Artigos | Cinema

Árabes e israelenses ensaiam o convívio em “Uma Noite em Haifa”

Change Size Text
Árabes e israelenses ensaiam o convívio em “Uma Noite em Haifa” Synapse Distribution/Divulgação

Os sonhos e frustrações, afinidades e contradições entre árabes e israelenses convivendo juntos formam o panorama humano pintado em Uma Noite em Haifa (2020). Concorrente ao Leão de Ouro no Festival de Veneza, o mais recente filme do cineasta israelense Amos Gitai entrelaça as histórias de diversos personagens que se cruzam em um clube na cidade portuária de Haifa.

Realizador de títulos como Laços Sagrados (1999), O Dia do Perdão (2000) e Kedma (2002), Gitai volta a filmar em sua cidade natal para falar dos dilemas existenciais, identitários e políticos que separam – mas curiosamente também unem – palestinos e israelenses. Uma Noite em Haifa apresenta um instantâneo da vida contemporânea em uma boate real chamada Fattoush, um raro espaço na cidade em que palestinos e israelenses podem ficar juntos e que aceita gays e transexuais.

Synapse Distribution/Divulgação

Ao visitar o local pela primeira vez, o diretor se sentiu inspirado a contar uma história sobre esse lado pouco retratado no cinema do cotidiano em Haifa – cidade singular em Israel, que não enfrenta conflitos religiosos tão dramáticos quanto Jerusalém, nem tem uma vida noturna tão ativa quanto Tel Aviv. “É uma forma de fazer do próprio filme e do processo criativo um ponto de encontro, um momento de diálogo, numa região que também sofre de violência e ódio crônicos”, diz Gitai.

Com um elenco composto por atores israelenses e palestinos, o cineasta explora a diversidade em um local em que as pessoas vão para expressar suas identidades. Em meio a encontros e desencontros de personagens nessa noite em que o fotógrafo israelense Gil (Tsahi Halevi) está inaugurando uma exposição com imagens do conflito na região, destacam-se as figuras de cinco mulheres.

Synapse Distribution/Divulgação

Segundo Gitai, o protagonismo feminino no filme não casual: “O Oriente Médio é dominado por homens que frequentemente encorajam a guerra e o conflito. Desde os meus primeiros filmes, há 35 anos, optei por privilegiar papéis femininos. Colocá-las no centro desses filmes é, por si só, uma questão que se coloca sobre a organização das nossas sociedades”.

O elenco de Uma Noite em Haifa inclui as atrizes Maria Zreik, do curta-metragem Ave Maria (2015), indicado ao Oscar da categoria, e Hana Laslo – vencedora do prêmio de melhor atriz no Festival de Cannes por Free Zone (2005), longa também dirigido por Amos Gitai. Já o roteiro tem a assinatura de Marie-Jose Sanselme, parceira de longa data do diretor, com quem colaborou antes em filmes como Alila (2003), Terra Prometida (2004), Ana Arabia (2013) e Um Trem em Jerusalém (2018).

Synapse Distribution/Divulgação

Uma Noite em Haifa: * * * *

COTAÇÕES

* * * * * ótimo     * * * * muito bom     * * * bom     * * regular     * ruim

Assista ao trailer de Uma Noite em Haifa:

RELACIONADAS
PUBLICIDADE

Esqueceu sua senha?