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Prefeitura vai ouvir GAM3 para definir local para estátua de Jango

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Prefeitura vai ouvir GAM3 para definir local para estátua de Jango Reunião para deliberar sobre instalação da estátua do ex-presidente João Goulart. Foto: Alex Rocha/PMPA

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Contrato entre município e a concessionária da orla não prevê aval da empresa para instalar monumento no espaço público

Segue em aberto o local de instalação da estátua do ex-presidente golpeado pelos militares há 60 anos, em 1964. A definição sobre onde ficará o monumento de João Goulart ainda depende do aval da GAM3 Parks, empresa concessionária que administra a orla. Apesar de não haver determinação contratual para que o município consulte a empresa para instalação de uma escultura naquele espaço público, a prefeitura marcou uma nova reunião para ouvir a concessionária. A Fundação Caminho da Soberania, que custeou a homenagem, pretende instalá-la nas proximidades da Usina do Gasômetro, na área de concessão da GAM3.

A empresa, por sua vez, diz que está “aberta ao diálogo e tem feito isso para buscar a melhor solução”, mas não dá mais detalhes. “Desde o início, quando foi procurada, sempre esteve à disposição para conversar e evoluir no tema”, afirmou a GAM3 à Matinal, nesta terça-feira (2).

A prefeitura informa que não há obrigação de aprovação da concessionária para instalar a estátua, mas que “constrói tudo com base no diálogo”. “O trecho em questão é concedido, então não existe opção de definir qualquer mudança se não em diálogo”, afirmou a assessoria de comunicação da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Urbanismo e Sustentabilidade (Smamus) à reportagem.

O próprio Sebastião Melo (MDB) se manifestou na terça-feira, depois de uma reunião com as entidades que organizam a instalação do monumento. No X (antigo Twitter), o prefeito publicou uma foto do encontro com líderes políticos e movimentos direitos humanos para avaliar o local de instalação da estátua. A ideia da prefeitura era instalá-la nas proximidades da sede do Ministério Público, mas as instituições que idealizam a instalação defendem que esteja na orla. 

Embora tenha sido convidada, a GAM3 não enviou representantes ao encontro de terça-feira – a concessionária diz que o convite foi feito na segunda-feira, no final do dia, e que portanto não havia tempo hábil para remarcar as reuniões que estavam já agendadas.

“Esperamos que com a presença da empresa num próximo encontro, nós possamos resolver definitivamente a questão do local”, prevê o ex-deputado Vieira da Cunha, diretor da Fundação Caminhos da Soberania. A despeito da ausência da concessionária, ele considerou uma “boa audiência”. Ele conta que Melo prometeu chamá-lo para outra reunião, na próxima semana, junto com a empresa e a prefeitura, para escolher definitivamente o lugar de instalação da estátua de Jango. “O melhor local é aquele trecho, aquele gramado entre a usina e o mirante, à direita de quem vem do centro para os bairros, junto à orla, um local de grande concentração de pessoas, e nós entendemos que ali ficaria muito bem”, afirmou à Matinal.

O monumento em bronze é obra do escultor fluminense Otto Dumovich, o mesmo artista da estátua de Leonel Brizola ao lado do Piratini, já está pronto e representa o ex-presidente em tamanho real. Foi custeado com doações.

“Justa e merecida homenagem”

A fundação pretende instalar o monumento ainda em 2024, em alusão aos 60 anos do golpe – Jango foi presidente de 1961 a 1964, quando os militares o depuseram, na madrugada entre 31 de março e 1º de abril. Nascido em São Borja, na fronteira com a Argentina, e formado em Direito pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, mesmo sua posse como chefe do poder executivo brasileiro dependeu de eventos ocorridos em Porto Alegre: em agosto de 1961, depois da renúncia de Jânio Quadros, de quem era vice, resultou da Campanha da Legalidade, um movimento político liderado pelo então governador do Rio Grande do Sul, Leonel Brizola, desde o Palácio Piratini.

Em 1964, quando golpeado, Jango retornou de Brasília à capital rio-grandense – embora Brizola tenha insuflado um movimento de resistência, Goulart submeteu-se aos militares para evitar um “derramamento de sangue”.

“O Jango foi uma grande vítima, tanto que morreu na Argentina, ainda no exílio, em 1976. Ele ficou mais de 12 anos exilado, faleceu fora do país, e Porto Alegre deve prestar essa justa e merecida homenagem a ele”, argumenta o pedetista Vieira da Cunha. “Pretendemos transformar o ato de inauguração da estátua em uma grande mobilização porto-alegrense em defesa da democracia, para que nunca mais precisemos viver sob um regime autoritário como foi ao longo dos 20 anos a partir de 1964 no Brasil”, finaliza.


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