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Festival de Cinema Italiano exibe 32 filmes

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Festival de Cinema Italiano exibe 32 filmes "Obrigado, Rapazes". Foto: Festival de Cinema Italiano no Brasil 2023/Divulgação

Até o dia 9 de dezembro, o Festival de Cinema Italiano no Brasil 2023 exibe nos cinemas brasileiros um bom apanhado da produção cinematográfica contemporânea da Itália, além de relembrar títulos antológicos dessa cinematografia. No Rio Grande do Sul, a mostra tem sessões em Porto Alegre, Antônio Prado, Caxias do Sul, Erechim, Farroupilha, Flores da Cunha, Passo Fundo e Santa Maria.

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A seleção de 32 filmes inclui 16 longas inéditos, alguns deles recém-lançados na Itália – como é o caso de Ainda Temos o Amanhã (2023), drama de Paola Cortellesi que abriu o Festival de Cinema de Roma deste ano e estreou liderando a bilheteria de seu país. A programação inclui ainda 16 clássicos na retrospectiva A Comédia à Italiana, que pode ser vista gratuitamente em todo o Brasil pelo streaming disponível no site do festival, além das exibições presenciais em diversas cidades nas cinco regiões do país.

Entre os 16 lançamentos do festival um dos destaques é a cinebiografia A Sombra de Caravaggio (2022), de Michele Placido. No drama de época, Riccardo Scamarcio dá vida ao rebelde, controverso e genial pintor Michelangelo Merisi (1571 – 1610), conhecido como Caravaggio. Entre idas e vindas no tempo, a trama se concentra no ano de 1609, quando o artista aguarda o perdão papal para escapar de uma sentença de morte, encontrando refúgio na família Colonna. O elenco conta com astros como os atores franceses Isabelle Huppert e Louis Garrel, além do próprio ator e diretor italiano Michele Placido e seu filho Brenno Placido.

“A Sombra de Caravaggio”. Foto: Festival de Cinema Italiano no Brasil 2023/Divulgação

A seleção desta edição apresenta cinco produções que foram pré-selecionadas pela Itália na sua escolha pelo candidato a representar o país na disputa do Oscar de Melhor Filme Internacional em 2024. Um desses títulos é o citado Ainda Temos o Amanhã, estreia da atriz Paola Cortellesi na direção – um drama que ela estrela ao lado de Valerio Mastandrea, sobre uma mulher que passa a questionar seu papel na Roma pós-II Guerra.

Outro filme com direção feminina é A Terra das Mulheres (2023), de Marisa Vallone, estrelado por Paola Sini. A história se passa na Sardenha rural durante a II Guerra, onde a sétima filha de uma mulher, considerada uma bruxa pela tradição popular, enfrenta o desafio de ser diferente e tem sua vida transformada quando a maternidade entra em sua trajetória.

“A Última Noite de Amore”. Foto: Festival de Cinema Italiano no Brasil 2023/Divulgação

Entre os pré-selecionados ao Oscar que chegam aqui, está também o ótimo thriller A Última Noite de Amore (2023), em que o ator Andrea Di Stefano volta a se aventurar atrás das câmeras para acompanhar os passos de Franco Amore (Pierfrancesco Favino), um tenente da polícia que, na última noite antes de se aposentar, investiga uma cena do crime onde o seu parceiro de longa data, Dino (Francesco Di Leva), foi assassinado durante um roubo de diamantes. Já Obrigado, Rapazes (2023) é uma comédia de Riccardo Milani na qual Antonio Albanese interpreta um ator desempregado que aceita o trabalho de ensinar teatro em uma prisão e, empolgado com o talento dos detentos, decide encenar com eles a famosa peça Esperando Godot, de Samuel Beckett.

Além dos palcos, as telas são o destaque de O Retorno de Casanova (2023), drama de Gabriele Salvatores em que Toni Servillo vive um aclamado diretor de cinema em sua última obra e escolhe contar a história de Casanova, de Arthur Schnitzler – um personagem impressionantemente parecido com ele próprio. Servillo também está presente no elenco de O Primeiro Dia da Minha Vida (2023), de Paolo Genovese, uma das várias comédias presentes na seleção do festival.

“O Retorno de Casanova”. Foto: Festival de Cinema Italiano no Brasil 2023/Divulgação

O cinema de humor, aliás, é um dos gêneros tradicionalmente mais bem explorados pelos filmes italianos – e a retrospectiva do festival contempla alguns títulos antológicos do estilo. Entre as 16 comédias selecionadas pelo festival está o clássico A Trapaça (1955), do mestre Federico Fellini, que mesclou a comicidade com outros gêneros na história de um trio de vigaristas cujo líder muda sua atitude ao perceber que sua filha precisa de ajuda.

O evento também recupera pares de obras de outros grandes nomes do cinema italiano como o roteirista e diretor Mario Monicelli, com Brancaleone nas Cruzadas (1970) e Parente É Serpente (1992); a cineasta Lina Wertmüller, vencedora de um Oscar honorário, com o clássico Mimi, o Metalúrgico (1972) e Por um Destino Insólito (1974); e o diretor Luciano Salce – que chegou a trabalhar alguns anos na Vera Cruz, no Brasil –, com Pato com Laranja (1975) e Arturo De Fanti Bancário e Precário (1980).

