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“A Primeira Profecia” evoca clássicos do horror corporal

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“A Primeira Profecia” evoca clássicos do horror corporal Disney/Divulgação

Prólogo do clássico do terror A Profecia (1976), o filme A Primeira Profecia (2024) busca evocar o clima das produções do gênero dos anos 1970 para contar a origem do retorno do anticristo no cinema. O longa dirigido por Arkasha Stevenson destaca no elenco a presença da atriz brasileira Sônia Braga interpretando a austera e sombria abadessa de orfanato de meninas romano.

Em A Primeira Profecia, a noviça estadunidense Margaret (Nell Tiger Free) chega na Roma de 1971 para iniciar sua vida de serviço à igreja. Protegida do cardeal Lawrence (Bill Nighy), a jovem é conduzida ao orfanato administrado pela irmã Silva (Braga). Dividindo um apartamento na capital italiana com a igualmente noviça Luz (Maria Caballero), Margaret aproxima-se da interna Carlita (Nicole Sorace), menina com distúrbios emocionais e comportamentais que vive distanciada das outras crianças do orfanato.

Uma série de acontecimentos estranhos e sinistros vão aos poucos despertando na noviça estrangeira a desconfiança de que uma diabólica conspiração vem sendo gestada no coração da religião católica, envolvendo alguns de suas mais proeminentes e insuspeitas figuras – uma suspeita que se torna mais concreta depois que o padre Brennan (Ralph Ineson) procura Margaret para alertá-la do perigo que ela corre.

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Rodado em belas locações características de Roma, A Primeira Profecia destaca-se pela cuidadosa fotografia que destaca tanto a intensidade solar quanto as sombras e luzes noturnas da Cidade Eterna. Já a direção de arte do filme é decisiva para recriar com detalhes os cenários e figurinos de época, contribuindo ainda para realçar os contrastes explorados pelo roteiro entre a rigidez da religião e os protestos dos estudantes e trabalhadores italianos, a fé e o mundanismo, a tradição e a modernidade.

Jovem atriz que encarnou a princesa Myrcella Baratheon na série Game of Thrones, a bela inglesa Nell Tiger Free impressiona no papel da protagonista de A Primeira Profecia, expressando no rosto de sua personagem uma cambiante gama de impressões e reações que vão da inocência à fúria – passando por medo, dor e sensualidade. A diva Sônia Braga, no entanto, não fica atrás da estrela central em termos de brilho em cena: mesmo em um papel coadjuvante, a veterana brasileira consegue fazer de sua irmã Silva uma antagonista amedrontadora da heroína.

Disney/Divulgação

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Se por um lado a história não tem a consistência e o impacto inaugural que a produção de 1976 dirigida por Richard Donner e estrelada por Gregory Peck e Lee Remick despertou no público na época, A Primeira Profecia é bem sucedido em emular não apenas a ambientação e o ritmo narrativo do filme que apresentou ao mundo o filho do demo Damien e a história inspirada no romance do escritor David Seltzer, mas também em basear-se em clássicos como O Bebê de Rosemary (1968), de Roman Polanski, e Possessão (1981), de Andrzej Zulawski, a fim de criar impactar o público com cenas graficamente explícitas de body horror (horror corporal).

Disney/Divulgação

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A Primeira Profecia: * * * *

COTAÇÕES

* * * * * ótimo     * * * * muito bom     * * * bom     * * regular     * ruim

Assista ao trailer de A Primeira Profecia:

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