasília.
Leite vai a Brasília, Melo promete “estar junto” após evitar ação contra atos
O governador do Estado, Eduardo Leite (PSDB), confirmou nesta segunda-feira que irá a Brasília, sob convite do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), para discutir “como estancar as agressões e garantir respeito às instituições” em prol da paz e da democracia.
Ainda no domingo, Leite havia assegurado a mobilização de forças policiais contra o fechamento de rodovias e da refinaria Alberto Pasqualini, em Canoas. O Piratini irá disponibilizar 73 policiais militares para integrarem a segurança de Brasília.
O prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo (MDB), repudiou os atos de vandalismo na capital federal, apoiou a divergência “no campo das ideias” e chamou a democracia de “império da lei”. Melo se reuniu virtualmente com prefeitos para um encontro extraordinário nesta segunda-feira para tratar das invasões, mas disse não ter recebido convites para ir presencialmente a Brasília.
Ao comentar a reunião, o prefeito garantiu parceria com o Estado: “Estamos juntos para combater todo e qualquer possível excesso”. A gestão de Melo, no entanto, desconsiderou a recomendação do Ministério Público para desfazer o ato e considerou que os manifestantes tinham o “direito de protestar pacificamente”.