Em torno do funeral de Vladmir Komarov (mais de 50 anos depois)
1. Em 1967, o cosmonauta soviético Vladimir Mikailovich Komarov protagonizou o primeiro acidente que matou uma pessoa em decorrência de um voo espacial. A imagem que encontrei neste banco de imagens ilustra o momento fúnebre em que os restos mortais de Komarov estão sendo apresentados às autoridades soviéticas como prova de que seria inadequado fazer um funeral com o caixão aberto. Fazia parte da missão da Soyuz-1 o encontro de duas naves em órbita para realizarem uma troca de tripulação, via caminhada espacial, e retornarem juntos à Terra. Tão logo o cosmonauta entrou em órbita, inúmeros problemas técnicos começaram a se apresentar e decidiu-se por suspender a missão. Após a reentrada bem-sucedida, uma falha em um sensor de pressão impediu o acionamento do paraquedas e a nave se espatifou no solo a 144 km/h, matando o cosmonauta na explosão do impacto, perto da cidade de Orenburg, na URSS. O corpo de Komarov foi consumido pela explosão da queda, e de dentro dos destroços fumegantes foi recuperado um amontoado reduzido de forma irregular que se imaginou ser parte de seu corpo, descrito por Nikolai Kamanin, tenente-general da Força Aérea, que o encontrou, como “um caroço preto disforme”. O acidente que matou Komarov aconteceu efetivamente devido a um problema menor dos inúmeros superados em órbita, o que não diminuiu a dimensão da catástrofe. O acidente responde à tecnologia empregada e não à simplicidade ou complexidade da falha. “Cada tecnologia produz, provoca, programa um acidente específico”, lembraria o filósofo Paul Virilio. “A invenção do barco foi a invenção dos naufrágios.”
[Continua...]