Vereadores de direita pedem revogação do Dia da Defesa da Democracia em 8 de janeiro
Filho de Sebastião Melo e líder do governo na Câmara respaldaram pedido para retirar a efeméride do calendário oficial de Porto Alegre. Data também celebrava Dia do Patriota
Nem uma hora depois da reunião de líderes na Câmara ter concordado sobre a necessidade de revogar o Dia do Patriota em 8 de janeiro, vereadores do PP e MDB se uniram para revogar também o Dia de Defesa da Democracia, aprovado para ser celebrado na mesma data. O projeto de lei do legislativo (PLL), que instituiu o Dia de Defesa da Democracia, foi proposto pelo vereador petista Aldacir Oliboni e promulgado em 2 de junho, bem antes da aprovação do Dia do Patriota, revelada pela Matinal na sexta-feira passada.
O pedido de revogação partiu da vereadora Comandante Nádia (PP), que protocolou um novo PLL pedindo a revogação da efeméride, que saudava à vitória da democracia ante os ataques aos Três Poderes. Na justificativa, a proposta trata os acontecimentos de 8 de janeiro como “eventos tão polêmicos”, os quais ainda não foram totalmente esclarecidos. “Não deve servir como símbolo de comemoração de qualquer natureza. Sem dúvida, esta data não deve ser comemorada, e sim, devidamente investigada”. Outros seis vereadores a acompanharam no apoio ao projeto: Fernanda Barth (PL), Marcelo Bernardi (PSDB), Pablo Melo (MDB) – filho do prefeito Sebastião Melo –, Idenir Cecchim (MDB) – líder do governo –, Lourdes Sprenger (MDB) e Mônica Leal (PP).
Em 8 de janeiro de 2023, as sedes dos Três Poderes em Brasília foram atacadas por uma multidão de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro, muitos dos quais pediam golpe militar. Na ocasião, quase 1,4 mil pessoas foram presas, sendo pouco mais de 100 gaúchos. Até julho, o prejuízo contabilizado para restauração dos prédios públicos atingidos superava os R$ 20 milhões, segundo o jornal Folha de S.Paulo.
Nádia, que assinou o texto original com o pedido de revogação, foi uma das signatárias ao consenso para revogar o Dia do Patriota, após alteração dos motivos do pedido original, que retirou a menção a Bolsonaro e aos presos no dia.
Por se tratar de um PLL, a proposta da Comandante Nádia não passa por votação no plenário da Câmara, tramitando apenas em comissões permanentes da Casa antes de seguir para sanção, caso seja aprovada nos colegiados.
Represália
Autor do projeto que estabeleceu o Dia da Defesa da Democracia, Oliboni vê o movimento como “represália” ao pedido de revogação do Dia do Patriota. “É preciso lembrar que, além de Porto Alegre, outros estados e municípios, como o caso do Distrito Federal, já instituíram leis nominando a data como fizemos em Porto Alegre. Tal feito, independente de posição ideológica, une quem defende a democracia e não deseja que uma intentona golpista e extremista seja esquecida. Fatos como este, não podem e não devem ser esquecidos e, sim, lembrados para que nunca mais ocorram. Assim como é com relação à Campanha da Legalidade, onde o povo gaúcho resistiu e saiu vitorioso, e ao golpe de 1964 que jogou o Brasil na ditadura militar”, afirmou o parlamentar, em nota.
“Se aprovada, a revogação do Dia em Defesa da Democracia fará Porto Alegre virar novamente chacota nacional”, acrescentou ele, referindo-se à grande repercussão sobre o Dia do Patriota, que foi promulgado em julho, mas virou pauta nacional após publicação de reportagem da Matinal.
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