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Oito artistas do RS expõem na Bienal do Mercosul

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Oito artistas do RS expõem na Bienal do Mercosul Fernando Baril. Foto: Gilberto Perin/Divulgação

Após uma edição virtual por conta da pandemia de covid-19, a Bienal do Mercosul está de volta em museus, vias públicas e espaços culturais de Porto Alegre. Entre 15 de setembro – data da solenidade de abertura – e 20 de novembro, a 13ª edição da mostra de arte contemporânea se propõe a refletir sobre o tema Trauma, Sonho e Fuga.

O evento deste ano conta com cerca de cem artistas, de mais de 20 países. Além de obras no Museu de Arte do Rio Grande do Sul – MARGS, Memorial do Rio Grande do Sul, Farol Santander, Armazém A6 do Cais do Porto, Casa de Cultura Mario Quintana, Fundação Iberê, Instituto Ling, Casa da OSPA e Instituto Caldeira, esta edição terá um percurso de arte urbana na região central da cidade.

Assinada pelo curador-geral Marcello Dantas, a Bienal tem Carollina Lauriano, Laura Cattani, Munir Klamt e Tarsila Riso como curadores adjuntos e curadoria pedagógica de Germana Konrath. Com acesso gratuito, as exposições pretendem proporcionar ensaios de imersão por meio dos sentidos e da percepção dos visitantes.

Esta edição reconhece nos traumas – individuais ou coletivos – o maior combustível da arte de todos os tempos e entende os sonhos como um estratagema para a fuga. Assim, a vivência traumática coletiva, como é o caso da pandemia, impulsiona a criação artística para um novo território. O impacto no imaginário comum, por meio da ativação do onírico, dos sonhos e dos delírios, abre portas para o escape de uma condição imposta a todos nós, conforme a proposta curatorial.

Confira a programação completa do evento aqui.

Transe: um desafio sensorial e tecnológico no Instituto Caldeira

A exposição Transe reúne instalações que exploram e investigam novas tecnologias, linguagens e materiais, assim como revisam saberes e técnicas tradicionais comuns com o mercado padrão da arte. Com o objetivo de oferecer uma vivência em arte e novas tecnologias, o Instituto Caldeira recebe obras de 18 artistas e coletivos, com nomes de Brasil, Argentina, Uruguai, Peru, Bolívia e Estados Unidos.

Para Dantas, “além da alta qualidade das propostas apresentadas, a surpresa foi encontrar também pesquisas que relacionam arte, biologia e elementos orgânicos que se mostraram consistentes e bastante inovadoras”.

Confira oito artistas do RS que expõem pela primeira vez na Bienal do Mercosul

Bruno Borne com a obra Gravitas (Instituto Caldeira)
Artista e arquiteto porto-alegrense, Bruno Borne desenvolve trabalhos com equipamentos tecnológicos: computadores, softwares e eletrônicos. Suas videoinstalações utilizam projeções, sons e animações em computação gráfica.

Bruno Borne. Foto: Bienal do Mercosul/Divulgação

Seu processo criativo é baseado em uma estratégia sensorial, em que o entorno da instalação espelha-se no objeto, transformando a obra em algo reflexivo, utilizando simulações em computação gráfica, além de materiais reflexivos como aço e espelhos instalados no ambiente. Possui obras em diversos acervos artísticos como UFCSPA, MAC/PR, MARGS e MACRS.

Elias Maroso com a obra Criptocromo – A Cor Escondida (Instituto Caldeira)
Doutor em Artes Visuais (PPGAV/UFRGS), Elias Maroso desenvolve pesquisas em artes visuais voltadas a objetos, intervenções espaciais e eletrônica aplicada.

Elias Maroso. Foto: Bienal do Mercosul/Divulgação

Quando um espaço não deixa o ar de fora circular com o ar de dentro, vem a necessidade de encontrar uma entrada que também é uma saída. Seu trabalho utiliza espaços abertos e fechados, trabalhando a dimensionalidade do local por meio de ensaios gráficos, diagramas elétricos, intervenções de rua, sinalizações para ambientes fechados, abscessos de alvenaria e dispositivos de visualização.

