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“Blue Jean” confronta a homofobia na Era Thatcher

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“Blue Jean” confronta a homofobia na Era Thatcher Synapse Distribution/Divulgação

Escrito e dirigido pela estreante Georgia Oakley, Blue Jean (2022) entra em cartaz nos cinemas brasileiros nesta quinta-feira (27/7). Vencedor do prêmio de voto popular no Festival de Veneza do ano passado, o filme protagonizado pela atriz Rosy McEwen é ambientado em 1988 no Reino Unido, quando o governo da primeira-ministra conservadora Margaret Thatcher estava em plena campanha para impor sanções contra a população LGBTQIAPN+.

A trama de Blue Jean é centrada em Jean (Rosy McEwen), uma professora de educação física de ensino médio lésbica que tem de levar uma vida dupla, já que o governo britânico e a sociedade em geral são hostis à comunidade gay. Quando uma nova aluna chega a sua turma desafiando as normas, Jean se confronta com a possibilidade de ter sua sexualidade publicamente exposta.

Synapse Distribution/Divulgação

Conhecida pela série televisiva O Alienista, McEwen levou o prêmio de melhor atriz no British Independent Film Award por seu sensível desempenho em Blue Jean. “Minha motivação para contar a história de Jean vem de uma compreensão pessoal de homofobia, bem como um desejo de dar voz aos professores esquecidos que lutaram contra o estigma e a difamação. Eu queria mostrar que alguém como Jean podia querer se envolver nesse lado das coisas, mas, por causa do público que enfrenta em seu trabalho, ela não foi capaz”, comenta a diretora e roteirista Georgia Oakley sobre a ideia original da produção.

Para a cineasta inglesa, tão importante quanto situar o contexto político da época no filme é mostrar que as pessoas LGBTQIAPN+ resistiram mesmo perante os ataques de Margaret Thatcher: as lésbicas eram consideradas subversivas e problemáticas. Pensando nesses e em outros obstáculos de um relacionamento amoroso, Georgia detalha a criação da personagem Viv, namorada de Jean, interpretada por Kerrie Hayes: “Senti que seria interessante mostrar um relacionamento lésbico que estava em plena evolução, mas que acabou sendo prejudicado por algumas circunstâncias. Vemos muitos romances entre garotas, mas eu não sinto que você realmente vê o outro lado: o de um relacionamento funcional. Há uma camada extra de silêncio em torno das lésbicas”.

Synapse Distribution/Divulgação

Rosy McEwen destaca como o roteiro expõe tanta coisa sobre sobre sua personagem com poucas palavras: “Isso é sempre o que me entusiasma como atriz: quando você tem que retratar uma coisa, mas o que está acontecendo por baixo é algo diferente. Isso é provavelmente algo que todos sentimos na vida, principalmente nós como mulheres. Jean tem isso, mas de uma forma mais extrema: seu trabalho está em risco, seus relacionamentos familiares estão em risco, seu relacionamento romântico está em risco. Tudo o que ela construiu em sua vida depende do fato de que ela tem que atuar de forma diferente em cada situação social. E isso é desgastante”.

Merece destaque também em Blue Jean as atuações das jovens Lydia Page e Lucy Halliday – que faz sua estreia como atriz em seu primeiro papel no cinema. Indicadas ao prêmio de coadjuvantes no British Independent Film Awards, as atrizes expressam com paixão e veracidade a conturbada ebulição de sentimentos e desejos típica da adolescência.

Synapse Distribution/Divulgação

Blue Jean: * * * *

COTAÇÕES

* * * * * ótimo     * * * * muito bom     * * * bom     * * regular     * ruim

Assista ao trailer de Blue Jean:

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