Ensaio | Parêntese

Demétrio de Azeredo Soster: Operação Campos de Cima da Serra

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Demétrio de Azeredo Soster: Operação Campos de Cima da Serra
O cicloturista Demétrio de Azeredo Soster, 52 anos, pedalou, em janeiro, 724 km entre Canela, na Serra gaúcha, e Praia da Pinheira, no litoral catarinense, cruzando, no caminho, uma das regiões mais bonitas do país – os Campos de Cima da Serra, repleta de cânions, paisagens deslumbrantes e gentes interessantes. Não é a primeira vez que viaja de bicicleta: ano passado, percorreu a mítica Carretera Austral. Em 2019, foi de Uruguaiana a Valparaíso de bicicleta, e, em 2018, atravessou o Uruguai pedalando. De tudo o que viu, viveu e sentiu durante a “Operação Campos de Cima da Serra”, como batizou a trip deste ano, restou uma estranha sensação de silêncio, um vazio “difícil de explicar”. A cicloviagem vai virar livro ainda neste 2020, pela Editora Catarse, se o Corona deixar, e documentário, com edição de Gelson Pereira e trilha de Killy Freitas. Por meio dos excertos de seu caderno de notas, Soster conta ao Matinal um pouco como tudo se deu. Cambará do Sul, 15 de janeiro de 2020, 18h26 – Dia 1 (104 km) O Strava indica que pedalei, hoje, 114 km em 7h23, acumulando, no percurso, 1.599 metros de elevação. Tirando a subida categoria from hell logo na chegada da cidade, foi um pedal até bem tranquilo. Pela manhã, ainda em Canela, no Hotel do Sesc, onde passei a noite, montei a bike, tomei um café reforçado e peguei a estrada em direção a São Francisco de Paula, 36 km adiante. Caminho confirmado, sem maiores atrativos e um primeiro erro: não acreditei na palavra de um vendedor de batatas com cara de poucos amigos e me toquei pela RS 020 em direção a Taquara, quando deveria ter seguido no sentido oposto, como ele sugeriu. O vacilo me custou apenas 2 km a mais porque outro vendedor, agora de casas, reiterou, em uma imobiliária, o que o cara da batata dissera: a direção não era aquela.  No acesso a São Francisco, mais adiante, a primeira surpresa legal do dia estava parada à beira da estrada, esperando carona. Era Eduardo Guilhon, o Edu; cicloturista carioca na estrada havia dois meses e cujo destino final era o Uruguai. Seu joelho esquerdo estava incomodando muito, por isso decidira pegar uma carona pra se poupar. Fizemos as promessas de sempre, trocamos impressões sobre a estrada, comi alguma coisa na lanchonete do posto de gasolina em frente e segui em direção à Rota do Sol, que cruzaria antes da reta final até Cambará, onde estou agora.  Estou hospedado na Pousada Pôr-do-Sol, Centro de Cambará. Quem me recebeu foi Bruno Feron, um rapaz de seus 20 e poucos anos, gente boa pra caramba. Deixou-me guardar a bicicleta no quarto e me deu dicas legais sobre onde jantar, o que fiz há pouco. Planejo dois days off aqui – um para visitar o Itaimbezinho, amanhã cedo; outro para o Fortaleza. Vamos ver o que acontece. Cambará do Sul, 16 de janeiro de 2020, 17h57 – Dia 2  (48,96 km) O dia amanheceu garoando e com neblina. […]

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