“Mimi, o Metalúrgico”. Foto: Festival de Cinema Italiano no Brasil 2023/Divulgação

Um dos pais da comédia italiana, Dino Risi está presente com um trabalho solo, Pobres mas… Belas (1957), e Esses Nossos Maridos (1966), longa codirigido com Luigi Filippo D’Amico e Luigi Zampa.

O festival ainda traz mais títulos clássicos de várias décadas e origens italianas. Representando a Sardenha, Nanni Loy está na seleção com Golpe dos Eternos Desconhecidos (1959), enquanto Alberto Lattuada, nascido na região da Lombardia, é lembrado por Venha Tomar Café Conosco (1970). Luigi Comencini, da província de Bréscia, se faz presente com O Gato (1977); Pasquale Festa Campanile, da região da Basilicata, com Rugantino, o Conquistador (1973); e Giuseppe Bertolucci, da cidade de Parma – assim como seu famoso irmão Bernardo Bertolucci –, com Berlinguer, I Love You (1977).

Completando a seleção de comediógrafos, estão os romanos Steno e Elio Petri, com Amor à Italiana (1966) e A Propriedade Não É Mais um Roubo (1973), respectivamente.

“A Trapaça”. Foto: Festival de Cinema Italiano no Brasil 2023/Divulgação

Confira alguns filmes do Festival de Cinema Italiano no Brasil 2023:

A Sombra de Caravaggio (L’Ombra di Caravaggio, 2022) * * * *

Direção: Michele Placido

O rebelde e inquieto Caravaggio (Riccardo Scamarcio) é retratado como uma verdadeira estrela do seu tempo em sua genialidade artística e vida transgressora. Tendo como ponto de partida a espera do perdão papal que pode livrar o artista de uma sentença de morte, o filme recupera passagens marcantes da trajetória do pintor que revolucionou a história da arte e consagrou-se como um mestre da técnica do chiaroscuro em suas representações de cenas bíblicas e mitológicas.

Um dos nomes de maior projeção internacional do cinema italiano contemporâneo – presente em filmes como O Primeiro que Disse (2010), Pegando Fogo (2015) e Tre Piani (2021) –, Scamarcio brilha em A Sombra de Caravaggio, produção que se destaca ainda pela exuberante reconstituição de época e utilização de locações autênticas deslumbrantes.

Obrigado, Rapazes (Grazie Ragazzi, 2023) * * *

Direção: Riccardo Milani

Antonio (Antonio Albanese), um ator desempregado, aceita ensinar teatro em uma prisão. Ao descobrir o talento dos detentos, decide encenar Esperando Godot, clássico do teatro do absurdo escrito pelo dramaturgo Samuel Beckett. Conforme os detentos se envolvem nos ensaios, descobrem o poder transformador da arte e encontram esperança além dos muros da prisão.

Um dos títulos pré-selecionados pela Itália na sua escolha pelo candidato a representar o país na disputa do Oscar de Melhor Filme Internacional em 2024, Obrigado, Rapazes é uma versão italiana da comédia dramática francesa A Noite do Triunfo (2020), de Emmanuel Courcol – filme por sua vez inspirado em eventos reais acontecidos em 1985 em uma prisão sueca.

Ainda Temos o Amanhã (C’È Ancora Domani, 2023) * * *

Direção: Paola Cortellesi

Na Roma do pós-guerra em 1946, Delia (Paola Cortellesi) vive dividida entre o otimismo da libertação e as misérias ao lado do marido Ivano (Valerio Mastandrea), um homem estúpido e violento, dos três filhos. A família se prepara para o noivado da filha mais velha, Marcella (Romana Maggiora Vergano), que vê no casamento uma saída para uma vida melhor. No entanto, a chegada de uma carta misteriosa dá a Delia a coragem para questionar seu destino e de sua família – e, talvez, encontrar sua própria liberdade.

A fotografia em preto e branco e a caracterização de Delia como uma das várias mulheres sofredoras e batalhadoras encarnadas pela atriz Anna Magnani lembram a estética do cinema neorrealista. Mas a produção bem cuidada e a inserção de números musicais anacrônicos imprimem uma abordagem mais moderna ao melodrama Ainda Temos o Amanhã.

A Última Vez que Fomos Crianças (L’Ultima Volta che Siamo Stati Bambini, 2023) * *

Direção: Claudio Bisio

Quatro crianças – Italo, filho de um líder fascista, Riccardo, de uma família judia, Cosimo, filho de um subversivo preso pelo governo, e Vanda, órfã que vive em um convento – formam uma amizade inseparável em meio à guerra na Roma de 1943. Quando Riccardo é capturado pelos nazistas, seus amigos embarcam em uma missão arriscada para resgatá-lo, viajando por uma Itália devastada. Paralelamente, dois adultos, Agnese, jovem freira que cuida de Vanda, e Vittorio, irmão de Italo e oficial do exército fascista, partem em busca das crianças, enfrentando desafios e diferenças pessoais.

A Última Noite de Amore (L’Ultima Notte di Amore, 2023) * * * *

Direção: Andrea Di Stefano

Em seu último dia de trabalho antes da aposentadoria como policial em Milão, Franco Amore (Pierfrancesco Favino) aceita fazer uma escolta particular a um casal de chineses suspeitos que termina em tragédia quando seu parceiro Dino (Francesco Di Leva) é morto em uma troca de tiros. Ao lado da esposa Viviana (Linda Caridi), Amore terá que confrontar-se nessa noite fatídica com amigos traidores, policiais corruptos e gângsteres chineses a fim salvar a própria pele e ficar com um saco de diamantes.

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