![Japonês “Roda do Destino” investiga o acaso Japonês “Roda do Destino” investiga o acaso](https://www.matinaljornalismo.com.br/wp-content/uploads/bfi_thumb/dummy-transparent-ot8zwe1ak3nhdsp6rv144h9upxur8ftb4n7tcg1j0u.png)
O cinema do japonês Ryûsuke Hamaguchi é o da investigação das relações pessoais, especialmente as amorosas – e aquelas governadas pelo acaso. Ganhador do Grande Prêmio do Júri no Festival de Berlim de 2021, Roda do Destino (2021) é um tríptico protagonizado por personagens femininas. O longa fez sua estreia brasileira na 45ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo e chega aos cinemas nacionais nesta quinta-feira (6/1).
Com forte influência da literatura, Hamaguchi, que também assina o roteiro, apresenta em Roda do Destino três histórias que são interligados pelo tema e a forma. A primeira chama-se Mágica (ou Algo Menos Assegurador) e tem ao centro a modelo Meiko (Kotone Furukawa), que precisa aprender a lidar com seus sentimentos quando sua melhor amiga começa a namorar seu ex-amante.
O segundo curta da coletânea é Porta Bem Aberta. Na trama, a jovem Nao (Katsuki Mori) é induzida por seu colega e amante, o estudante Sasaki (Shouma Kai), a seduzir um professor e escritor (Kiyohiko Shibukawa), a fim de destruir sua reputação. O plano acaba transformando a vida dos três.
Por fim, o último segmento, Outra Vez, traz a história de duas mulheres, Natsuko (Fusako Urabe) e Nana (Aoba Kawai), que se conhecem por acaso em uma estação de trem por conta de um engano. Esse encontro fortuito acaba por propiciar uma inusitada demonstração de sororidade mútua.
![](https://www.matinaljornalismo.com.br/wp-content/uploads/2022/01/wff_1_72021-neopa-fictive.jpg)
Nome em ascensão no cinema contemporâneo, Ryûsuke Hamaguchi causou sensação recentemente no Festival de Cannes ao levar três prêmios com Drive My Car (2021), incluindo melhor roteiro e melhor filme da crítica internacional (FIPRESCI). Além disso, o drama está entre os pré-selecionados ao Oscar de Melhor Filme Internacional deste ano.
Em entrevista à revista Film Comment, Hamaguchi disse que Roda do Destino foi um trabalho feito de maneira completamente independente, cuja produção foi transformada na pandemia: “Eu filmava sempre que dava, um pouco aqui, um pouco ali. Em 2019, rodei as duas primeiras histórias. Em 2020, comecei a rodar outro longa [Drive My Car], que devia estar pronto muito antes do lançamento de Roda do Destino. Mas, com o lockdown, tivemos de parar por oito meses. Com esse atraso, acabei rodando a última parte desse filme”.
Já para a Hollywood Reporter, o realizador japonês explicou que, para ele, na construção de personagens e narrativa, a coisa mais importante é a introdução de elementos contraditórios: “Eu começo tentando criar uma estrutura básica irrealista, e então tento imaginar um diálogo bem realista. O desafio é tornar realista a situação irreal. Para mim, todos os personagens existem como pessoas, independente uns dos outros ou para servir a algum propósito. Enquanto escrevo, descubro como as relações e situações se desdobrarão. Escrever é um processo de descoberta”.
Em relação a Roda do Destino especificamente, Hamaguchi conta que tinha receio de estar escrevendo a mesma história três vezes: “O que há em comum com essas três protagonistas é que todas estão procurando por algo – e esse algo não pode ser facilmente descrito em palavras, nem nas conversas. Tentei explorar essa coisa intangível que todas elas procuram nas relações e interações com os outros personagens”.
![](https://www.matinaljornalismo.com.br/wp-content/uploads/2022/01/wff_2_32021-neopa-_-fictive.jpg)
Roda do Destino: * * * *
COTAÇÕES
* * * * * ótimo * * * * muito bom * * * bom * * regular * ruim
Assista ao trailer de Roda do Destino: