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Urbanista critica gestão da Área Azul em Porto Alegre: “Continuamos subsidiando estacionamento em área pública”

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Urbanista critica gestão da Área Azul em Porto Alegre: “Continuamos subsidiando estacionamento em área pública” Valores foram reajustados em janeiro | Foto: Alex Rocha/PMPA

Reajustado no fim de janeiro, o valor praticado pela Área Azul em Porto Alegre ainda está aquém do que deveria ser na opinião de especialistas. Um deles é o urbanista Anthony Ling, editor do site Caos Planejado. Ele compara o preço praticado nas vias públicas com a cobrança em estacionamentos particulares, que são mais caros. “A gente continua subsidiando o estacionamento em área pública no momento em que se cobra substancialmente menos do que no privado”, afirmou ele, que também considera poucas as ruas com a presença de Área Azul – atualmente são 6.896 vagas pela cidade.

A má gestão do estacionamento rotativo pode ser ilustrada em vias ao redor desses espaços: “Tem muitas ruas que estão repletas de carros o dia inteiro, onde o espaço é escasso, onde a terra é cara e que não se cobra nada para as pessoas estacionarem o seu carro”, salientou. 

“Neste ponto sou favorável não só à cobrança da vaga, como à eliminação de muitas vagas do espaço público”, disse Ling. “Em muitos casos, mesmo cobrando, é um uso ruim do espaço. Poderíamos usar para outras coisas, como uma faixa de ônibus, uma ciclovia, um aumento de calçada ou em alguns casos até mais uma faixa aos automóveis.”

A elevação dos preços, além de ser uma forma de desestimular o uso dos carros, também poderia contribuir para subsidiar os ônibus, conforme inicialmente projetado pela prefeitura, quando adotou um novo sistema de cobrança em outubro de 2022. Contudo, Ling faz uma ponderação: “A lógica do subsídio do transporte público, muitas vezes, visa a garantia do lucro pelo operador”, argumentou. “Ao invés de remunerar o dono da empresa de ônibus, prefiro subsidiar aqueles que têm dificuldade com o preço da tarifa.”

Paris elevará preço para SUVs

Um exemplo recente de forte reajuste para estacionamentos rotativos públicos ocorreu em Paris. A partir de uma votação, na qual a participação era facultativa e foi baixa, os moradores da capital francesa decidiram pela elevação da taxa paga por SUVs e caminhonetes para estacionar na região central. O preço será de 18 euros, ou quase R$ 100 por hora

O plano não é atrelado diretamente ao transporte público, mas integra a política de descarbonização implementada pela prefeita Anne Hidalgo. A medida ainda passará pela Câmara Municipal e deve entrar em vigor a partir de setembro.  

Porto Alegre irá aportar R$ 132 milhões para manter a passagem

Para manter a tarifa em R$ 4,80, a prefeitura irá aportar R$ 132 milhões às concessionárias ao longo de 2024. Ainda que o valor seja um pouco inferior ao subsidiado em 2023, que foi de R$ 137 milhões, agora, ao contrário do ano passado, não há empresas públicas operando o transporte público. Sem a injeção de recursos, conforme a prefeitura, a tarifa deveria ser de R$ 5,90.

Em outubro de 2022, quando adotou um novo sistema de Área Azul – e reajustou fortemente os valores praticados – a prefeitura estimou arrecadar R$ 20 milhões ao transporte público, montante que ajudaria a conter o preço da tarifa. Passados 11 meses desta política, o total arrecadado até então era de R$ 7,3 milhões, conforme mostrou reportagem da Matinal à época

Na apresentação da atualização da tarifa, a prefeitura não mencionou quanto espera receber ao todo da Área Azul, mas informou que será encaminhado entre R$ 1,63 e R$ 2,23 a cada hora que um veículo esteja estacionado em vagas rotativas – antes da elevação, esses valores estavam entre R$ 1,49 e R$ 2,03. 

Questionada pela Matinal, a Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana evitou fazer projeções de quanto espera destinar da Área Azul ao transporte público ao longo do ano. 

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