Tulio Pinto com a obra Batimento (Avenida Borges de Medeiros)
Bacharel pelo Instituto de Artes da UFRGS, Tulio Pinto utiliza dicotomias em uma mesma obra: ferro e vidro, rigidez e fragilidade, delicadeza e brutalidade, equilíbrio e quebram força e resistência. Explorando a espacialidade, os trabalhos do artista estão situados entre a escultura e a instalação, resultando em sistemas que desenvolvem as capacidades físicas e visuais da matéria. Sua produção gira em torno do conceito de efemeridade e transformação que circunda a relação entre corpos e o espaço.

Tulio Pinto. Foto: Bienal do Mercosul/Divulgação

Ênio Pinalli (1929 – 1990) com a obra Interior da Mata (Acervo em Movimento – MARGS)
Pinalli foi um artista autodidata de Montenegro que desenvolveu um estilo muito característico de pintura, ficando conhecido no meio artístico como “O Pintor das Matas”.

Ênio Pinalli. Foto: Bienal do Mercosul/Divulgação

Optou por uma técnica mais clássica com influências do impressionismo, em uma época em que a arte moderna e abstrata ganhava cada vez mais força. Ganhou uma homenagem póstuma com a fundação da Pinacoteca Pública Municipal Ênio Pinalli, em Montenegro.

“Interior da Mata”, de Ênio Pinalli. Foto: Bienal do Mercosul/Divulgação

Fernando Baril com a obra Pintura I (Acervo em Movimento – MARGS)
Aos 74 anos, Fernando Baril é pós-graduado em pintura e procedimentos pictóricos. Seu nome está no cânone das artes plásticas gaúchas, tendo estudado com Vasco Prado e Xico Stockinger e lecionado no MARGS. Em 1967, ajudou a organizar e também participou da 1ª Feira de Artes Plásticas de Porto Alegre.

“Pintura I”, de Fernando Baril. Foto: Bienal do Mercosul/Divulgação

Sua obra Jesus-Shiva, que retrata Jesus na cena da crucificação com pernas e braços tal qual Shiva, segurando objetos que representam o consumismo e o capitalismo, integrou a exposição Queermuseu em 2017, no Santander Cultural, interrompida precocemente sob acusações de censura.

Mara Weinreb com a obra Revolução (Acervo em Movimento – MARGS)

Mara é graduada em Psicologia pela PUCRS, mestre em História, Teoria e Crítica da Arte pelo Instituto de Artes e doutora pelo Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais no Instituto de Artes.

Mara Weinreb. Foto: Bienal do Mercosul/Divulgação

Trabalha na área de artes, com ênfase em Fundamentos e Crítica das Artes, desenvolvendo obras e livros que abordam a saúde mental, psicologia e inclusão dentro das artes. Também foi coordenadora do curso de especialização em Arteterapia da Feevale.

“Revolução”, de Mara Weinreb. Foto: Bienal do Mercosul/Divulgação

Milton Kurtz (1951 – 1996) com a obra Submersos B (Acervo em Movimento – MARGS)
Kurtz foi pintor, desenhista e artista intermídia. Arquiteto formado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, integrou o Grupo KVHR e o Espaço NO.

Milton Kurtz. Foto: Bienal do Mercosul/Divulgação

Inspiradas na pop art, suas obras foram mostradas em cinco exposições individuais e 35 coletivas. Suas obras são coloridas e dinâmicas, retratando rostos, expressões e movimentações entre o corpo humano e os objetos que o circundam.

“Submersos B”, de Milton Kurtz. Foto: Bienal do Mercosul/Divulgação

Yeddo Titze (1935 2016) com a obra Alvorada (Acervo em Movimento – MARGS)

Referência no Rio Grande do Sul pela introdução da tapeçaria como disciplina curricular nos cursos de Artes, Yeddo Titze estudou no Instituto de Belas Artes da UFRGS e fez parte do Grupo Triângulo, de tendência modernista. Premiado com uma bolsa de estudos na França, estudou pintura em Paris com André Lhote e Marcel Gromaire e tapeçaria na famosa manufatura de Aubusson.

Yeddo Titze. Foto: Bienal do Mercosul/Divulgação

Foi um pioneiro na introdução da tapeçaria e estamparia artística na cidade de Santa Maria, onde lecionava da UFSM. Realizou diversas exposições, e em 2011 recebeu o Prêmio Especial do Júri no Troféu Açorianos.

“Alvorada”, de Yeddo Titze. Foto: Bienal do Mercosul/Divulgação
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