
Autor de capas de disco icônicas como a do clássico Clube da Esquina, de 1972, Carlos da Silva Assunção Filho (1950 – 2019) está no centro do documentário Cafi (2022). O dirigido por Lírio Ferreira e Natara Ney acompanha o fotógrafo e artista plástico pernambucano em seus reencontros com amigos artistas em Olinda/Recife, Rio de Janeiro e Belo Horizonte.
Nascido em Recife e criado no Rio de Janeiro, Carlos Filho, o Cafi, registrou em sua câmera fotográfica mais de 300 capas de álbuns, como a do “disco do tênis”, como ficou popularmente conhecido o primeiro LP solo do músico Lô Borges. Nos encontros com os amigos Alceu Valença, Jards Macalé, Ronaldo Bastos, Deborah Colker, Miguel Rio Branco, Zé Celso Martinez Corrêa e Mestre Anderson Miguel, o artista rememora seu trabalho e as tantas capas de discos.

Somente para Milton Nascimento foram 18 capas. “Com 31 centímetros por 31 centímetros, a capa de disco sempre foi um espaço generoso para a criação. Você vende sensibilidade”, explica o fotógrafo no filme. Durante mais de 40 anos, o recifense Cafi também se dedicou a registrar grande parte dos acontecimentos da dança, do teatro e da música popular brasileira. Gravações, shows, turnês e ensaios de importantes artistas estiveram no foco de suas lentes.
Espécie de road movie documental, Cafi capta com uma bela fotografia em preto e branco assinada por Beto Martins as perambulações do protagonista e as lembranças de sua trajetória pessoal e profissional – que passam por movimentos contraculturais como o tropicalismo, os registros dos maracatus rurais e de povos originários, as parcerias com personalidades marcantes da arte brasileira, os retratos de gente simples do campo e das metrópoles. O filme acaba por lançar luz sobre um artista eclético e de incansável curiosidade, capaz de traduzir em imagens sensíveis e inspiradas a vibração do ambiente cultural ao seu redor, com seus personagens e paisagens.

Cafi: * * *
COTAÇÕES
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