Oito artistas do RS expõem na Bienal do Mercosul
Após uma edição virtual por conta da pandemia de covid-19, a Bienal do Mercosul está de volta em museus, vias públicas e espaços culturais de Porto Alegre. Entre 15 de setembro – data da solenidade de abertura – e 20 de novembro, a 13ª edição da mostra de arte contemporânea se propõe a refletir sobre o tema Trauma, Sonho e Fuga.
O evento deste ano conta com cerca de cem artistas, de mais de 20 países. Além de obras no Museu de Arte do Rio Grande do Sul – MARGS, Memorial do Rio Grande do Sul, Farol Santander, Armazém A6 do Cais do Porto, Casa de Cultura Mario Quintana, Fundação Iberê, Instituto Ling, Casa da OSPA e Instituto Caldeira, esta edição terá um percurso de arte urbana na região central da cidade.
Assinada pelo curador-geral Marcello Dantas, a Bienal tem Carollina Lauriano, Laura Cattani, Munir Klamt e Tarsila Riso como curadores adjuntos e curadoria pedagógica de Germana Konrath. Com acesso gratuito, as exposições pretendem proporcionar ensaios de imersão por meio dos sentidos e da percepção dos visitantes.
Esta edição reconhece nos traumas – individuais ou coletivos – o maior combustível da arte de todos os tempos e entende os sonhos como um estratagema para a fuga. Assim, a vivência traumática coletiva, como é o caso da pandemia, impulsiona a criação artística para um novo território. O impacto no imaginário comum, por meio da ativação do onírico, dos sonhos e dos delírios, abre portas para o escape de uma condição imposta a todos nós, conforme a proposta curatorial.
Confira a programação completa do evento aqui.
Transe: um desafio sensorial e tecnológico no Instituto Caldeira
A exposição Transe reúne instalações que exploram e investigam novas tecnologias, linguagens e materiais, assim como revisam saberes e técnicas tradicionais comuns com o mercado padrão da arte. Com o objetivo de oferecer uma vivência em arte e novas tecnologias, o Instituto Caldeira recebe obras de 18 artistas e coletivos, com nomes de Brasil, Argentina, Uruguai, Peru, Bolívia e Estados Unidos.
Para Dantas, “além da alta qualidade das propostas apresentadas, a surpresa foi encontrar também pesquisas que relacionam arte, biologia e elementos orgânicos que se mostraram consistentes e bastante inovadoras”.
Confira oito artistas do RS que expõem pela primeira vez na Bienal do Mercosul
Bruno Borne com a obra Gravitas (Instituto Caldeira)
Artista e arquiteto porto-alegrense, Bruno Borne desenvolve trabalhos com equipamentos tecnológicos: computadores, softwares e eletrônicos. Suas videoinstalações utilizam projeções, sons e animações em computação gráfica.
Seu processo criativo é baseado em uma estratégia sensorial, em que o entorno da instalação espelha-se no objeto, transformando a obra em algo reflexivo, utilizando simulações em computação gráfica, além de materiais reflexivos como aço e espelhos instalados no ambiente. Possui obras em diversos acervos artísticos como UFCSPA, MAC/PR, MARGS e MACRS.
Elias Maroso com a obra Criptocromo – A Cor Escondida (Instituto Caldeira)
Doutor em Artes Visuais (PPGAV/UFRGS), Elias Maroso desenvolve pesquisas em artes visuais voltadas a objetos, intervenções espaciais e eletrônica aplicada.
Quando um espaço não deixa o ar de fora circular com o ar de dentro, vem a necessidade de encontrar uma entrada que também é uma saída. Seu trabalho utiliza espaços abertos e fechados, trabalhando a dimensionalidade do local por meio de ensaios gráficos, diagramas elétricos, intervenções de rua, sinalizações para ambientes fechados, abscessos de alvenaria e dispositivos de visualização.
Tulio Pinto com a obra Batimento (Avenida Borges de Medeiros)
Bacharel pelo Instituto de Artes da UFRGS, Tulio Pinto utiliza dicotomias em uma mesma obra: ferro e vidro, rigidez e fragilidade, delicadeza e brutalidade, equilíbrio e quebram força e resistência. Explorando a espacialidade, os trabalhos do artista estão situados entre a escultura e a instalação, resultando em sistemas que desenvolvem as capacidades físicas e visuais da matéria. Sua produção gira em torno do conceito de efemeridade e transformação que circunda a relação entre corpos e o espaço.
Ênio Pinalli (1929 – 1990) com a obra Interior da Mata (Acervo em Movimento – MARGS)
Pinalli foi um artista autodidata de Montenegro que desenvolveu um estilo muito característico de pintura, ficando conhecido no meio artístico como “O Pintor das Matas”.
Optou por uma técnica mais clássica com influências do impressionismo, em uma época em que a arte moderna e abstrata ganhava cada vez mais força. Ganhou uma homenagem póstuma com a fundação da Pinacoteca Pública Municipal Ênio Pinalli, em Montenegro.
Fernando Baril com a obra Pintura I (Acervo em Movimento – MARGS)
Aos 74 anos, Fernando Baril é pós-graduado em pintura e procedimentos pictóricos. Seu nome está no cânone das artes plásticas gaúchas, tendo estudado com Vasco Prado e Xico Stockinger e lecionado no MARGS. Em 1967, ajudou a organizar e também participou da 1ª Feira de Artes Plásticas de Porto Alegre.
Sua obra Jesus-Shiva, que retrata Jesus na cena da crucificação com pernas e braços tal qual Shiva, segurando objetos que representam o consumismo e o capitalismo, integrou a exposição Queermuseu em 2017, no Santander Cultural, interrompida precocemente sob acusações de censura.
Mara Weinreb com a obra Revolução (Acervo em Movimento – MARGS)
Mara é graduada em Psicologia pela PUCRS, mestre em História, Teoria e Crítica da Arte pelo Instituto de Artes e doutora pelo Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais no Instituto de Artes.
Trabalha na área de artes, com ênfase em Fundamentos e Crítica das Artes, desenvolvendo obras e livros que abordam a saúde mental, psicologia e inclusão dentro das artes. Também foi coordenadora do curso de especialização em Arteterapia da Feevale.
Milton Kurtz (1951 – 1996) com a obra Submersos B (Acervo em Movimento – MARGS)
Kurtz foi pintor, desenhista e artista intermídia. Arquiteto formado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, integrou o Grupo KVHR e o Espaço NO.
Inspiradas na pop art, suas obras foram mostradas em cinco exposições individuais e 35 coletivas. Suas obras são coloridas e dinâmicas, retratando rostos, expressões e movimentações entre o corpo humano e os objetos que o circundam.
Yeddo Titze (1935 – 2016) com a obra Alvorada (Acervo em Movimento – MARGS)
Referência no Rio Grande do Sul pela introdução da tapeçaria como disciplina curricular nos cursos de Artes, Yeddo Titze estudou no Instituto de Belas Artes da UFRGS e fez parte do Grupo Triângulo, de tendência modernista. Premiado com uma bolsa de estudos na França, estudou pintura em Paris com André Lhote e Marcel Gromaire e tapeçaria na famosa manufatura de Aubusson.
Foi um pioneiro na introdução da tapeçaria e estamparia artística na cidade de Santa Maria, onde lecionava da UFSM. Realizou diversas exposições, e em 2011 recebeu o Prêmio Especial do Júri no Troféu Açorianos.